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Guia Completo

Faringoamigdalites: Guia Completo Sobre Causas, Sintomas e Tratamento

Por ResumeAi Concursos
Visão anatômica da faringoamigdalite: amígdalas inchadas, vermelhas e inflamadas na garganta.

Dor de garganta é um dos desconfortos mais universais que existem, mas por trás dessa queixa comum se esconde uma complexidade que impacta diretamente nossa saúde. Entender a diferença entre uma infecção viral, que melhora com repouso, e uma bacteriana, que exige tratamento específico para evitar complicações graves como a febre reumática, não é apenas conhecimento médico — é uma ferramenta de empoderamento. Este guia foi elaborado por nossa equipe editorial para ir além do superficial, capacitando você a reconhecer os sinais, compreender a importância do diagnóstico preciso e dialogar com seu médico de forma mais informada. Nosso objetivo é transformar a incerteza em clareza, garantindo que cada dor de garganta receba o cuidado que realmente necessita.

O Que São Faringoamigdalites? Entendendo a Famosa Dor de Garganta

Aquela sensação incômoda de arranhado e a dificuldade para engolir, muitas vezes chamada genericamente de "dor de garganta", tem um nome técnico: faringoamigdalite. O termo descreve o processo inflamatório e infeccioso que afeta a faringe (a parte de trás da garganta) e as amígdalas (as duas massas de tecido que vemos no fundo da boca). Essa inflamação se manifesta através de vermelhidão, inchaço, calor e, claro, a dor que tanto incomoda.

Essa condição é uma das queixas mais frequentes nos consultórios e prontos-socorros, especialmente na população pediátrica, com pico de incidência entre 5 e 15 anos. Contudo, o ponto mais crucial é que "dor de garganta" não é tudo igual. A causa por trás da inflamação é o que define o quadro, o tratamento e os riscos associados. Existem, fundamentalmente, dois grandes grupos de causas:

  • Virais: São as mais comuns, respondendo pela grande maioria dos casos (cerca de 70% a 80%). Vírus como Adenovírus, Rinovírus e Epstein-Barr são os principais responsáveis.
  • Bacterianas: Embora menos frequentes, são as que exigem maior atenção. A bactéria mais importante neste cenário é o Streptococcus pyogenes.

A distinção entre essas duas causas é fundamental. Enquanto as infecções virais são autolimitadas, as faringoamigdalites bacterianas, se não tratadas adequadamente com antibióticos, podem levar a complicações sérias e tardias, como a febre reumática (que afeta o coração e as articulações) e a glomerulonefrite (uma inflamação nos rins). Por isso, entender a origem da sua dor de garganta vai muito além do alívio do sintoma: é uma questão de saúde e prevenção.

Viral ou Bacteriana? Desvendando as Principais Causas

Como vimos, a causa da inflamação é o fator decisivo. Vamos agora conhecer os principais agentes por trás de cada tipo.

O Universo Viral: A Grande Maioria dos Casos

Os vírus são os protagonistas na maioria das dores de garganta, especialmente em adultos e crianças com menos de 3 anos. Os principais agentes incluem:

  • Adenovírus: Um dos mais comuns, pode causar a chamada "febre faringoconjuntival", que associa dor de garganta, febre e conjuntivite. Um ponto crucial é que a infecção por adenovírus pode apresentar placas de pus (exsudato), um sinal muitas vezes confundido com infecção bacteriana.
  • Vírus Epstein-Barr (VEB): É o agente da mononucleose infecciosa, a "doença do beijo". Caracteriza-se por uma faringite intensa com grande aumento das amígdalas, febre, fadiga extrema e aumento de gânglios por todo o corpo.
  • Outros Vírus Respiratórios: Rinovírus (do resfriado comum), Influenza (da gripe) e Enterovírus (como o Coxsackie, que causa a herpangina) também são causas frequentes.

O Suspeito Bacteriano: Quando a Bactéria é a Culpada

Embora representem a minoria, as faringoamigdalites bacterianas demandam atenção especial.

  • Streptococcus pyogenes: Esta bactéria, também chamada de Estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBHGA), é o agente bacteriano mais importante. É responsável por 15% a 30% dos casos em crianças de 5 a 15 anos — seu principal alvo. A infecção por EBHGA é a que mais preocupa os médicos, pois seu tratamento inadequado pode levar a complicações graves como a já mencionada febre reumática e a glomerulonefrite pós-estreptocócica.
  • Outras Bactérias: Agentes como Estreptococos dos grupos C e G são causas menos comuns. O Staphylococcus aureus está mais associado a complicações como o abscesso periamigdaliano.

