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Guia Completo

Diarreia Aguda em Crianças: Guia Completo de Causas, Tipos, Diagnóstico e Tratamento

Por ResumeAi Concursos
Vilosidades intestinais inflamadas com vírus e bactérias, causas da diarreia aguda em crianças.

A diarreia aguda em crianças é uma daquelas preocupações que tiram o sono de pais e cuidadores – e com razão. Embora comum, esse quadro exige atenção e conhecimento para evitar complicações, especialmente a desidratação. Este guia completo foi elaborado por nossa equipe editorial para oferecer a você, de forma clara e acessível, informações cruciais sobre as causas, os diferentes tipos de diarreia, os sinais de alerta que não podem ser ignorados, como o diagnóstico é feito e, o mais importante, quais são as abordagens de tratamento mais eficazes e seguras. Nosso objetivo é capacitar você com o conhecimento necessário para agir de forma informada e tranquila, promovendo o bem-estar e a rápida recuperação dos pequenos.

O Que é Diarreia Aguda e Por Que Acontece em Crianças?

A diarreia é uma condição bastante comum na infância, caracterizada por uma alteração no padrão habitual de evacuação. De forma geral, definimos diarreia pela eliminação de fezes com consistência diminuída (amolecidas ou líquidas) e, frequentemente, um aumento no número de evacuações – classicamente, três ou mais vezes em um período de 24 horas. É um sinal de que algo não vai bem no trânsito intestinal.

Quando falamos em diarreia aguda, o fator determinante é a duração dos sintomas. Considera-se aguda a diarreia que tem início súbito e se resolve em até 14 dias (duas semanas). Na maioria das vezes, é um quadro autolimitado, ou seja, melhora espontaneamente. É importante diferenciá-la de:

  • Diarreia persistente: Aquela que dura entre 2 e 4 semanas.
  • Diarreia crônica: Quando os sintomas se extendem por mais de 4 semanas.

Mas por que a diarreia aguda é tão frequente nas crianças? A principal razão é a causa infecciosa, responsável por cerca de 90% dos episódios. O sistema digestivo dos pequenos ainda está em desenvolvimento, assim como seu sistema imunológico, tornando-os mais vulneráveis a diversos microrganismos:

  • Vírus: São os principais causadores da diarreia aguda infantil. O Rotavírus é um dos mais conhecidos, mas outros vírus também podem causar o problema. Eles geralmente provocam uma diarreia aquosa.
  • Bactérias: Podem levar a quadros mais intensos, por vezes com a presença de sangue, muco ou pus nas fezes (caracterizando a disenteria). Salmonella, Shigella e certas cepas de E. coli são exemplos.
  • Parasitas: Embora mais associados a diarreias de longa duração, alguns parasitas podem causar episódios agudos.

Além das infecções, embora menos comuns na diarreia aguda infantil, outros fatores podem incluir o uso de certos medicamentos (como antibióticos, que podem desequilibrar a flora intestinal) ou intolerâncias alimentares.

A diarreia aguda pode se manifestar de formas diferentes, dependendo do mecanismo envolvido, que exploraremos em detalhe mais adiante. Resumidamente, pode ser:

  • Diarreia Aquosa: É o tipo mais comum, com fezes líquidas e volumosas, podendo ser causada por mecanismos osmóticos (substâncias não absorvidas "puxando" água) ou secretores (células intestinais secretando mais água).
  • Diarreia Inflamatória (ou Disentérica): Resulta da inflamação da mucosa intestinal, geralmente por bactérias invasivas, caracterizando-se por fezes com sangue, muco e/ou pus.

Epidemiologicamente, a diarreia aguda é uma das principais causas de adoecimento e, infelizmente, de mortalidade em crianças menores de cinco anos em todo o mundo, especialmente em regiões com saneamento básico precário. As crianças são particularmente suscetíveis devido ao seu sistema imunológico ainda em amadurecimento, ao hábito de levar as mãos e objetos à boca, e à sua menor reserva de fluidos corporais, tornando-as mais propensas à desidratação – a complicação mais temida.

Entender o que é a diarreia aguda e por que ela afeta tanto as crianças é o primeiro passo. Nas próximas seções, detalharemos os agentes causadores, os mecanismos, os sinais de alerta, o diagnóstico e as melhores formas de tratamento.

