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Guia Completo

ITU em Crianças e Gestantes: Guia Completo de Diagnóstico e Tratamento

Por ResumeAi Concursos
**Cluster de bactérias *E. coli* em bastonete com flagelos, causa de infecção urinária (ITU).**

A infecção do trato urinário (ITU) é uma condição médica comum, mas que exige atenção especial quando afeta crianças e gestantes – dois grupos particularmente vulneráveis a complicações. Este guia completo foi elaborado por nossa equipe editorial para capacitar pais, futuros pais e gestantes com informações claras e precisas. Nosso objetivo é que você possa reconhecer os sinais de alerta precocemente, compreender a importância de um diagnóstico correto e conhecer as opções de tratamento e, fundamentalmente, as estratégias de prevenção. Navegue conosco por este material essencial e proteja a saúde e o bem-estar de quem você ama.

Entendendo a ITU: O Que É, Quem Afeta e Por Quê?

A Infecção do Trato Urinário (ITU), popularmente conhecida como infecção urinária, é uma condição caracterizada pela invasão e multiplicação de microrganismos, geralmente bactérias, em qualquer parte do sistema urinário – que inclui rins, ureteres, bexiga e uretra. Normalmente, o trato urinário acima da uretra é estéril. A ITU é uma das infecções bacterianas mais frequentes, acometendo pessoas de todas as idades, mas com particularidades importantes em crianças e gestantes.

Classificando a ITU: Uma Visão Detalhada

Para um correto diagnóstico e manejo, as ITUs são classificadas de acordo com diferentes critérios:

  1. Localização Anatômica:

    • ITU Baixa: Afeta as estruturas inferiores.
      • Cistite: Infecção da bexiga, a forma mais comum.
      • Uretrite: Infecção da uretra.
    • ITU Alta: Envolve as estruturas superiores, sendo geralmente mais grave.
      • Pielonefrite: Infecção dos rins e da pelve renal. Pode levar a complicações sérias.
  2. Presença de Fatores Complicadores:

    • ITU Não Complicada: Ocorre em indivíduos saudáveis, sem anormalidades do trato urinário ou comorbidades significativas (ex: cistite em mulheres jovens não grávidas).
    • ITU Complicada: Ocorre em pacientes com fatores que aumentam o risco de evolução desfavorável. Considera-se ITU complicada aquela que ocorre em:
      • Crianças: Devido ao risco de cicatrizes renais e anomalias subjacentes.
      • Gestantes: Pelas alterações fisiológicas da gravidez e riscos para mãe e feto.
      • Homens.
      • Pacientes com anomalias anatômicas ou funcionais do trato urinário.
      • Indivíduos imunocomprometidos ou com comorbidades (ex: diabetes).
      • Usuários de cateter vesical.

Quem a ITU Afeta? Prevalência em Crianças e Gestantes

A ITU é uma causa relevante de febre em crianças, especialmente em lactentes.

  • Neonatos e Lactentes (até 6-12 meses): Mais comum em meninos, especialmente não circuncidados, frequentemente associada a anomalias congênitas.
  • Após o primeiro ano de vida: Mais frequente em meninas, devido à uretra feminina ser mais curta e próxima à região anal.

Em gestantes, a ITU é uma preocupação significativa. Alterações hormonais e mecânicas predispõem à infecção. Toda ITU em gestante é considerada complicada devido aos potenciais riscos.

Por Que a ITU Acontece? Agentes Etiológicos e Vias de Infecção

O principal agente é a bactéria Escherichia coli (E. coli), originária da flora intestinal, responsável por 75-95% dos casos não complicados. Outras bactérias incluem Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, e Enterobacter spp. Menos frequentemente, Staphylococcus saprophyticus ou Enterococcus spp..

A principal via de infecção é a ascendente: bactérias da flora perineal colonizam a uretra, ascendem à bexiga (cistite) e, por vezes, aos rins (pielonefrite). A via hematogênica é rara.

Fatores de Risco: O Que Aumenta a Suscetibilidade?

Diversos fatores podem aumentar a probabilidade de desenvolver uma ITU:

  • Fatores de Risco Gerais: Sexo feminino (após a infância), atividade sexual, uso de diafragma/espermicidas, história prévia de ITU, anormalidades do trato urinário, obstrução do fluxo urinário, instrumentação (cateterismo), menopausa, diabetes, imunossupressão.

  • Fatores de Risco Específicos em Crianças: Anomalias congênitas (sendo o refluxo vesicoureteral (RVU) o mais comum), fimose, disfunção vesical e intestinal (DVI) (constipação, hábitos miccionais inadequados), baixa ingestão hídrica, higiene perineal inadequada.

  • Fatores de Risco Específicos em Gestantes: Alterações fisiológicas (dilatação das vias urinárias, estase urinária, aumento do pH urinário, glicosúria fisiológica), histórico de ITU.

Compreender esses aspectos é o primeiro passo para um diagnóstico preciso e tratamento eficaz.

Sinais de Alerta da ITU em Crianças e Gestantes: Fique Atento!

A Infecção do Trato Urinário (ITU) pode se manifestar de maneiras distintas, especialmente em crianças e gestantes. Reconhecer os sinais de alerta precocemente é crucial.

