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Guia Completo

Herpes: Guia Completo Sobre Tipos, Sintomas, Diagnóstico e Tratamentos (HSV, Zoster)

Por ResumeAi Concursos
Herpesvírus: estrutura 3D com capsídeo (DNA), tegumento, envelope e espículas. Causa de HSV e Zoster.

Neste guia completo, mergulhamos no universo dos vírus do herpes, desde os conhecidos HSV-1 e HSV-2, causadores do herpes labial e genital, até o VZV, responsável pela catapora e pelo herpes zoster. Nosso objetivo é capacitar você com informações claras e precisas sobre os tipos virais, seus ciclos de vida, formas de transmissão, sintomas característicos, métodos diagnósticos e as mais atuais opções de tratamento e prevenção. Entender o herpes é o primeiro passo para um manejo eficaz, promovendo saúde, bem-estar e desmistificando uma condição que afeta milhões de pessoas.

Desvendando os Vírus do Herpes: Tipos, Ciclo Viral e Formas de Transmissão

Os vírus do herpes pertencem a uma vasta e importante família viral conhecida como Herpesviridae. Estes vírus são notórios por uma característica peculiar: a capacidade de estabelecer infecções latentes, ou seja, após uma infecção inicial, eles podem permanecer "adormecidos" no organismo por toda a vida do indivíduo, com potencial para reativações periódicas. Todos os membros desta família possuem DNA como material genético. Embora existam diversos herpesvírus que infectam humanos, como o Citomegalovírus (CMV), o vírus Epstein-Barr (EBV) e o Herpesvírus Humano 8 (HHV-8), nosso foco recai sobre aqueles mais diretamente ligados às manifestações comuns de herpes: o Vírus Herpes Simples (HSV) e o Vírus Varicela-Zoster (VZV), ambos classificados como alfa-herpesvírus.

Os Protagonistas: HSV-1, HSV-2 e VZV

Os alfa-herpesvírus, como o HSV e o VZV, são caracterizados por serem citolíticos (causam a destruição das células infectadas), neurotrópicos (possuem afinidade pelo tecido nervoso), apresentarem um ciclo de replicação relativamente rápido e, crucialmente, estabelecerem latência nos gânglios sensitivos do sistema nervoso.

  • Vírus Herpes Simples Tipo 1 (HSV-1): Tradicionalmente, o HSV-1 é o principal responsável pelo herpes oral (conhecido popularmente como herpes labial). No entanto, é cada vez mais reconhecido como uma causa significativa de herpes genital, principalmente devido à transmissão através do sexo oral.
  • Vírus Herpes Simples Tipo 2 (HSV-2): Este tipo é classicamente associado ao herpes genital, sendo sua causa predominante. Contudo, o HSV-2 também pode, embora com menor frequência, causar lesões orais.
  • Vírus Varicela-Zoster (VZV): Também conhecido como herpesvírus humano tipo 3 (HHV-3), o VZV é o agente causador da varicela (catapora) durante a primoinfecção. Após a resolução da catapora, o VZV estabelece latência nos gânglios nervosos e sua reativação, anos mais tarde, resulta no herpes zoster (popularmente chamado de "cobreiro").

É importante notar que, embora HSV-1 e HSV-2 sejam tipos distintos, ambos podem causar lesões clinicamente indistinguíveis: tipicamente vesículas agrupadas sobre uma base avermelhada (eritematosa). Essas vesículas contêm um líquido claro e, com a evolução, rompem-se, formando úlceras rasas e dolorosas, que posteriormente formam crostas e cicatrizam, geralmente sem deixar marcas.

O Ciclo da Infecção Herpética: Uma Jornada de Três Fases

A infecção pelos vírus do herpes, especialmente o HSV, segue um padrão característico:

  1. Primoinfecção: O primeiro contato do organismo com o vírus. Pode ser sintomática, com lesões vesiculares típicas, mal-estar, febre e linfadenopatia, sendo geralmente mais intensa e prolongada (ex: gengivoestomatite herpética em crianças). Crucialmente, em muitos casos (cerca de 70-75% das primoinfecções genitais), é assintomática ou leve, mas mesmo assim ocorre replicação viral e risco de transmissão.

  2. Latência: Após a fase aguda, o vírus migra para os gânglios nervosos sensitivos (ex: trigeminal para infecções orofaciais, sacrais para genitais) e permanece em estado de dormência, sem se replicar ativamente.