Desvendando as Causas: Principais Agentes Infecciosos da Diarreia Aguda Infantil

Na grande maioria dos casos de diarreia aguda em crianças, a raiz do problema reside em uma infecção gastrointestinal. Diversos microrganismos podem invadir o sistema digestivo dos pequenos, desencadeando o quadro. Vamos conhecer os principais vilões:

Os Campeões Virais: Pequenos Notáveis, Grandes Incômodos

Os vírus são, de longe, os agentes mais frequentes, respondendo por até 90-95% dos casos. Eles geralmente provocam uma diarreia aquosa.

  • Rotavírus: Historicamente, o principal protagonista viral, especialmente em crianças entre 6 e 24 meses.

    • Mecanismo de Ação: O rotavírus infecta e danifica as vilosidades intestinais. Essa lesão pode levar a uma diarreia do tipo osmótica, como detalharemos na seção sobre mecanismos, frequentemente resultando em fezes aquosas, volumosas, explosivas e ácidas, podendo causar assaduras. Vômitos e febre são acompanhantes comuns.
    • Impacto da Vacinação: A vacina contra o rotavírus reduziu significativamente sua incidência e gravidade, mas ele ainda circula.
    • Curso: Geralmente autolimitada, durando alguns dias.
  • Norovírus: Conhecido por causar surtos, especialmente em ambientes coletivos. Provoca diarreia aquosa, náuseas e vômitos intensos.

  • Adenovírus Entéricos: Podem causar diarreia, muitas vezes acompanhada de sintomas respiratórios, geralmente mais branda e prolongada que a do rotavírus.

Características Gerais da Diarreia Viral:

  • Início agudo.
  • Fezes líquidas ou pastosas, geralmente sem sangue visível.
  • Frequentemente acompanhada de vômitos, febre e dor abdominal.
  • Curso autolimitado (até 14 dias).

As Invasoras Bacterianas: Quando a Diarreia Ganha Outros Contornos

Embora menos comuns, as bactérias podem levar a quadros mais severos, especialmente se houver disenteria (presença de sangue e/ou muco nas fezes), febre alta e comprometimento do estado geral.

A diarreia bacteriana pode se manifestar como:

  1. Diarreia Aquosa (Secretora ou Osmótica):

    • Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC): Principal causa da diarreia do viajante. Produz toxinas que fazem o intestino secretar mais água.
    • Escherichia coli enteropatogênica (EPEC): Afeta principalmente lactentes, causando diarreia aquosa por lesão nas células intestinais.
  2. Diarreia Inflamatória ou Invasiva (Disenteria): Neste tipo, as bactérias invadem a mucosa intestinal, causando inflamação e lesão.

    • Shigella spp.: Causa clássica de disenteria bacilar.
    • Salmonella spp. (não tifoide): Adquirida por alimentos contaminados.
    • Campylobacter jejuni: Frequentemente associada ao consumo de frango malcozido.
    • Escherichia coli enteroinvasiva (EIEC): Similar à Shigella.
    • Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC), como o sorotipo O157:H7: Produz toxinas potentes, causando colite hemorrágica e podendo levar à grave Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU).
    • Yersinia enterocolitica: Pode mimetizar apendicite.

Outras Bactérias Relevantes:

  • Clostridioides difficile: Principal causa de diarreia associada ao uso de antibióticos.
  • Staphylococcus aureus: Causa intoxicação alimentar por toxinas pré-formadas no alimento, com sintomas rápidos após a ingestão.

Uma Breve Palavra Sobre os Parasitas

Embora mais associados a diarreias persistentes ou crônicas, alguns parasitas podem causar quadros agudos, especialmente em áreas com saneamento precário.

  • Giardia lamblia: Pode causar diarreia aquosa, às vezes com gordura nas fezes.
  • Cryptosporidium parvum: Causa diarreia aquosa profusa.
  • Entamoeba histolytica: Pode causar desde diarreia leve até disenteria amebiana grave.

Situações Especiais a Considerar

  • Diarreia do Viajante: Acomete viajantes para regiões com padrões de higiene diferentes. A causa mais comum é a E. coli enterotoxigênica (ETEC).
  • Diarreia na COVID-19: A infecção pelo SARS-CoV-2 pode incluir diarreia entre seus sintomas.

Conhecer os principais agentes por trás da diarreia aguda infantil auxilia no direcionamento do diagnóstico e manejo.

Tipos de Diarreia Aguda: Entendendo os Mecanismos (Osmótica, Secretora, Inflamatória)

Os diversos agentes infecciosos mencionados anteriormente desencadeiam a diarreia por diferentes processos no intestino. Compreender esses mecanismos fisiopatológicos – osmótico, secretor e inflamatório – é fundamental.

