Decidir sobre o método contraceptivo ideal é uma jornada pessoal e crucial para a saúde e bem-estar da mulher. Entre as diversas opções, o Dispositivo Intrauterino (DIU) de Cobre se destaca por sua alta eficácia, longa duração e por ser uma alternativa livre de hormônios. Este guia completo foi elaborado para fornecer a você um entendimento aprofundado sobre o DIU de cobre, abordando desde seu mecanismo de ação, passando pelas contraindicações, riscos e efeitos colaterais, até suas vantagens e o processo de inserção. Nosso objetivo é munir você com informações claras e baseadas em evidências para que, junto ao seu médico, possa fazer uma escolha contraceptiva informada e segura.
O que é o DIU de Cobre e Como Ele Atua na Contracepção?
O Dispositivo Intrauterino (DIU) de Cobre é um pequeno dispositivo, geralmente em formato de "T", inserido no interior do útero por um profissional de saúde qualificado com o objetivo de prevenir a gravidez. Ele é composto por uma estrutura de plástico flexível (polietileno) radiopaco – o que significa que pode ser visualizado em exames de imagem como o raio-X – e revestido com fios ou cilindros de cobre.
Existem diversos modelos de DIU de cobre disponíveis no mercado, que podem variar em relação ao tamanho, formato, quantidade de cobre e, consequentemente, na duração da sua eficácia. No Brasil, um dos modelos mais conhecidos e amplamente utilizado é o T380A. Este modelo específico:
- Possui um formato de "T", que se adapta bem à cavidade uterina.
- Contém 380 mm² de superfície de cobre.
- É o modelo disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma importante opção de acesso à contracepção de longa duração.
- Oferece proteção contraceptiva por um longo período, geralmente por 10 anos, com evidências científicas robustas que sugerem eficácia de até 12 anos.
Mas como exatamente esse pequeno dispositivo impede a gravidez? O mecanismo de ação do DIU de cobre é multifatorial e atua principalmente antes que a fertilização (o encontro do espermatozoide com o óvulo) ocorra:
- Reação Inflamatória Estéril: A simples presença do DIU dentro do útero é reconhecida pelo corpo como um "corpo estranho". Isso desencadeia uma reação inflamatória localizada e estéril (ou seja, sem infecção) no endométrio, que é o revestimento interno do útero. Essa inflamação cria um ambiente hostil que é tóxico para os espermatozoides e para os óvulos, dificultando a sobrevivência e a função de ambos os gametas.
- Ação Direta do Cobre: O cobre liberado continuamente pelo DIU em pequenas quantidades potencializa essa reação inflamatória e exerce efeitos diretos e cruciais:
- Efeito Espermicida: O cobre interfere na capacidade dos espermatozoides de se moverem (motilidade) e de se prepararem para fertilizar o óvulo (reação acrossomal). Ele diminui significativamente a viabilidade dos espermatozoides.
- Alterações no Muco Cervical: O cobre pode alterar a consistência do muco cervical (a secreção produzida pelo colo do útero), tornando-o mais espesso e dificultando a passagem dos espermatozoides através do colo uterino em direção ao útero e às trompas de Falópio.
- Impacto nos Óvulos e Endométrio: Embora o DIU de cobre não iniba a ovulação (a liberação mensal do óvulo pelo ovário), o ambiente uterino modificado pela inflamação e pelo cobre também pode afetar a viabilidade do óvulo, caso ele chegue ao útero. Adicionalmente, as alterações bioquímicas e morfológicas no endométrio tornam o ambiente desfavorável para uma eventual implantação, embora o principal efeito seja a prevenção da fertilização.
É fundamental destacar que o principal mecanismo do DIU de cobre é prevenir a fertilização.
O DIU de cobre é classificado como um LARC (Long-Acting Reversible Contraceptive), ou Contraceptivo Reversível de Longa Ação. Isso significa que ele oferece proteção contraceptiva altamente eficaz por muitos anos, mas a fertilidade da mulher retorna ao normal rapidamente após a sua remoção por um profissional de saúde.