  3. Reativação (Recorrência): Sob estímulos como estresse, febre, exposição solar, alterações hormonais ou imunodeficiência, o vírus latente pode "acordar", replicar-se e viajar de volta à pele ou mucosas, causando um novo episódio de lesões. As recorrências são geralmente menos intensas e mais curtas que a primoinfecção, frequentemente precedidas por sintomas prodrômicos (coceira, formigamento, queimação). A frequência varia; infecções genitais por HSV-2 tendem a recorrer mais que as por HSV-1.

Formas de Transmissão: Como o Herpes se Espalha

A transmissão ocorre predominantemente por contato direto com lesões ativas (vesículas ou úlceras) ou com secreções infectadas (saliva, secreções genitais). Isso pode acontecer através de beijo (herpes oral) ou contato sexual (herpes genital, uma IST). O herpes genital é uma das principais causas de úlceras genitais globalmente.

Um aspecto crucial é a transmissão assintomática: uma pessoa pode transmitir o vírus mesmo sem lesões aparentes, devido à replicação viral subclínica ("shedding" viral). Este fenômeno é um desafio no controle da disseminação, especialmente do herpes genital. Como já mencionado, o HSV-1 é comum no herpes oral, mas também causa uma parcela crescente de herpes genital, enquanto o HSV-2 predomina no herpes genital.

Compreender esses aspectos é fundamental para diagnóstico, tratamento, prevenção e aconselhamento, ajudando a reduzir o estigma e a disseminação.

Herpes Simples (HSV): Manifestações Comuns, Sintomas e Características Detalhadas

O Vírus Herpes Simples (HSV) manifesta-se de várias formas, sendo as mais conhecidas o herpes labial e o genital. Embora o HSV-1 esteja classicamente ligado a infecções orofaciais e o HSV-2 a infecções genitais, ambos podem infectar ambas as regiões, com um aumento notável de HSV-1 em casos de herpes genital.

Manifestações Orais (Herpes Labial e Outras)

  • Herpes Labial: Causado principalmente por HSV-1, apresenta vesículas agrupadas sobre base eritematosa nos lábios ou ao redor da boca. Sintomas prodrômicos (formigamento, coceira, ardência) são comuns. As vesículas rompem-se, formando úlceras dolorosas que evoluem para crostas e cicatrizam em 7-10 dias.
  • Gengivoestomatite Herpética: Manifestação comum da primoinfecção por HSV-1 em crianças. Cursa com febre alta, gengivas inflamadas e sangrantes, e múltiplas úlceras dolorosas na boca, dificultando a alimentação.
  • Faringite Herpética: HSV-1 pode causar faringite em adultos jovens, com febre, dor de garganta e úlceras na faringe e tonsilas.

Herpes Genital

Uma IST comum e a principal causa de úlcera genital mundialmente. O HSV-2 é o agente mais frequente, mas a incidência de HSV-1 tem aumentado.

  • Sintomas Prodrômicos: Cerca de dois terços dos indivíduos relatam ardência, formigamento ou dor local antes das lesões.
  • Características das Lesões: Início com pápulas eritematosas, progredindo para múltiplas vesículas agrupadas e dolorosas, que se rompem formando úlceras rasas e dolorosas. Estas secam, formam crostas e cicatrizam em 10-20 dias (até 3 semanas na primoinfecção), geralmente sem deixar cicatrizes.
  • Localizações Comuns:
    • Em mulheres: Pequenos e grandes lábios, clitóris, fúrcula vaginal, períneo, nádegas, coxas e colo uterino (pode causar corrimento e cervicite).
    • Em homens: Glande, prepúcio, corpo do pênis, escroto, coxas e nádegas.
  • Sintomas Associados: Adenopatia inguinal dolorosa é comum na primoinfecção. Sintomas sistêmicos (febre, mal-estar, mialgia) podem ocorrer na primoinfecção sintomática. Disúria pode estar presente.
  • Primoinfecção Assintomática: Ocorre em até 75% dos casos, mas o indivíduo ainda pode transmitir o vírus.
  • Recorrências: Crônicas e recidivantes. Reativações são mais frequentes com HSV-2 (cerca de 90% dos pacientes) do que com HSV-1 genital (cerca de 60%). Episódios recorrentes são mais leves e curtos (2-10 dias), muitas vezes precedidos por pródromos. Fatores desencadeantes incluem febre, estresse, menstruação, luz solar e imunodeficiência.