Diarreia Osmótica

A diarreia osmótica ocorre quando substâncias não absorvidas ou mal absorvidas permanecem no lúmen intestinal, "puxando" água para dentro do intestino por osmose.

  • Mecanismo: A presença de solutos osmoticamente ativos impede a absorção adequada de água.
  • Causas Comuns em Crianças:
    • Infecções virais (ex: Rotavírus): São a causa mais frequente. Os vírus podem danificar as vilosidades intestinais (pequenas projeções responsáveis pela absorção), levando à deficiência temporária de enzimas como a lactase (que digere a lactose). A lactose não digerida acumula-se, causando diarreia osmótica. Isso explica a comum intolerância transitória à lactose após uma infecção viral.
    • Algumas bactérias (ex: Escherichia coli enteropatogênica - EPEC): Também podem lesar as vilosidades.
    • Uso de laxativos osmóticos.
  • Características Clínicas:
    • Fezes geralmente aquosas, volumosas, ácidas e por vezes explosivas.
    • A acidez fecal pode levar à dermatite perineal (assaduras).
    • Pode haver distensão abdominal e gases.
    • Melhora significativa ou cessa com o jejum.

Diarreia Secretora

Na diarreia secretora, o problema central é um aumento ativo na secreção de água e eletrólitos para o interior do intestino, ou uma diminuição da absorção.

  • Mecanismo: Enterotoxinas produzidas por certas bactérias estimulam as células intestinais a secretar grandes quantidades de fluidos.
  • Causas Comuns em Crianças:
    • Toxinas bacterianas (ex: Vibrio cholerae, Escherichia coli enterotoxigênica - ETEC): Exemplos clássicos.
  • Características Clínicas:
    • Fezes extremamente aquosas, de grande volume.
    • Não costuma conter sangue ou pus.
    • Crucialmente, persiste mesmo durante o jejum.
    • Pode levar à desidratação rápida e grave.

Diarreia Inflamatória (ou Invasiva/Disentérica)

A diarreia inflamatória resulta da lesão e inflamação da mucosa intestinal causada por microrganismos invasores ou suas toxinas.

  • Mecanismo: A invasão da mucosa desencadeia uma resposta inflamatória, causando dano tecidual, hipersecreção e alteração da motilidade.
  • Causas Comuns em Crianças:
    • Bactérias invasivas: Shigella spp., Salmonella spp., Campylobacter jejuni, Yersinia enterocolitica, EIEC e EHEC.
    • Parasitas: Entamoeba histolytica.
  • Características Clínicas:
    • Fezes frequentemente contêm sangue, muco e/ou pus (disenteria).
    • Pode haver febre alta, dor abdominal intensa (cólicas) e tenesmo.
    • O volume das fezes pode ser pequeno, mas as evacuações são frequentes.
    • Exames podem revelar leucócitos nas fezes.

Em alguns casos, os mecanismos podem se sobrepor. A compreensão desses processos auxilia na investigação e manejo, visando principalmente prevenir e tratar a desidratação.

Sinais de Alerta: Como Avaliar a Desidratação na Criança com Diarreia Aguda

Independentemente do mecanismo, a consequência mais temida da diarreia aguda é a desidratação. A perda excessiva de líquidos e eletrólitos pode evoluir rapidamente. Saber identificar os sinais de desidratação é crucial para buscar ajuda médica no momento certo. A avaliação do estado de hidratação é primariamente clínica.

Identificando os Graus de Desidratação

A desidratação pode ser classificada como sem desidratação, desidratação leve a moderada, e desidratação grave. Cada grau apresenta sinais característicos:

  • Criança Hidratada (Sem Sinais de Desidratação):

    • Estado geral: Alerta, ativa.
    • Olhos: Normais, brilhantes.
    • Lágrimas: Presentes.
    • Boca e língua: Úmidas.
    • Sede: Bebe normalmente.
    • Sinal da prega (turgor cutâneo): Pele volta rapidamente ao normal.
    • Pulso: Normal.
    • Enchimento capilar: Rápido (< 2-3 segundos).
    • Diurese: Normal.
  • Desidratação Leve a Moderada:

    • Estado geral: Inquieta ou irritada.
    • Olhos: Levemente fundos.
    • Lágrimas: Diminuídas ou ausentes.
    • Boca e língua: Secas ou pegajosas.
    • Sede: Aumentada, bebe avidamente.
    • Sinal da prega: Pele retorna lentamente.
    • Pulso: Pode estar rápido.
    • Enchimento capilar: Ligeiramente lentificado (3-5 segundos).
    • Diurese: Diminuída.
  • Desidratação Grave (Requer intervenção médica urgente):

