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Guia Completo

Adrenalina e Epinefrina: Seu Guia Definitivo para Uso em Emergências

Por ResumeAi Concursos
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Molécula de adrenalina (epinefrina) em ativação, estrutura química detalhada para uso em emergências.

A adrenalina, ou epinefrina, é mais do que um nome conhecido; é uma ferramenta terapêutica de potência inigualável nas mãos de profissionais de saúde que enfrentam emergências médicas, especialmente em pediatria. Dominar seu uso – desde os fundamentos farmacológicos até as nuances de administração em cenários críticos como anafilaxia, parada cardiorrespiratória ou choque – não é apenas uma habilidade, mas uma responsabilidade. Este guia definitivo foi meticulosamente elaborado para dissecar a complexidade da adrenalina, transformando-a em conhecimento prático e acionável, capacitando você a agir com confiança e precisão quando cada segundo conta para salvar a vida de uma criança.

Entendendo Adrenalina e Epinefrina: Fundamentos e Mecanismo de Ação

Adrenalina e epinefrina são dois nomes para a mesma substância vital: um hormônio e neurotransmissor poderoso produzido principalmente pela medula adrenal. Ambas as nomenclaturas são corretas, sendo "epinefrina" o termo técnico internacional. Como uma das principais catecolaminas – juntamente com a noradrenalina e a dopamina – a adrenalina desempenha um papel crucial na resposta do corpo ao estresse, preparando-nos para a clássica reação de "luta ou fuga".

O Mecanismo de Ação: Uma Dança com Receptores Adrenérgicos

A eficácia da adrenalina reside na sua capacidade de interagir com os receptores adrenérgicos, proteínas na superfície celular classificadas em tipos alfa (α) e beta (β), com subtipos (α1, α2, β1, β2, β3) que medeiam efeitos distintos. A adrenalina estimula potentemente todos esses receptores, explicando sua ampla gama de efeitos.

A farmacologia dos receptores adrenérgicos é chave:

  • Receptores Alfa-1 (α1): Predominantes nos vasos sanguíneos da pele, mucosas e vísceras, sua ativação causa vasoconstrição periférica, resultando em aumento da resistência vascular periférica (RVP), elevação da pressão arterial e redução do edema de mucosas. Em parada cardiorrespiratória (PCR), este efeito é crucial, aumentando a pressão de perfusão coronariana, vital para a ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
  • Receptores Alfa-2 (α2): Modulam a liberação de noradrenalina e podem causar alguma vasoconstrição.
  • Receptores Beta-1 (β1): Concentrados no coração, sua estimulação aumenta a frequência cardíaca (efeito cronotrópico positivo), a força de contração miocárdica (efeito inotrópico positivo) e, consequentemente, o débito cardíaco.
  • Receptores Beta-2 (β2): Encontrados nos músculos lisos dos brônquios, vasos sanguíneos do músculo esquelético e mastócitos/basófilos, sua ativação resulta em broncodilatação, vasodilatação em certos leitos vasculares (embora em doses de emergência, o efeito vasoconstritor α1 geralmente predomine para manter a pressão arterial) e diminuição da liberação de mediadores inflamatórios, crucial na anafilaxia.

Efeitos Fisiológicos Resultantes: Uma Resposta Multifacetada

A interação da adrenalina com esses receptores desencadeia respostas essenciais em emergências:

  1. Sistema Cardiovascular: Aumento da pressão arterial (efeito α1 predominante), aumento da frequência e contratilidade cardíaca (β1), e melhora da perfusão coronariana (α1 na RCP).
  2. Sistema Respiratório: Potente broncodilatação (β2), aliviando a dificuldade respiratória.
  3. Resposta Alérgica e Inflamatória: Redução do angioedema e urticária (vasoconstrição α1) e inibição da liberação de histamina e outros mediadores (β2).
  4. Metabolismo: A adrenalina aumenta a glicemia (glicogenólise, gliconeogênese), inibe a insulina, estimula o glucagon e aumenta a lipólise, mobilizando energia.

Indicações Gerais e Relevância Pediátrica

As indicações da adrenalina em emergências incluem:

  • Anafilaxia: Fármaco de primeira escolha.
  • Parada Cardiorrespiratória (PCR): Usada em todos os ritmos de PCR.
  • Bradicardia sintomática grave: Especialmente em pediatria e reanimação neonatal (FC < 60 bpm apesar de ventilação e massagem adequadas).
  • Asma grave (crise refratária).
  • Coadjuvante de anestésicos locais (com cautela em áreas de circulação terminal).