Outras Manifestações do Herpes Simples

  • Ceratite Herpética: Infecção ocular da córnea, com desconforto, olho vermelho, fotofobia e visão embaçada. A úlcera dendrítica é um sinal clássico.
  • Panarício Herpético: Infecção dolorosa nos dedos, por autoinoculação ou contato. Causa edema, eritema e vesículas profundas.
  • Herpes em Outras Localizações Cutâneas: Pode ocorrer em nádegas, coxas, tronco, etc., com lesões vesiculares típicas.
  • Herpes Disseminado ou Crônico em Imunocomprometidos: Infecções mais graves, extensas e persistentes em pacientes com HIV/AIDS, transplantados, etc. Podem ocorrer úlceras crônicas, lesões atípicas ou herpes visceral. O eczema herpético (erupção variceliforme de Kaposi) é uma superinfecção grave em pessoas com dermatites preexistentes.
  • Acometimento do Sistema Nervoso Central (SNC):
    • Meningite Herpética: Geralmente por HSV-2, causa meningite viral asséptica, benigna e autolimitada.
    • Meningoencefalite Herpética: Complicação grave, mais por HSV-1 em adultos. Causa inflamação cerebral, febre, alteração de consciência, convulsões. Requer tratamento antiviral urgente.

A diversidade de apresentações reforça a necessidade de avaliação médica para diagnóstico e tratamento adequados.

Herpes Zoster (Cobreiro): Da Varicela à Dolorosa Reativação Viral

O Herpes Zoster, ou "cobreiro", é a reativação do Vírus Varicela-Zoster (VZV), o mesmo que causa a catapora (varicela). Após a catapora, o VZV permanece latente nos gânglios nervosos sensitivos. Sua reativação, muitas vezes ligada à queda da imunidade (envelhecimento, estresse, doenças), origina o Herpes Zoster.

O Despertar Doloroso: Quadro Clínico Típico

  1. Fase Prodrômica (Sintomas Iniciais): Dura de 1 a 5 dias (ou mais) antes das lesões cutâneas. Inclui dor (queimação, agulhadas, latejante, formigamento) na área do nervo afetado, sensibilidade aumentada na pele (hiperestesia), prurido. Pode haver mal-estar, cefaleia e febre baixa.
  2. Fase Eruptiva (Lesões na Pele):
    • Erupção Unilateral em Dermátomos: Lesões surgem tipicamente em um lado do corpo, seguindo o trajeto de um nervo sensitivo (dermátomo), sem ultrapassar a linha média.
    • Aparência das Lesões: Manchas avermelhadas e pápulas evoluem para vesículas agrupadas sobre base avermelhada. Podem se tornar pústulas ou hemorrágicas.
    • Localização Comum: Tronco (regiões torácica e lombar) e face são os mais frequentes. Novas vesículas podem surgir por 3-5 dias.
  3. Fase de Crostas e Resolução: Vesículas secam e formam crostas em 7-10 dias, que caem em 2-4 semanas. Podem ocorrer alterações de pigmentação ou cicatrizes.

Complicações a Serem Vigiadas

  • Neuralgia Pós-Herpética (NPH): A complicação crônica mais comum. Persistência da dor no dermátomo afetado por mais de 90 dias após a erupção. A dor pode ser intensa e durar meses ou anos. Risco aumenta com a idade e gravidade da fase aguda.
  • Herpes Zóster Oftálmico: Reativação no ramo oftálmico do nervo trigêmeo, afetando a região ocular. Emergência médica que requer avaliação oftalmológica urgente, pois pode levar a uveíte, ceratite, glaucoma e perda de visão. O sinal de Hutchinson (vesículas na ponta, lateral ou raiz do nariz) indica alto risco de envolvimento ocular.
  • Outras Complicações Neurológicas: Menos comuns, incluem Síndrome de Ramsay Hunt (paralisia facial periférica com erupção no canal auditivo/boca, dor de ouvido, zumbido, vertigem, perda auditiva), meningite asséptica, encefalite, mielite, neuropatias motoras.
  • Infecção Bacteriana Secundária: Lesões abertas podem infeccionar, piorando a inflamação e o risco de cicatrizes.
  • Herpes Zoster Disseminado: Em imunocomprometidos, o vírus pode se espalhar para múltiplos dermátomos ou órgãos internos, sendo um quadro grave.