Outra característica crucial e distintiva é que o DIU de cobre é um método não hormonal. Ele não libera hormônios no corpo para exercer seu efeito contraceptivo. Isso o diferencia significativamente do DIU hormonal (também conhecido como SIU - Sistema Intrauterino), que libera um progestagênio (como o levonorgestrel) localmente no útero. A ausência de hormônios faz do DIU de cobre uma excelente opção para mulheres que possuem contraindicações, não podem ou simplesmente não desejam usar métodos contraceptivos hormonais.
Contraindicações do DIU de Cobre: Quando Não Utilizar?
O DIU de cobre é um método contraceptivo reconhecido por sua alta eficácia e por ser uma alternativa livre de hormônios. No entanto, como qualquer intervenção médica, ele não é universalmente adequado. É fundamental uma avaliação médica criteriosa para determinar se o DIU de cobre é seguro e apropriado para você. As contraindicações são condições médicas ou situações específicas que tornam o uso do dispositivo desaconselhado ou proibido, podendo ser classificadas em absolutas (risco inaceitável) e relativas (benefícios devem ser ponderados contra riscos).
Contraindicações Absolutas: Situações em que o DIU de Cobre NÃO DEVE ser utilizado
Estas são condições em que a inserção do DIU de cobre é formalmente proibida (geralmente Categoria 4 da OMS):
- Gravidez confirmada ou suspeita.
- Infecções Pélvicas Ativas ou Recentes Graves:
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP) atual, recorrente ou ocorrida nos últimos três meses.
- Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) ativas, como cervicite purulenta (gonorreia ou clamídia) ou infecção por clamídia/gonococo não tratada.
- Sepse puerperal ou pós-aborto séptico imediato.
- Tuberculose pélvica diagnosticada e ativa.
- Anomalias Uterinas Significativas: Condições congênitas (útero bicorno, septado completo, didelfo) ou adquiridas (miomas submucosos volumosos, grandes pólipos endometriais) que distorcem severamente a cavidade uterina.
- Sangramento Vaginal Não Diagnosticado: Qualquer sangramento uterino anormal (SUA) cuja causa não foi investigada.
- Câncer Ginecológico Ativo ou Suspeito: Câncer de colo do útero ou de endométrio atuais ou sob investigação.
- Doença Trofoblástica Gestacional Maligna ou níveis de beta-hCG persistentemente elevados após mola hidatiforme.
- Alergia Comprovada ao Cobre (rara).
- Doença de Wilson.
Contraindicações Relativas: Avaliação Individualizada é Essencial
Nestas situações (geralmente Categoria 3 da OMS), o DIU de cobre pode ser considerado, mas com cautela:
- Risco Aumentado para ISTs ou HIV.
- Imunodeficiência Severa (ex: AIDS avançada, terapia imunossupressora potente).
- Pós-parto entre 48 horas e 4 semanas (risco aumentado de expulsão/perfuração).
- Câncer de Ovário.
- Doença Trofoblástica Gestacional Benigna (com beta-hCG em queda/normalizado e acompanhamento).
- Histórico de fluxo menstrual muito intenso (menorragia) ou cólicas menstruais severas (dismenorreia): O DIU de cobre pode intensificar esses sintomas.
- Coagulopatias (ex: Síndrome de Von Willebrand).
- Miomas uterinos intramurais ou submucosos que não distorcem significativamente a cavidade.
Desmistificando o DIU de Cobre: O Que NÃO Impede o Uso
É importante esclarecer situações que NÃO são contraindicações, desde que avaliadas pelo médico:
- Nuliparidade (nunca ter tido filhos) ou Nuligravidez (nunca ter engravidado).
- Histórico de DIP tratada (há mais de três meses, sem infecção ativa).
- Múltiplos parceiros sexuais (a preocupação é o risco de ISTs, que requer uso de preservativos).
- Presença de lesões precursoras do câncer do colo do útero (NIC I, II ou III) (desde que câncer invasivo descartado e acompanhamento adequado).