É crucial entender que a adrenalina não é um antiarrítmico primário; seu papel na PCR é melhorar a hemodinâmica. Seus efeitos sistêmicos rápidos e abrangentes tornam-na indispensável em emergências médicas pediátricas e adultas.

Com este entendimento fundamental sobre a adrenalina, vamos explorar seu papel insubstituível na anafilaxia pediátrica.

Anafilaxia em Pediatria: Adrenalina como Pilar do Tratamento Imediato

A anafilaxia em crianças e adolescentes é uma emergência médica que exige reconhecimento rápido e intervenção imediata. Nesta população, a adrenalina (epinefrina) é o pilar fundamental e o tratamento de primeira linha, capaz de reverter rapidamente os sintomas e reduzir a mortalidade. Atrasos na sua administração estão associados a desfechos piores.

Reconhecendo a Anafilaxia e Diferenciando de Quadros Mais Leves

O diagnóstico da anafilaxia é clínico, caracterizado por início agudo de sintomas multissistêmicos após exposição a um alérgeno. Sinais incluem manifestações cutâneas (urticária generalizada, angioedema), respiratórias (dispneia, sibilância, estridor), cardiovasculares (hipotensão, taquicardia, síncope), gastrointestinais e neurológicas. É vital distinguir da urticária isolada, que não requer adrenalina.

Adrenalina Intramuscular (IM): A Primeira e Mais Importante Medida

Assim que a anafilaxia é suspeitada, a administração imediata de adrenalina por via intramuscular (IM) é prioritária.

  • Por que Adrenalina? Seus efeitos farmacológicos são ideais para antagonizar a anafilaxia: a ação alfa-1 adrenérgica reverte a vasodilatação e o edema de mucosas; a ação beta-1 melhora o débito cardíaco; e a ação beta-2 promove broncodilatação e estabiliza mastócitos e basófilos, diminuindo a liberação de mediadores inflamatórios.
  • Via de Administração: A via IM é preferencial para a dose inicial devido à absorção rápida e confiável e maior segurança comparada à via intravenosa em ambiente extra-hospitalar.
    • Local de Aplicação: Face anterolateral da coxa (músculo vasto lateral).
  • Dose Pediátrica: 0,01 mg/kg de peso corporal da solução de adrenalina 1:1.000 (1 mg/mL).
    • Crianças (<30 kg): Dose máxima usual de 0,3 mg por injeção. (Ex: criança de 15 kg recebe 0,15 mg, ou 0,15 mL da solução 1:1.000).
    • Adolescentes (>30-50 kg): Dose de 0,3 mg a 0,5 mg por injeção.
    • Autoinjetores estão disponíveis em doses fixas (ex: 0,15 mg e 0,3 mg).
  • Repetição da Dose: Se não houver melhora ou se os sintomas piorarem, a dose de adrenalina IM pode ser repetida a cada 5 a 15 minutos, geralmente por até 2-3 doses.

Pilares do Gerenciamento Inicial da Anafilaxia

O tratamento segue uma abordagem sistemática (ABCDE):

  1. Remoção do Agente Causador.
  2. Solicitar Ajuda/Serviço Médico de Emergência.
  3. Administração de Adrenalina IM.
  4. Posicionamento do Paciente: Decúbito dorsal com pernas elevadas; sentado se vômitos ou dificuldade respiratória.
  5. Oxigênio Suplementar (alto fluxo).
  6. Monitorização Contínua dos sinais vitais.

Manejo da Hipotensão e Suporte Circulatório Se houver hipotensão ou choque:

  • Reanimação Volêmica: Cristaloides IV (soro fisiológico 0,9% ou Ringer Lactato) em bolus de 20 mL/kg em crianças, repetidos conforme necessário.
  • Adrenalina IV: Considerada em choque refratário à adrenalina IM e expansão volêmica, ou PCR iminente, administrada com extrema cautela, preferencialmente em UTI.

Terapias Adjuvantes (Segunda Linha) Nunca devem substituir ou atrasar a adrenalina:

  • Anti-histamínicos (H1 e H2): Aliviam sintomas cutâneos.
  • Corticosteroides: Podem prevenir reações bifásicas, sem efeito agudo imediato.
  • Broncodilatadores (salbutamol inalatório): Para broncoespasmo persistente após adrenalina. Na anafilaxia com sintomas respiratórios, adrenalina IM é o tratamento inicial, não o broncodilatador isolado.

Em resumo, a adrenalina intramuscular precoce e adequada, junto ao suporte vital, é essencial para um desfecho favorável na anafilaxia pediátrica.

Além da anafilaxia, a adrenalina é um componente crítico no manejo da parada cardiorrespiratória em crianças e na reanimação neonatal.