Transmissão do Vírus

Uma pessoa com Herpes Zoster ativo (com vesículas) pode transmitir o VZV para quem nunca teve catapora ou não foi vacinado. A pessoa exposta desenvolverá catapora, não Herpes Zoster diretamente. A transmissão ocorre por contato direto com o fluido das vesículas. Manter as lesões cobertas é recomendado.

O tratamento antiviral precoce pode reduzir sintomas e o risco de complicações como a NPH.

Diagnóstico do Herpes: Abordagens Clínicas, Laboratoriais e Diagnóstico Diferencial

Identificar corretamente as infecções por herpes é crucial. O diagnóstico combina avaliação clínica, exames laboratoriais e diagnóstico diferencial.

1. Avaliação Clínica: A Base do Diagnóstico

Muitas vezes, o diagnóstico é clínico, baseado nas lesões e sintomas:

  • Herpes Genital (HSV-1 ou HSV-2): Presença das típicas vesículas agrupadas ou úlceras dolorosas na região genital, anal ou coxas. Sintomas prodrômicos, linfadenopatia inguinal dolorosa (especialmente na primoinfecção) e natureza recorrente são indicativos. Lesões no colo uterino podem causar corrimento.
  • Herpes Simples Oral (principalmente HSV-1): "Herpes labial" com vesículas agrupadas nos lábios/ao redor da boca. Primoinfecção em crianças pode ser gengivoestomatite herpética.
  • Herpes Zoster (VZV): Dor prodrômica seguida por erupção vesicular unilateral, seguindo um dermátomo, sem cruzar a linha média.
  • Varicela (VZV): Exantema polimórfico (lesões em diferentes estágios: pápulas, vesículas, pústulas, crostas) e pruriginoso, distribuído por todo o corpo.

2. Exames Laboratoriais para Confirmação

Úteis em casos atípicos, graves ou com implicações de saúde pública:

  • Reação em Cadeia da Polimerase (PCR): O método preferido e mais sensível para diagnóstico agudo. Detecta DNA viral de amostras de lesões, sangue ou líquor (LCR) – padrão-ouro para encefalite herpética. Em suspeita forte de encefalite herpética com PCR inicial negativo no LCR, recomenda-se recoleta e repetição em 48h, mantendo tratamento antiviral.
  • Cultura Viral: Específica, mas menos sensível que o PCR, especialmente em lesões antigas.
  • Sorologia (Pesquisa de Anticorpos IgG/IgM): Detecta anticorpos no sangue. Não útil para diagnóstico de episódio agudo. Pode identificar infecção prévia, diferenciar HSV-1 de HSV-2 (com testes tipo-específicos) e auxiliar no aconselhamento.
  • Teste de Tzanck (Citodiagnóstico): Esfregaço da base da vesícula pode revelar células gigantes multinucleadas, características de herpesvírus (HSV e VZV). Rápido, baixo custo, mas menor sensibilidade/especificidade que PCR; não diferencia HSV de VZV.
  • Exame Histopatológico (Biópsia): Raramente necessário para casos típicos. Considerado em casos atípicos ou persistentes.
  • Outros Exames: Hemograma, função hepática/renal, exames de imagem (TC, RM cerebral para encefalite herpética, mostrando edema/necrose nos lobos temporais) em casos complicados.