- Tabagismo: Por ser não hormonal, não carrega riscos cardiovasculares associados à combinação de tabagismo e contraceptivos hormonais.
- Histórico de enxaqueca (com ou sem aura), tromboflebite superficial ou doença coronariana estável.
A decisão final sobre a adequação do DIU de cobre deve ser sempre tomada em consulta com seu médico ginecologista.
Principais Riscos e Efeitos Colaterais do DIU de Cobre
Apesar de ser um método contraceptivo altamente eficaz, o DIU de Cobre não está isento de potenciais riscos e efeitos colaterais. Conhecê-los é fundamental para uma decisão informada.
Os efeitos mais frequentemente relatados, especialmente nos primeiros meses, incluem:
- Aumento do Fluxo Menstrual e Cólicas: É comum que o DIU de cobre cause menstruações mais intensas, prolongadas e com cólicas mais fortes, geralmente mais acentuadas nos primeiros três a seis meses, tendendo a diminuir. O manejo pode envolver analgésicos e anti-inflamatórios. Se persistirem ou impactarem a qualidade de vida, a remoção pode ser considerada.
Além desses, existem riscos de complicações menos frequentes:
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Dor Pós-Inserção: Leve desconforto e cólicas são normais por alguns dias. Dores pélvicas persistentes ou que pioram exigem avaliação médica.
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Perfuração Uterina: Complicação rara (1-2 casos/1.000 inserções), geralmente no momento da inserção. Pode exigir cirurgia para remoção se migrar.
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Expulsão do DIU: O útero pode expelir o DIU (parcial ou totalmente), mais comum nos primeiros meses (até 5-10% no primeiro ano). A proteção contraceptiva é perdida.
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Doença Inflamatória Pélvica (DIP): Pequeno aumento no risco, principalmente nas primeiras três semanas (cerca de 20 dias) após a inserção, mais relacionado à introdução de bactérias preexistentes do que ao DIU a longo prazo. IST ativa ou DIP atual são contraindicações à inserção.
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Risco Relativo de Gravidez Ectópica: O DIU de cobre é extremamente eficaz em prevenir qualquer gravidez, incluindo a ectópica. No entanto, na rara falha do método, há uma probabilidade maior de que essa gestação seja ectópica comparado a uma gravidez sem contracepção. Gravidez com DIU exige avaliação médica imediata.
Manejo e Atenção Médica: Efeitos colaterais leves tendem a melhorar. Procure avaliação médica imediata em caso de:
- Dor pélvica intensa ou progressiva.
- Febre ou calafrios.
- Corrimento vaginal com odor forte ou diferente.
- Sangramento vaginal muito intenso e persistente.
- Suspeita de gravidez.
- Se não sentir os fios do DIU ou sentir a haste do dispositivo.
Consultas de acompanhamento são importantes. Qualquer sintoma preocupante deve ser comunicado ao profissional de saúde.
Vantagens e Alta Eficácia do DIU de Cobre: Uma Opção Segura
O DIU de cobre destaca-se como uma das opções contraceptivas mais confiáveis, combinando alta eficácia, longa duração e um perfil de segurança notável, especialmente para quem busca alternativas livres de hormônios.
Principais Benefícios do DIU de Cobre:
- Eficácia Excepcional: Superior a 99% na prevenção da gravidez, superando métodos como pílulas no uso típico, pois independe da disciplina da usuária.
- Longa Duração de Proteção: O modelo TCu380A oferece proteção por até 10 anos, com evidências de eficácia até 12 anos, proporcionando comodidade.
- Totalmente Livre de Hormônios: Como já mencionado, esta característica é central.
- Preserva o ciclo menstrual natural: Ovulação e menstruação seguem seu curso fisiológico.
- Constitui uma opção segura para quem possui contraindicações a contraceptivos hormonais (histórico de trombose, certos tipos de enxaqueca, câncer de mama) ou prefere evitar hormônios sintéticos.