    • Estado geral: Letárgica, comatosa, hipotônica ou extremamente irritada.
    • Olhos: Muito fundos e secos.
    • Lágrimas: Ausentes.
    • Boca e língua: Muito secas.
    • Sede: Incapaz de beber ou bebe muito pouco.
    • Sinal da prega: Pele retorna muito lentamente (> 2 segundos) ou permanece pregueada.
    • Pulso: Muito rápido e fraco, ou ausente.
    • Enchimento capilar: Muito lento (> 5 segundos), extremidades frias/pálidas.
    • Diurese: Mínima ou ausente por várias horas.
    • Sinais de choque hipovolêmico: Pressão baixa, taquicardia acentuada.

Outros Sinais de Alerta Importantes na Diarreia Aguda

Além dos sinais diretos de desidratação, outros sintomas devem acender o alerta para avaliação médica imediata:

  • Piora significativa da diarreia.
  • Vômitos repetidos e incoercíveis.
  • Recusa alimentar persistente.
  • Presença de sangue e/ou muco nas fezes (disenteria).
  • Febre alta (acima de 38.5-39°C) e persistente.
  • Diminuição acentuada da diurese (já mencionado como sinal chave de desidratação).
  • Piora do estado geral da criança (mais doente, prostrada, menos responsiva).
  • Dor abdominal intensa, contínua ou que piora.

A identificação precoce dos sinais de alerta e a busca por orientação médica são fundamentais.

Diagnóstico da Diarreia Aguda: O Que Esperar da Avaliação Médica

Diante de um quadro de diarreia e potenciais sinais de alerta, a avaliação médica se torna indispensável para um diagnóstico preciso. O diagnóstico geralmente se baseia em uma anamnese cuidadosa e um exame físico detalhado.

A Pedra Angular: Anamnese Detalhada

O médico investigará:

  • Início e duração dos sintomas: Confirmando se o quadro se enquadra na definição de diarreia aguda (início súbito, duração <14 dias) e diferenciando de quadros persistentes ou crônicos.
  • Características das fezes: Frequência, volume, consistência e, crucialmente, a presença de sangue, muco ou pus.
  • Sintomas associados: Febre, vômitos, dor abdominal, recusa alimentar, irritabilidade ou prostração.
  • Hidratação e alimentação: Aceitação de líquidos e alimentos, introdução de alimentos novos.
  • Contexto epidemiológico: Casos semelhantes na família/escola, viagens recentes, uso recente de antibióticos.

O Exame Físico: Buscando Sinais Importantes

O exame físico completo focará em:

  • Avaliação do estado de hidratação: Este é o aspecto mais crítico. O médico avaliará os sinais de desidratação conforme detalhado na seção anterior (estado geral, olhos, boca, sede, turgor cutâneo, enchimento capilar, etc.).
  • Avaliação abdominal: Presença de dor, distensão, ruídos intestinais.
  • Verificação da temperatura corporal.

Exames Complementares: Quando São Necessários?

Na maioria dos casos de diarreia aguda viral em crianças saudáveis, não são necessários exames complementares. O diagnóstico é clínico. Contudo, podem ser considerados em situações específicas:

  • Coprocultura (cultura de fezes) e pesquisa de patógenos específicos: Indicada em casos de disenteria, diarreia persistente (> 7-10 dias), suspeita de surto, crianças imunodeprimidas ou lactentes jovens com quadro grave.
  • Pesquisa de vírus nas fezes: Útil em surtos, mas raramente altera a conduta individual.
  • Exames de sangue (hemograma, eletrólitos, função renal): Reservados para desidratação moderada a grave, dúvidas sobre o estado geral ou diarreia muito prolongada/intensa.

A decisão de solicitar exames é sempre individualizada.

Desvendando o Diagnóstico: O Raciocínio Clínico e Diagnóstico Diferencial

Com as informações coletadas, o médico buscará o diagnóstico mais provável. A presença de achados como febre elevada e, principalmente, disenteria (sangue/muco nas fezes), já discutidos como característicos de alguns quadros, guiará a suspeita para uma etiologia bacteriana invasiva.