Adrenalina na Parada Cardiorrespiratória (PCR) Pediátrica e Reanimação Neonatal

A adrenalina (epinefrina) é insubstituível no manejo da Parada Cardiorrespiratória (PCR) pediátrica e na reanimação neonatal. Seu uso visa aumentar a pressão de perfusão coronariana e cerebral, otimizando as chances de retorno da circulação espontânea (RCE), sendo coadjuvante à RCP de alta qualidade.

Adrenalina na PCR Pediátrica

No Suporte Avançado de Vida Pediátrico (PALS/SAVP), a administração varia com o ritmo:

  • Ritmos Não Chocáveis (Assistolia e Atividade Elétrica Sem Pulso - AESP):

    • Indicação e Momento: Adrenalina é prioritária e deve ser administrada o mais rápido possível (idealmente nos primeiros 5 minutos após início das compressões).
    • Dose e Via: 0,01 mg/kg (0,1 mL/kg da solução 1:10.000) por via intravenosa (IV) ou intraóssea (IO).
    • Via Endotraqueal (TET) Alternativa: Se acesso IV/IO indisponível, usar 0,1 mg/kg (0,1 mL/kg da solução 1:1.000), mas a absorção é menos previsível.
    • Repetição: A cada 3 a 5 minutos enquanto a PCR persistir.
  • Ritmos Chocáveis (Fibrilação Ventricular - FV e Taquicardia Ventricular Sem Pulso - TVSP):

    • Indicação e Momento: Prioridade é a desfibrilação. Adrenalina é administrada se a PCR persistir após o segundo choque elétrico.
    • Dose e Via: Mesma dos ritmos não chocáveis: 0,01 mg/kg (0,1 mL/kg da solução 1:10.000) por via IV/IO.
    • Repetição: A cada 3 a 5 minutos (geralmente a cada dois ciclos de RCP).
    • Medicações Adicionais: Amiodarona ou lidocaína podem ser consideradas se FV/TVSP refratária.

Adrenalina na Reanimação Neonatal

É a droga mais importante na reanimação de recém-nascidos, indicada quando a frequência cardíaca (FC) permanece < 60 bpm apesar de ventilação com pressão positiva (VPP) eficaz e compressões torácicas.

  • Indicação e Momento: FC < 60 bpm após 30-60 segundos de VPP adequada e compressões coordenadas.
  • Dose e Concentração (Solução 1:10.000):
    • Via IV/IO (Preferencial): 0,01 a 0,03 mg/kg (0,1 a 0,3 mL/kg da solução 1:10.000). Cateter venoso umbilical é ideal.
    • Via TET (Alternativa Menos Eficaz): Se acesso IV/IO não disponível, 0,05 a 0,1 mg/kg (0,5 a 1 mL/kg da solução 1:10.000).
  • Preparo da Solução 1:10.000: Diluir 1 mL de adrenalina 1:1.000 (1 mg/mL) em 9 mL de soro fisiológico 0,9%, resultando em 10 mL da solução 1:10.000 (0,1 mg/mL). Esta diluição é crucial para uso IV/IO em PCR pediátrica e neonatal.
  • Repetição: A cada 3 a 5 minutos se FC < 60 bpm, preferencialmente por via IV/IO.

A administração de adrenalina deve sempre acompanhar RCP de alta qualidade e a busca por causas reversíveis.

Para garantir a eficácia e segurança da adrenalina nestes cenários críticos, um guia prático de administração é essencial.

Guia Prático de Administração de Adrenalina/Epinefrina em Pediatria: Vias, Diluições e Cuidados

A correta administração de adrenalina (epinefrina) em pediatria, incluindo via, dose e diluição, é crucial.

Vias de Administração e Indicações Preferenciais

  • Via Intramuscular (IM):

    • Indicação principal: Anafilaxia (primeira escolha).
    • Local: Músculo vasto lateral da coxa.
    • Concentração: Solução 1:1.000 (1 mg/mL), sem diluição.
    • Dose: 0,01 mg/kg (máximo 0,3 mg pré-púberes, 0,5 mg adolescentes). Repetir a cada 5-15 min, se necessário.
  • Via Endovenosa (EV) ou Intraóssea (IO):

    • Indicações principais: PCR, choque grave não responsivo, bradicardia sintomática instável.
    • Concentração: Solução 1:10.000 (0,1 mg/mL).
    • Dose na PCR: 0,01 mg/kg (0,1 mL/kg da solução 1:10.000). Repetir a cada 3-5 min.
    • Dose na Reanimação Neonatal (EV/IO): 0,01 a 0,03 mg/kg da solução 1:10.000.
  • Via Endotraqueal (ET):

    • Indicação: Alternativa na PCR sem acesso EV/IO (absorção variável).
    • Concentração: Solução 1:1.000 (1 mg/mL), pura.
    • Dose: 0,1 mg/kg (0,1 mL/kg da solução 1:1.000), 10 vezes a dose EV/IO.