- Reversibilidade Imediata: A fertilidade retorna rapidamente após a remoção.
- Adequado para um Amplo Espectro de Mulheres: Incluindo nulíparas (que nunca tiveram filhos) e adolescentes, como esclarecido anteriormente ao desmistificar contraindicações. Sua eficácia "à prova de esquecimento" é vantajosa.
- Custo-Benefício Atrativo: A longa duração dilui o custo inicial, tornando-o econômico a longo prazo.
DIU de Cobre como Contracepção de Emergência de Alta Performance:
O DIU de cobre é o método mais eficaz de contracepção de emergência (CE).
- Inserido em até 5 dias (120 horas) após relação desprotegida, previne gravidez em mais de 99% dos casos.
- Sua eficácia como CE é superior às pílulas hormonais de emergência e não é afetada por medicamentos indutores enzimáticos.
Segurança e Considerações Adicionais:
Amplamente reconhecido pela segurança (Categoria 1 da OMS para a maioria das mulheres), não acarreta riscos associados a hormônios, como tromboembolismo venoso. Posiciona-se como um dos LARCs mais eficazes e seguros.
É fundamental ressaltar que o DIU de cobre não oferece proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O uso de preservativos é essencial para prevenção de ISTs. Embora seja uma excelente opção, o possível aumento no fluxo menstrual e cólicas, especialmente iniciais, deve ser discutido com seu ginecologista.
Inserção do DIU de Cobre: Preparo, Procedimento e Cuidados Posteriores
Compreender o processo de inserção do DIU de cobre é fundamental para uma experiência tranquila.
Avaliação Prévia: O Alicerce para uma Inserção Segura
Uma consulta médica detalhada é imprescindível para:
- Revisar histórico médico (identificar contraindicações).
- Realizar exame pélvico/genital (avaliar anatomia, descartar infecções ativas).
- Descartar gravidez.
- Avaliar risco de ISTs.
- Exames complementares: Citologia cérvico-vaginal (Papanicolau) e ultrassonografia pélvica pré-inserção não são rotineiramente necessárias se o exame físico for normal.
O Momento Ideal e Quem Pode Realizar a Inserção
- Quando inserir?
- Pode ser inserido em qualquer fase do ciclo menstrual (com certeza de ausência de gravidez). Muitos preferem durante a menstruação.
- Pós-parto: Imediatamente após a dequitação (até 10 min) ou em até 48h. Entre 48h e 4 semanas pós-parto geralmente não é recomendado.
- Contracepção de emergência: Em até 5 dias após relação desprotegida.
- Quem pode realizar e onde?
- Profissional de saúde treinado (médicos ginecologistas, de família, enfermeiros capacitados).
- Procedimento ambulatorial (consultórios, clínicas, UBS).
O Procedimento de Inserção: Simples e Rápido
Geralmente dura poucos minutes:
- Visualização do colo uterino com espéculo.
- Limpeza do colo com antisséptico.
- Medição da profundidade uterina (histerômetro, opcional).
- Inserção do DIU através do tubo aplicador.
- Remoção do aplicador; DIU se abre; fios são cortados (2-3 cm).
- Desconforto e Anestesia: Cólicas são comuns. Maioria tolera sem anestesia; analgésicos prévios ou anestesia local podem ser discutidos.
- Antibioticoprofilaxia: Não é recomendada de rotina.
Cuidados Pós-Inserção: Acompanhamento e Sinais de Alerta
- Sensações Comuns: Cólicas leves e pequeno sangramento/escape por alguns dias.
- Primeira Consulta de Revisão: Após a primeira menstruação ou 3-6 semanas após a inserção para verificar posicionamento (visualização dos fios).
- Acompanhamento e Ultrassonografia: Ultrassonografia de rotina não é obrigatória pós-inserção. Indicada se sintomas como dor pélvica crônica, febre, sangramento anormal, suspeita de expulsão, perfuração ou gestação.
- Sinais de Alerta (Procure seu médico):
- Dor abdominal/pélvica intensa ou progressiva.