3. Diagnóstico Diferencial: Distinguindo o Herpes de Outras Condições

  • Herpes Genital (vs. outras úlceras genitais):
    • Cancro Mole: Úlceras múltiplas, dolorosas, fundo purulento; sem vesículas prévias.
    • Sífilis Primária: Úlcera geralmente única, indolor, base endurecida.
    • Donovanose: Úlceras crônicas, indolores, aspecto vermelho vivo, granuloso.
    • Linfogranuloma Venéreo (LGV): Lesão primária pequena e fugaz, seguida por linfadenopatia inguinal significativa.
    • Candidíase Vulvovaginal: Prurido, hiperemia, corrimento esbranquiçado; fissuras, não úlceras típicas.
    • Dermatite de Contato/Alérgica: Lesões eczematosas, prurido intenso.
    • Molusco Contagioso: Pápulas umbilicadas, indolores.
  • Herpes Simples Oral (vs. outras lesões orais):
    • Aftas: Úlceras com fundo amarelado/acinzentado, halo vermelho; não precedidas por vesículas.
    • Síndrome Mão-Pé-Boca: Vesículas dolorosas na boca, mãos, pés.
    • Candidíase Oral: Placas brancas cremosas removíveis.
  • Herpes Zoster (vs. outras erupções dolorosas):
    • Herpes Simples (HSV): Raramente segue dermátomo tão precisamente.
    • Infecções Cutâneas Bacterianas (ex: Impetigo, Erisipela): Dor, vermelhidão, bolhas/pústulas, mas geralmente não seguem dermátomo.
    • Dermatite de Contato Aguda: História de exposição a irritante/alérgeno.
  • Varicela (vs. outras doenças exantemáticas):
    • Sarampo, Rubéola: Exantemas maculopapulares, não polimorfismo vesicular.
  • Encefalite Herpética (vs. outras encefalites/meningites): Quadro clínico (cefaleia, febre, confusão, convulsões, déficits focais), LCR e neuroimagem são cruciais. Tratamento empírico com aciclovir é comum.

A precisão diagnóstica combina avaliação clínica, testes laboratoriais e conhecimento das condições diferenciais.

Tratamento e Manejo das Infecções Herpéticas: Opções Terapêuticas Atuais

Embora sem cura definitiva, o tratamento atual controla sintomas, diminui frequência e duração das crises e previne complicações. O ideal é iniciar o tratamento o mais cedo possível, preferencialmente na fase prodrômica ou nas primeiras 72 horas das lesões.

Abordagem Terapêutica Central: Medicamentos Antivirais

Os antivirais aciclovir, valaciclovir (pró-fármaco do aciclovir, melhor absorção) e fanciclovir são pilares. Atuam inibindo a replicação viral, ajudando a reduzir sintomas, acelerar cicatrização, diminuir disseminação viral e prevenir complicações. Usados para episódios agudos e em terapia supressiva diária para reduzir recorrências frequentes.

Tratamento Específico para Diferentes Tipos de Herpes

1. Herpes Genital (HSV-1 e HSV-2): Tratamento fundamentalmente com antivirais orais. Aciclovir oral é frequentemente a primeira escolha, inclusive para gestantes. Aciclovir tópico (pomada) não é recomendado como tratamento padrão devido à baixa eficácia comparado à terapia sistêmica.

  • Primo-infecção: Aciclovir 400mg, 3x/dia, por 7-10 dias. Opções: valaciclovir (1g, 2x/dia, 7-10 dias) ou fanciclovir.
  • Recidivas: Aciclovir 400mg, 3x/dia, por 5 dias (ou 800mg, 2x/dia, 5 dias). Opções: valaciclovir (500mg, 2x/dia, 3 dias; ou 1g, 1x/dia, 5 dias).
  • Terapia Supressiva: Para recorrências frequentes (ex: ≥6 episódios/ano) ou impacto na qualidade de vida. Aciclovir 400mg, 2-3x/dia, ou valaciclovir 500mg-1g, 1x/dia. Mantida por meses/anos, com reavaliação. Em gestantes com histórico, recomendada a partir da 36ª semana.

2. Herpes Labial (HSV-1):

  • Episódios leves: Aciclovir tópico pode aliviar se aplicado precocemente.
  • Episódios intensos/recorrentes: Antivirais orais (aciclovir, valaciclovir, fanciclovir) são mais eficazes, com posologias ajustadas.

3. Herpes Zoster (VZV): Tratamento antiviral precoce é crucial para reduzir dor aguda, duração das lesões e risco de neuralgia pós-herpética (NPH).

  • Antivirais Orais (por 7 dias):
    • Aciclovir: 800mg, 5x/dia.
    • Valaciclovir: 1g, 3x/dia.
    • Fanciclovir: 500mg, 3x/dia. Valaciclovir e fanciclovir têm posologia mais cômoda.
  • Manejo da Dor: Essencial. Analgésicos (paracetamol, dipirona), AINEs, opioides (dor intensa).
  • Corticosteroides Orais (ex: prednisona): Uso criterioso e controverso. Podem ser considerados em alguns casos (pacientes >50 anos, dor intensa, fase aguda), associados ao antiviral, para reduzir dor aguda. Não há consenso sobre benefício na prevenção da NPH; não usar isoladamente. Corticoides tópicos não são indicados.
  • Pacientes Imunossuprimidos: Podem necessitar de aciclovir intravenoso e manejo hospitalar.
  • Cuidados Locais: Compressas frias.