A diferenciação apenas pelos sintomas pode ser um desafio, pois há sobreposição. Por isso, a avaliação médica detalhada é essencial.

Sintomas em Foco: Pistas para Diferenciar a Causa da Infecção

Analisar o conjunto dos sinais e a forma como eles se manifestam é fundamental para direcionar a suspeita diagnóstica.

O quadro clínico viral geralmente se assemelha a um resfriado ou gripe, com um início mais gradual e um conjunto de sintomas característicos:

  • Tosse e Coriza: A presença de tosse e nariz escorrendo ou entupido é um forte indicativo de causa viral.
  • Sintomas Associados: É comum a ocorrência de conjuntivite, rouquidão ou diarreia.
  • Febre: Tende a ser mais baixa ou moderada.

Por outro lado, a faringoamigdalite bacteriana por Estreptococo costuma ter uma apresentação mais dramática e localizada, sendo mais comum em crianças em idade escolar (5 a 15 anos):

  • Início Súbito: A dor de garganta e a febre aparecem de forma abrupta.
  • Febre Alta: Temperaturas acima de 38,5°C são comuns.
  • Ausência de Tosse: Este é um sinal muito importante. A ausência de tosse e outros sintomas "de resfriado" fala fortemente a favor de uma causa bacteriana.
  • Gânglios Doloridos: Os gânglios linfáticos na parte da frente do pescoço ficam inchados e muito doloridos ao toque.
  • Achados na Garganta: Podem ser observadas petéquias (pontos vermelhos) no céu da boca e inchaço da úvula (o "sininho").

O Mito das "Placas de Pus"

Um dos maiores mitos é que a presença de exsudato purulento (as "placas de pus") é um sinal definitivo de infecção bacteriana. Isso não é verdade. Embora comum nos quadros bacterianos, alguns vírus, como o Adenovírus e o Epstein-Barr, também podem provocar um exsudato intenso. Portanto, a presença de placas, isoladamente, não confirma a causa.

| Característica | Faringoamigdalite Viral (Típica) | Faringoamigdalite Bacteriana (Típica) | | :--- | :--- | :--- | | Início | Gradual, progressivo | Súbito, abrupto | | Febre | Ausente, baixa ou moderada | Alta (> 38,5°C) | | Tosse e Coriza | Presentes (sinal forte de vírus) | Ausentes (sinal forte de bactéria) | | Gânglios Cervicais | Podem estar aumentados, mas geralmente menos dolorosos | Aumentados e dolorosos (região anterior) | | Outros Sintomas | Conjuntivite, rouquidão, diarreia | Dor de cabeça, dor abdominal, náuseas | | Exsudato | Pode ocorrer (geralmente branco) | Frequente (geralmente amarelado), mas não exclusivo |

O Diagnóstico Correto: Da Avaliação Clínica aos Exames

Como os sintomas podem se sobrepor, a avaliação médica vai além da observação, utilizando ferramentas para confirmar a suspeita e definir o tratamento.

Os Critérios de Centor: Organizando a Suspeita Clínica

Para objetivar a suspeita de faringite estreptocócica, os médicos frequentemente utilizam os Critérios de Centor, um sistema de pontuação que avalia quatro sinais clínicos que discutimos:

  1. Febre (> 38°C).
  2. Ausência de tosse.
  3. Linfonodos cervicais anteriores inchados e dolorosos.
  4. Presença de exsudato ou inchaço nas amígdalas.

Cada critério presente soma 1 ponto. Uma pontuação baixa (0 ou 1) torna a causa bacteriana muito improvável. Uma pontuação alta (3 ou 4) eleva a suspeita e geralmente indica a necessidade de confirmação laboratorial.