É fundamental considerar outras possibilidades (diagnóstico diferencial):

  • Pseudodiarreia do Lactente: Condição fisiológica comum em bebês em aleitamento materno exclusivo, com evacuações frequentes, pastosas/semilíquidas, mas sem alteração significativa no padrão habitual para aquele bebê e com a criança mantendo-se bem, ativa e com ganho de peso adequado. Não requer tratamento.
  • Outras causas de dor abdominal: Como adenite mesentérica ou, raramente, apendicite aguda.
  • Intoxicação Alimentar: História de ingestão de alimentos suspeitos com início rápido dos sintomas.

A avaliação médica cuidadosa permite confirmar o diagnóstico, identificar a provável causa, avaliar a gravidade e definir o melhor tratamento.

Tratamento e Cuidados Essenciais para Diarreia Aguda em Crianças

Com o diagnóstico estabelecido e a gravidade avaliada, o foco se volta para o tratamento e os cuidados essenciais para a recuperação da criança.

A Base do Tratamento: Terapia de Reidratação Oral (TRO)

A pedra angular é a Terapia de Reidratação Oral (TRO) para prevenir ou tratar a desidratação.

  • Soro de Reidratação Oral (SRO): Possui a composição ideal de sais e açúcar. É a primeira escolha.
  • Líquidos Caseiros: Água de coco, chás leves, sopas e água pura podem ser usados se o SRO não estiver acessível, mas o SRO é preferível.
  • Como oferecer: Pequenos volumes frequentemente, especialmente após cada evacuação ou vômito. (Ex: <1 ano: 50-100 ml; 1-10 anos: 100-200 ml; >10 anos: o quanto aceitarem).

O Ministério da Saúde estabelece planos de tratamento (A, B, C) baseados na hidratação.

Manutenção da Alimentação: Nutrir para Recuperar

A orientação é manter a dieta habitual da criança, incluindo o aleitamento materno, que deve ser incentivado.

  • Aleitamento Materno: Fornece nutrientes, anticorpos e ajuda na hidratação.
  • Alimentação Complementar e Outras Dietas: Mantenha os alimentos habituais. A suspensão da lactose não é rotineira, a menos que haja orientação médica específica.
  • O que evitar: Alimentos novos, muito gordurosos, condimentados, ultraprocessados, refrigerantes e bebidas muito açucaradas.
  • Frequência: Refeições menores e mais frequentes.

O Papel dos Medicamentos: Uso Consciente e Orientado

1. Probióticos: Uma Ajuda Controvertida

Cepas como Lactobacillus rhamnosus GG e Saccharomyces boulardii podem, em alguns casos, reduzir a duração da diarreia. Contudo, o Ministério da Saúde não recomenda seu uso rotineiro. Discuta com o pediatra.

2. Antibióticos: Apenas em Casos Selecionados

A maioria das diarreias agudas é viral, tornando antibióticos ineficazes. São reservados para:

  • Disenteria.
  • Comprometimento importante do estado geral.
  • Suspeita de cólera grave.
  • Diarreia grave persistente com febre alta ou desidratação grave.
  • Pacientes de alto risco (lactentes <3 meses, imunocomprometidos).

A escolha (ex: Azitromicina, Ceftriaxona) é médica.

3. Antidiarreicos: Uso Muito Limitado e com Cautela

Medicamentos que diminuem a motilidade intestinal (ex: loperamida) não são recomendados e são frequentemente contraindicados em crianças com diarreia aguda infecciosa, especialmente com febre ou disenteria, pelo risco de complicações. Inibidores de encefalinase (ex: racecadotrila) podem ser considerados em alguns casos de diarreia aquosa, sempre sob orientação médica.

Buscando Orientação Profissional

Este guia oferece informações gerais. Sempre procure um médico se a criança apresentar os sinais de alerta discutidos anteriormente (como sinais de desidratação, febre alta persistente, sangue nas fezes, vômitos persistentes, piora do estado geral) ou se a diarreia não melhorar ou se prolongar. O acompanhamento médico garante o diagnóstico correto e o tratamento adequado.

Navegar por um episódio de diarreia aguda infantil pode ser desafiador, mas compreender suas causas, reconhecer os sinais de alerta – especialmente os de desidratação – e conhecer as bases do tratamento são passos fundamentais para garantir a segurança e o conforto da criança. Lembre-se que a hidratação adequada e a manutenção da alimentação são pilares do cuidado, e a orientação médica é insubstituível em casos de dúvida ou agravamento. Este guia buscou fornecer um panorama completo e confiável para auxiliar pais e cuidadores nessa jornada.

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