Tratamento de Complicações Graves

  • Meningoencefalite Herpética: Emergência; aciclovir intravenoso em altas doses.
  • Eczema Herpético: Aciclovir oral ou intravenoso.
  • Herpes Simples Neonatal: Aciclovir intravenoso (60 mg/kg/dia, a cada 8h, por 14-21 dias).

O Que NÃO Fazer: Tratamentos Ineficazes ou Não Recomendados

  • Antibióticos (amoxicilina, azitromicina, etc.): Ineficazes contra vírus. Só para infecção bacteriana secundária comprovada.
  • Aciclovir para Herpangina: Causada por outros vírus (Coxsackie); tratamento sintomático.
  • Gabapentina na fase aguda do Herpes Zoster: Usada para NPH (dor crônica), não lesões ativas.
  • Oseltamivir (Tamiflu®) para Herpes Zoster: Específico para Influenza.
  • Corticosteroides tópicos isolados para Herpes Zoster: Podem piorar a infecção viral.
  • Tratamento de parceiros assintomáticos de herpes genital: Indicado apenas para quem manifesta sintomas.

O manejo adequado, orientado por profissional de saúde, é essencial.

Herpes na Gestação: Cuidados Essenciais, Manejo do Parto e Riscos Neonatais

A presença do herpes genital (HSV-1 ou HSV-2) na gestação exige atenção especializada para proteger mãe e bebê, minimizando o risco de transmissão vertical.

Riscos da Herpes Genital Durante a Gestação

  • Primoinfecção no primeiro/segundo trimestre: Risco aumentado de abortamento espontâneo e perda fetal.
  • Infecção no terceiro trimestre (especialmente últimas 6 semanas): Maior preocupação para transmissão neonatal (risco até 50% se primoinfecção próxima ao termo), devido à alta carga viral e ausência de anticorpos maternos protetores transferidos ao feto.
  • Herpes recorrente ou infecção adquirida antes da segunda metade da gestação: Risco de transmissão ao bebê significativamente menor (<1%), pois a mãe possui anticorpos.
  • Transmissão intrauterina: Rara. Principal via é contato com lesões/secreções no canal de parto.

Distinguir primoinfecção de recorrência é crucial.

Profilaxia e Tratamento Antiviral em Gestantes

O tratamento com Aciclovir é considerado seguro e fundamental.

  • Tratamento de episódios ativos: Aciclovir oral (ex: 400mg, 3x/dia, 7-10 dias para primoinfecção; 5 dias para recorrências) para aliviar sintomas, acelerar cicatrização e diminuir excreção viral.
  • Terapia supressiva profilática: Para gestantes com histórico de herpes genital recorrente ou primeiro episódio na gestação, Aciclovir oral (ex: 400mg, 2x/dia) a partir da 36ª semana até o parto, para reduzir chance de recorrência ativa.

Manejo do Parto: Minimizando a Transmissão Vertical

A via de parto é guiada pela presença de lesões genitais ativas e histórico recente.

  • Cesariana Indicada: Fortemente recomendada se:
    • Presença de lesões herpéticas ativas (vesículas, úlceras) ou sintomas prodrômicos na região genital no início do trabalho de parto (mesmo com membranas íntegras ou rotas há pouco tempo).
    • Primoinfecção herpética no terceiro trimestre (especialmente últimas 6 semanas).
    • Rotura prematura de membranas (RPM) a termo com lesões ativas.
  • Parto Vaginal: Considerado na ausência de lesões genitais ativas ou pródromos, especialmente se em terapia supressiva.
  • Indução do Parto: Contraindicada com lesões ativas.
  • Aciclovir Endovenoso no Parto: Em parto vaginal iminente com lesões ativas, ou RPM pré-termo com lesões, pode-se administrar à mãe para tentar reduzir carga viral.
  • Rotura de Membranas Pré-Termo (RPM-PT) com lesões ativas: Decisão complexa, individualizada. Frequentemente, cesariana se houver trabalho de parto, associada a antiviral materno.

Diretrizes do MS, FEBRASGO e ACOG orientam essas condutas.

Herpes Simples Neonatal: Uma Ameaça Grave

Infecção viral devastadora adquirida pelo recém-nascido, geralmente durante o parto.