Diluições Corretas da Adrenalina

  • Adrenalina 1:1.000 (Pura): 1 mg/mL. Usada sem diluição para IM (anafilaxia) e ET (PCR).
  • Adrenalina 1:10.000: 0,1 mg/mL (1 mg em 10 mL).
    • Preparo: Diluir 1 mL da adrenalina 1:1.000 em 9 mL de soro fisiológico 0,9% (SF 0,9%).
    • Usada para administração EV ou IO.

Cálculo de Doses Pediátricas e para Recém-Nascidos

Baseado no peso do paciente:

  • Anafilaxia (IM): 0,01 mg/kg da solução 1:1.000. (Ex: 20kg = 0,2 mg = 0,2 mL de 1:1.000).
  • PCR (EV/IO): 0,01 mg/kg da solução 1:10.000. (Ex: 10kg = 0,1 mg = 1 mL de 1:10.000).
  • PCR (ET): 0,1 mg/kg da solução 1:1.000. (Ex: 10kg = 1 mg = 1 mL de 1:1.000).
  • Reanimação Neonatal (EV/IO): 0,1 a 0,3 mL/kg da solução 1:10.000.

É crucial que todas as doses e protocolos de administração sigam as diretrizes mais recentes e validadas, como as do Pediatric Advanced Life Support (PALS) e do Neonatal Resuscitation Program (NRP).

Cuidados Essenciais Durante a Administração

  • Dupla Checagem: Confirme concentração, diluição, dose e via.
  • Monitorização: FC, ritmo (ECG), PA, oximetria, estado clínico.
  • Efeitos Adversos: Taquicardia, arritmias, hipertensão, palidez, tremores.
  • Flush Pós-Administração EV/IO: Com soro fisiológico.
  • Infusão Contínua: Em choque refratário (ex: 0,05-0,1 mcg/kg/min, titulada), preferencialmente via acesso central com bomba de infusão.

A versatilidade da adrenalina se estende a outras emergências pediátricas, como veremos a seguir.

Adrenalina/Epinefrina em Outras Emergências Pediátricas: Crupe, Asma, Bradicardia e Choque

A utilidade da adrenalina (epinefrina) em pediatria vai além da anafilaxia e PCR.

1. Crupe (Laringite Estridulosa) Em casos moderados a graves com estridor em repouso, a adrenalina nebulizada (ou inalatória) é um pilar.

  • Ação: Efeito vasoconstritor alfa-adrenérgico na mucosa laríngea reduz o edema.
  • Dose e Via: Adrenalina L-epinefrina (solução 1:1000) na dose de 0,5 mL/kg (máximo 5 mL) via nebulização. Pode ser repetida.

2. Crises Graves de Asma e Broncoespasmo Associado à Anafilaxia

  • Broncoespasmo Severo na Anafilaxia: Adrenalina IM é o tratamento de escolha.
  • Crise de Asma Refratária (Estado de Mal Asmático): Em situações extremas, adrenalina SC ou IM pode ser considerada, mas não é rotina.
  • Adrenalina IV na Asma: Em bolus é reservada para PCR. Infusão contínua pode ser considerada em choque associado à asma grave.

3. Bradicardia Sintomática e Instável Após assegurar via aérea, ventilação e oxigenação, se bradicardia (FC < 60 bpm com má perfusão) persistir apesar de VPP e oxigenação eficazes, iniciar RCP.

  • Atropina: Primeira droga farmacológica em muitas bradicardias sintomáticas (0,02 mg/kg IV/IO; mín. 0,1 mg, máx. dose única 0,5 mg crianças / 1 mg adolescentes; repetir uma vez. Máx. total 1 mg crianças / 3 mg adolescentes). Menos eficaz em BAVT ou bloqueios infra-hissianos.
  • Adrenalina na Bradicardia: Se atropina ineficaz/não indicada, ou bradicardia persistir, adrenalina é a droga de escolha.
    • Dose IV/IO (bolus): 0,01 mg/kg (0,1 mL/kg da solução 1:10.000) a cada 3-5 minutos.
    • Infusão Contínua IV/IO: 0,1 a 1 mcg/kg/min, titulada.
  • Dopamina na Bradicardia: Infusão (2-20 mcg/kg/min) pode ser alternativa.