A Confirmação Laboratorial: O Veredito Final

Quando a suspeita clínica para uma infecção bacteriana é moderada ou alta, a confirmação é imprescindível antes de iniciar o tratamento com antibióticos. Os dois principais exames são:

  • Teste Rápido para Estreptococo: Realizado com um swab (cotonete) que coleta uma amostra da secreção da garganta. O resultado sai em poucos minutos e permite uma decisão terapêutica imediata.
  • Cultura de Orofaringe: Considerado o padrão-ouro. A amostra é enviada ao laboratório para que as bactérias, se presentes, cresçam em um meio de cultura. O resultado leva de 24 a 48 horas, mas é o teste mais sensível. É frequentemente solicitado quando o teste rápido é negativo, mas a suspeita clínica permanece alta.

Tratamento Adequado: Antibióticos São Sempre a Resposta?

A resposta é um sonoro não. A estratégia de tratamento depende inteiramente da causa.

Quando a Causa é Viral: O Foco é no Alívio e Suporte

Na maioria dos casos, a infecção é viral e o quadro é autolimitado. O uso de antibióticos é totalmente ineficaz e contraindicado. O tratamento foca em medidas de suporte para aliviar os sintomas:

  • Hidratação Adequada: Beber bastante líquido.
  • Analgésicos e Antitérmicos: Paracetamol ou ibuprofeno para controlar a dor e a febre.
  • Repouso: Fundamental para uma recuperação mais rápida.
  • Medidas Locais: Gargarejos com água morna e sal, pastilhas ou sprays analgésicos.

O uso desnecessário de antibióticos em quadros virais fomenta a resistência bacteriana, um grave problema de saúde pública.

Quando a Causa é Bacteriana: A Importância da Antibioticoterapia

Quando a faringoamigdalite é causada pelo Streptococcus pyogenes, o tratamento com antibióticos é essencial. Os objetivos são claros:

  1. Prevenir Complicações: Como mencionado, o objetivo mais crucial é prevenir a febre reumática e abscessos.
  2. Acelerar a Recuperação: Reduzir a duração e a intensidade dos sintomas.
  3. Diminuir a Transmissão: O paciente deixa de ser contagioso em cerca de 24 horas após o início do tratamento.

O tratamento de escolha é a penicilina ou seus derivados, como a amoxicilina, geralmente por um período de 10 dias. É fundamental completar o ciclo prescrito, mesmo com a melhora dos sintomas, para erradicar a bactéria. Para pacientes alérgicos, existem outras opções seguras, como a azitromicina.

Sinais de Alerta e Outras Causas de Dor de Garganta

Embora a maioria das dores de garganta seja benigna, é vital reconhecer outras causas e os sinais de alerta que exigem atenção imediata.

Outras Causas Infecciosas

  • Mononucleose Infecciosa: Causada pelo vírus Epstein-Barr, provoca uma faringite intensa e exsudativa. É importante notar que uma síndrome semelhante (mono-like) pode ser um dos primeiros sinais da infecção aguda pelo HIV, reforçando a necessidade de investigação cuidadosa.
  • Herpangina e Gengivoestomatite Herpética: Quadros virais caracterizados por bolhas ou úlceras na boca e garganta, causados pelo vírus Coxsackie e Herpes simplex, respectivamente.
  • Candidíase Orofaríngea (Amigdalite Fúngica): Mais comum em bebês ou pessoas com o sistema imunológico comprometido, apresenta placas brancas e cremosas na boca e faringe.

Sinais de Alerta: Quando Procurar Atendimento Médico Imediato?

Fique atento se a dor de garganta vier acompanhada de:

  • Dificuldade para respirar ou engolir a própria saliva;
  • Voz abafada ou incapacidade de abrir a boca completamente (trismo);
  • Febre alta que não cede ou persiste por mais de 3 dias;
  • Rigidez no pescoço ou dor intensa ao movimentá-lo;
  • Inchaço visível no pescoço;
  • Erupção cutânea (manchas na pele);
  • Sinais de desidratação (boca seca, pouca urina, tontura).

A presença de qualquer um desses sinais justifica uma visita ao pronto-socorro para descartar complicações graves, como um abscesso periamigdaliano.


Percorremos um longo caminho desde a simples "dor de garganta" até a compreensão das suas diferentes causas, sintomas e tratamentos. O conhecimento mais valioso que você leva deste guia é a capacidade de discernir: a maioria dos casos é viral e se resolve com paciência e cuidados de suporte, enquanto uma minoria bacteriana exige um diagnóstico preciso e o uso correto de antibióticos para prevenir consequências sérias. Essa distinção é a chave para o seu bem-estar e para o combate à resistência bacteriana, um desafio de todos nós.

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