  • Manifestações Clínicas (surgem dias a semanas após nascimento):
    • Doença localizada na pele, olhos e boca (SEM): Lesões vesiculares, conjuntivite/ceratite, lesões orais.
    • Doença do sistema nervoso central (SNC): Encefalite (convulsões, letargia, déficits neurológicos).
    • Doença disseminada: Envolvimento de múltiplos órgãos; mais grave, alta mortalidade.
  • Diagnóstico e Manejo: Diagnóstico precoce (clínica + PCR). Tratamento imediato com Aciclovir endovenoso em altas doses. Recém-nascidos com suspeita/confirmação devem ser mantidos em isolamento de contato.

Comunicação aberta com a equipe de saúde é vital para planejamento e segurança.

Prevenção, Convivência com Herpes e o Papel da Imunidade

Viver com herpes (HSV ou VZV) envolve prevenção, cuidados contínuos e compreensão do sistema imunológico. Embora a erradicação viral não seja possível, medidas podem reduzir crises e transmissão.

Estratégias de Prevenção: Foco na Vacinação contra Herpes Zoster

  • Vacinação contra Herpes Zoster:
    • Disponibilidade e Recomendação: Importante para população mais velha. Licenciada para pessoas com 50 anos ou mais, fortemente recomendada para indivíduos com 60 anos ou mais. Não faz parte do PNI, disponível na rede privada.
    • Mesmo após um episódio: Recomendada para quem já teve herpes zoster (idealmente ~1 ano após episódio agudo resolvido).
    • Tipo de Vacina no Brasil: Vírus vivos atenuados.
    • Proteção Específica: Protege contra VZV (herpes zoster e catapora). Não protege contra HSV (herpes labial/genital).
    • Contexto da Varicela: Vacinação infantil contra varicela previne infecção primária por VZV, reduzindo risco futuro de zoster.

A Dança Delicada: Herpes e o Sistema Imunológico

  • HSV e Imunidade:
    • Herpes labial recorrente em indivíduos saudáveis não caracteriza, por si só, imunossupressão.
    • No herpes genital, primoinfecção sintomática costuma ser mais intensa devido à imaturidade da resposta imune específica inicial. Com o tempo, a memória imunológica torna recorrências menos severas.
  • Herpes Zoster e Imunidade: Reativação do VZV latente ocorre tipicamente com queda na imunidade celular específica (envelhecimento, imunocomprometimento).

Convivendo com o Herpes: Estratégias e Comunicação

  • Comunicação Aberta com Parceiros Sexuais:
    • No herpes genital, é extremamente importante dialogar abertamente com parceiros sobre o diagnóstico. Isso permite buscar orientação, diagnóstico e adotar medidas preventivas (preservativos, abstinência durante surtos).
  • Manejo Geral e Precauções:
    • Higiene: Manter lesões limpas e secas durante surtos.
    • Evitar Contato Direto: Durante crises, evitar contato das lesões com outros. No herpes zoster, vesículas ativas são transmissíveis (podem causar varicela em suscetíveis).
    • Profissionais de Saúde: Preferencialmente, aqueles com história de varicela (imunes) devem assistir pacientes com zoster.
    • Tratamento Antiviral para Zoster: Em imunocompetentes, geralmente dura 7 a 10 dias.

Considerações Especiais: Pacientes Imunocomprometidos

Em indivíduos com sistema imunológico comprometido (ex: portadores de HIV, pacientes transplantados, em uso de quimioterapia ou medicamentos imunossupressores), as infecções por HSV e VVZ podem ser mais frequentes, extensas, graves e prolongadas, exigindo acompanhamento médico especializado para um manejo adequado tanto do herpes quanto da condição de base que afeta a imunidade.

A informação correta, prevenção (vacina contra zoster), comunicação e fortalecimento imunológico são chaves para melhor qualidade de vida. Consulte sempre seu médico.

Chegamos ao fim do nosso guia sobre herpes, uma jornada que desvendou desde os mecanismos virais até as estratégias de tratamento e prevenção. Esperamos que este material tenha fortalecido seu entendimento sobre os diferentes tipos de herpes (HSV e Zoster), seus sintomas, como são diagnosticados e as abordagens terapêuticas disponíveis, capacitando-o a tomar decisões mais informadas sobre sua saúde e bem-estar. Lembre-se, a informação é uma ferramenta poderosa no cuidado da saúde.

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