4. Choque (com foco no Choque Séptico Hipodinâmico)

  • Choque Frio (Hipodinâmico): Adrenalina é frequentemente a primeira linha devido ao seu potente efeito inotrópico (β1) e vasopressor (α1).
  • Choque Quente (Hiperdinâmico): Noradrenalina é frequentemente preferida (potente vasoconstrição α1).
  • Choque Séptico Pediátrico: Após ressuscitação volêmica, adrenalina ou noradrenalina são vasopressores de primeira escolha. No choque séptico hipodinâmico (frio), adrenalina é particularmente valiosa.
  • Disfunção Miocárdica: Adrenalina é preferencial para melhorar o débito cardíaco.
  • Doses e Vias no Choque: Infusão contínua IV/IO. Iniciar com 0,05-0,1 mcg/kg/min, titular conforme resposta.

Dado o poder e a ampla aplicabilidade da adrenalina, seu uso seguro é primordial.

Uso Seguro da Adrenalina em Pediatria: Precauções, Contraindicações e Situações Especiais

O uso seguro de adrenalina (epinefrina) em crianças exige conhecimento e cautela.

Precauções Essenciais no Uso Pediátrico:

  • Dosagem e Diluição Precisas: Erros são preocupantes. Use seringas adequadas e confirme diluições (ex: 1:10.000 para IV/IO em PCR vs. 1:1.000 para IM em anafilaxia).
  • Monitoramento Contínuo: Cardíaco, PA, FR, estado geral, especialmente após uso IV.
  • Via de Administração Correta: Conforme a indicação.
  • Manuseio Cauteloso: O aumento da dose para efeito inotrópico também eleva o efeito vasopressor, aumentando a pós-carga, o que pode ser deletério.

Contraindicações e Situações de Cautela:

  • Anafilaxia: Não há contraindicações absolutas.
  • Taquicardia Supraventricular (TSV) estável: Adrenalina é contraindicada.
  • Hipertermia Maligna: Não indicada, pode agravar.
  • Uso com Anestésicos Locais em Extremidades: Contraindicada em áreas de circulação terminal (dedos, nariz, pênis) devido ao risco de necrose.
  • Envenenamentos Ofídicos (paralisia neurotóxica): Não é parte do tratamento.
  • Choque Hipovolêmico Puro (sem componente cardiogênico/distributivo): Prioridade é reposição volêmica.

Situações Especiais e Manejo:

  • Crise Adrenal (Insuficiência Adrenal Aguda): Adrenalina não é o tratamento primário. O tratamento é hidrocortisona IV e reposição volêmica.
  • Uso em Anestesia Local (fora de áreas terminais): Adicionada para vasoconstrição, prolongar anestesia e reduzir absorção sistêmica (concentrações comuns 1:100.000 ou 1:200.000).
  • Interações Medicamentosas:
    • Betabloqueadores: Podem diminuir eficácia beta da adrenalina e causar hipertensão severa (estimulação alfa sem oposição). Glucagon pode ser adjuvante na anafilaxia em pacientes beta-bloqueados.
    • Antidepressivos tricíclicos e IMAO: Podem potencializar efeitos da adrenalina.
  • Manejo de Efeitos Adversos e Uso Inadequado:
    • Comuns: Ansiedade, tremores, palpitações, taquicardia, palidez, cefaleia, náuseas.
    • Graves (doses excessivas/IV rápida): Hipertensão severa, arritmias ventriculares, isquemia miocárdica (aumento do consumo de O2 pelo miocárdio é efeito adverso), edema pulmonar, hemorragia cerebral.
    • Superdosagem: Tratamento de suporte.

Comparativo Breve com Outras Aminas Vasoativas:

  • Adrenalina: Primeira escolha no choque frio, anafilaxia, PCR.
  • Noradrenalina: Mais usada no choque quente (vasodilatado).
  • Dopamina: Uso diminuído no choque séptico pediátrico.
  • Vasopressina: Considerada em choques refratários.

O uso criterioso, baseado em indicações claras e conhecimento das particularidades pediátricas, garante que a adrenalina seja uma ferramenta poderosa e segura.


Dominar a adrenalina/epinefrina é, sem dúvida, um diferencial na prática da medicina de emergência pediátrica. Desde seus fundamentos farmacológicos até sua aplicação precisa em cenários de vida ou morte como anafilaxia, parada cardíaca, choque e outras condições críticas, este guia buscou fornecer um roteiro claro e abrangente. A capacidade de utilizar este potente fármaco de forma correta, segura e baseada em evidências reflete não apenas conhecimento técnico, mas um compromisso com a excelência no cuidado dos pacientes mais vulneráveis.

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