- Febre ou calafrios.
- Corrimento vaginal com odor forte ou cor diferente.
- Sangramento vaginal muito intenso ou prolongado.
- Atraso menstrual ou sinais de gravidez.
- Não sentir os fios do DIU ou se parecerem alterados.
- Riscos e Complicações: Conforme detalhado na seção sobre riscos, complicações como expulsão, perfuração ou infecção (DIP) são raras, mas é crucial reconhecer os sinais.
Indicações para Retirada do DIU de Cobre
Pode ser retirado a qualquer momento por profissional treinado. Principais indicações:
- Fim do prazo de validade.
- Desejo de engravidar.
- Desenvolvimento de condição médica que contraindique o uso.
- Complicações persistentes (sangramento excessivo, dor intratável).
- DIP que não melhora com tratamento antibiótico (a ser considerado).
- Gravidez com o DIU (após exclusão de gestação ectópica, remoção pode ser recomendada no início se fios visíveis).
DIU de Cobre em Situações Especiais: Pós-Parto, Nulíparas, Adolescentes e HIV
A escolha contraceptiva deve ser personalizada. Veja como o DIU de cobre se aplica em contextos específicos:
DIU de Cobre no Pós-Parto e Durante a Lactação
- Momento da Inserção:
- Pós-parto imediato: Logo após a saída da placenta ou nas primeiras 48 horas (Categoria 1 OMS).
- Inserção tardia: Aguardar pelo menos 4 semanas após o parto. Evitar entre 48 horas e 4 semanas (maior risco de expulsão).
- Taxa de expulsão pode ser um pouco maior na inserção imediata, mas o benefício da contracepção imediata pode superar.
- Compatibilidade com a Amamentação: Totalmente compatível. Por ser não hormonal, não interfere no leite materno. Escolha segura para lactantes (Categoria 1 ou 2 OMS).
DIU de Cobre em Mulheres Nulíparas e Adolescentes
Mitos sobre inadequação para esses grupos estão ultrapassados.
- Nuliparidade e Adolescência NÃO são Contraindicações: OMS e sociedades médicas reconhecem o DIU de cobre como método contraceptivo de primeira linha (LARC) para adolescentes e nulíparas. Sua alta eficácia, independente da adesão diária, é uma vantagem.
- Considerações Específicas:
- Desconforto na Inserção: Pode ser um pouco maior; manejo da dor pode ser usado.
- Risco de Expulsão: Pode ser ligeiramente maior.
- Risco de ISTs e DIP: O DIU não protege contra ISTs. Adolescentes podem ter risco aumentado para ISTs. Uma IST não tratada no momento da inserção aumenta o risco de DIP. Avaliação de risco de ISTs, testagem e aconselhamento são essenciais.
- Classificação da OMS: Geralmente Categoria 2 para <20 anos (benefícios superam riscos, devido a taxas de expulsão e risco de ISTs), Categoria 1 para >20 anos.
- Exames Prévios: Geralmente, ultrassonografia não é necessária antes da inserção em nulíparas ou adolescentes com exame clínico normal.
DIU de Cobre em Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV)
- HIV Assintomático e em Tratamento Adequado: Para mulheres clinicamente estáveis, assintomáticas, e/ou em terapia antirretroviral (TARV) com boa resposta imunológica (carga viral suprimida, CD4 adequado), o DIU de cobre é geralmente seguro (Categoria 1 ou 2 OMS).
- HIV Avançado ou Imunossupressão Grave: Se infecção em estágio avançado (AIDS) ou imunossupressão grave (CD4 <200 células/mm³, especialmente sem TARV ou sem resposta), a inserção é geralmente contraindicada (Categoria 3 ou 4 OMS) devido ao risco de complicações infecciosas. Se a condição evoluir para imunossupressão grave em usuária de DIU, a remoção pode ser aconselhada.
Em todas essas situações, a decisão deve ser individualizada com um profissional de saúde.
O Que Fazer em Caso de Gravidez ou Complicações com o DIU de Cobre?
Embora raro, é crucial saber como agir em caso de gravidez ou complicações com o DIU de cobre. A orientação médica imediata é sempre o passo mais importante.
Gravidez com o DIU de Cobre: Um Cenário Raro, Mas Possível
A taxa de falha é baixa (cerca de 0,6%/ano). Se suspeitar de gravidez, procure seu médico imediatamente.
1. Excluir Gravidez Ectópica: Primeiro, verificar se a gravidez é tópica (no útero) ou ectópica (fora, geralmente nas trompas). Se ocorrer falha do DIU, há um risco relativo aumentado de gestação ectópica (taxa cumulativa de ~0,4%). Gravidez ectópica é uma emergência médica.
2. Manejo da Gravidez Intrauterina com DIU de Cobre: Se a gravidez for intrauterina:
- Fio do DIU Visível e Gestação com Menos de 12 Semanas:
- Recomendação: Remover o DIU o mais breve possível para reduzir riscos de complicações.
- Profilaxia: Dose única de antibiótico (ex: azitromicina 500 mg) na remoção para prevenir infecções.
- Conscientização: Paciente deve ser informada dos riscos de manter o DIU e da remoção.
- Fio do DIU Não Visível ou Gestação com Mais de 12 Semanas:
- Recomendação: Não se deve tentar remover o DIU. Não há evidências que sustentem a tentativa de retirada nesses casos.
Riscos da Gravidez com o DIU Mantido no Útero: Aumenta consideravelmente os riscos de: aborto espontâneo (47-57%), aborto séptico, corioamnionite, ruptura prematura das membranas, parto prematuro.
Outras Complicações Significativas e Como Proceder
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Dor e Cólicas: Cólicas leves pós-inserção são comuns. Se a dor for intensa, persistente ou piorar, procure avaliação médica para investigar causas como infecção, mau posicionamento, expulsão ou perfuração, conforme detalhado anteriormente.
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Sangramento: Pequeno sangramento nos primeiros dias é normal. Sangramento uterino excessivo, prolongado ou irregular deve ser investigado.
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Expulsão do DIU: Pode ser total ou parcial. Sinais incluem sentir o DIU, fio mais longo, ou parceiro sentir durante relação. Use método de barreira e consulte seu médico.
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Infecção (Doença Inflamatória Pélvica - DIP): Rara, risco maior nas primeiras 3 semanas pós-inserção. Sinais de alerta: febre, dor pélvica persistente, corrimento com odor desagradável, dor na relação sexual. Procure atendimento médico imediato.
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Perfuração Uterina: Rara, geralmente na inserção. Se suspeita ou DIU localizado na cavidade abdominal, remoção cirúrgica é necessária.
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Mau Posicionamento do DIU: Pode comprometer eficácia e causar sintomas. Ultrassonografia pode ser solicitada para verificar a posição se houver suspeita.
A Importância Vital do Acompanhamento Médico
- Consulta Pós-Inserção: Recomendada após a primeira menstruação ou 3-6 semanas após a inserção.
- Avaliações Periódicas: Mantenha consultas ginecológicas de rotina.
- Ultrassonografia: Não obrigatória como rotina, mas indicada em caso de sintomas ou suspeitas.
- Exame Pélvico Pré-inserção: Essencial para descartar contraindicações.
Diante de qualquer sintoma incomum, suspeita de gravidez, ou dúvida sobre seu DIU, não hesite em procurar seu médico.
Navegar pelas opções contraceptivas pode ser complexo, mas esperamos que este guia detalhado sobre o DIU de Cobre tenha iluminado os aspectos cruciais deste método. Compreender seu funcionamento, quem pode ou não usá-lo, seus benefícios, potenciais riscos e o que esperar do processo de inserção e acompanhamento são passos fundamentais para uma decisão consciente e alinhada com suas necessidades e saúde. Lembre-se, a informação é uma ferramenta poderosa, mas a consulta com um profissional de saúde qualificado é insubstituível para uma orientação personalizada.