Sinais de Alerta em Crianças: Uma Atenção Especial para Cada Idade

As manifestações variam conforme a faixa etária:

  • Recém-nascidos (até 28 dias): Sintomas frequentemente inespecíficos: febre ou hipotermia, irritabilidade ou letargia, dificuldade para mamar, vômitos, diarreia, distensão abdominal, icterícia persistente, baixo ganho de peso, pele mosqueada.

  • Lactentes (29 dias até 2 anos): A febre é frequentemente o principal e, por vezes, o único sinal, especialmente a febre sem sinais localizatórios (FSSL). Febre acima de 39°C pode sugerir pielonefrite. Outros sinais: irritabilidade, inapetência, vômitos, diarreia, urina com odor fétido, retenção urinária ou choro ao urinar, prostração.

  • Pré-escolares e Escolares (acima de 2 anos): Sintomas mais localizados e clássicos: disúria (dor/ardência ao urinar), polaciúria (aumento da frequência urinária), urgência miccional, urgeincontinência, dor abdominal (suprapúbica ou lombar), alterações na urina (turva, sangue, odor forte), febre, calafrios (especialmente na pielonefrite).

Sinais de Alerta em Gestantes: Cuidado Redobrado

Durante a gestação, a infecção, mesmo assintomática, precisa ser tratada devido aos riscos para mãe e bebê (parto prematuro, baixo peso ao nascer).

  • Sintomas de Cistite (ITU baixa): Disúria, polaciúria, urgência miccional, dor ou pressão suprapúbica, urina turva, com odor forte ou sangue.

  • Sinais de Pielonefrite (ITU alta) – requerem atenção médica imediata: Febre alta, calafrios, dor lombar, náuseas, vômitos, mal-estar geral intenso.

Se identificar qualquer um desses sinais, procure avaliação médica.

Diagnóstico da ITU: Como Confirmar a Infecção em Crianças e Gestantes

A confirmação de uma ITU exige uma abordagem cuidadosa, iniciando-se com história clínica e exame físico, mas a confirmação definitiva repousa sobre exames laboratoriais.

A Importância da Avaliação Clínica Inicial

O médico investigará sintomas clássicos. Em gestantes, é crucial atentar mesmo a sintomas leves ou ausentes (bacteriúria assintomática). Em crianças, especialmente lactentes, os sintomas podem ser inespecíficos (febre sem causa aparente, irritabilidade). O exame físico pode revelar sensibilidade à palpação e, em crianças, avalia genitais externos.

Exames Laboratoriais: A Chave para a Confirmação

  1. Exame de Urina Tipo I (EAS ou Urinálise): Teste de triagem rápido. Avalia leucócitos (piúria), hemácias (hematúria), nitrito (sugere bactérias Gram-negativas) e esterase leucocitária. Um EAS alterado levanta suspeita, mas não confirma o diagnóstico isoladamente.

  2. Urocultura com Antibiograma (TSA): O Padrão-Ouro

    • Essencial para confirmar a ITU, identificar o microrganismo e testar sua sensibilidade aos antibióticos.
    • A interpretação depende do método de coleta e da contagem de unidades formadoras de colônia por mililitro (UFC/mL).
      • Jato médio: ≥ 100.000 UFC/mL geralmente indica bacteriúria significativa. Em gestantes, este é o critério para bacteriúria assintomática e ITU sintomática.
      • Cateterismo vesical: Preferido em lactentes. ≥ 1.000 a 50.000 UFC/mL (valores variam) geralmente indica infecção.
      • Punção suprapúbica: Mais invasivo, menor risco de contaminação. Qualquer crescimento pode ser significativo.
      • Saco coletor: Alto risco de contaminação. Um resultado negativo tem bom valor para excluir ITU. Se positivo, deve ser confirmado por método mais confiável.

Métodos de Coleta: Um Fator Crítico

A qualidade da amostra é fundamental. Em crianças sem controle miccional, o saco coletor só é confiável se negativo. Um resultado positivo exige confirmação.

Diagnóstico Diferencial

Distinguir de outras condições:

  • Em crianças: Vulvovaginite, balanite, dermatite perineal, constipação.
  • Em gestantes e adultos: Uretrite, vaginites, doença inflamatória pélvica.

Desafios Diagnósticos, Especialmente em Lactentes

O diagnóstico em lactentes é desafiador devido à apresentação atípica. A coleta adequada de urina é indispensável para prevenir complicações como cicatrizes renais.

Em resumo, o diagnóstico combina avaliação clínica com exames laboratoriais, sendo a urocultura com antibiograma, obtida por método adequado, o pilar para a confirmação.

Investigação Adicional da ITU em Crianças: Exames de Imagem e Fatores de Risco Específicos

Após uma ITU confirmada em criança, especialmente febril, é crucial uma avaliação morfofuncional do trato urinário para identificar causas subjacentes (malformações, disfunções) e prevenir recorrências e danos renais.

Por que e Quando Investigar?

Para descartar anormalidades anatômicas ou funcionais. Toda criança com ITU confirmada deve ser investigada, especialmente em casos de: ITU febril (particularmente < 2 anos), primeiro episódio, ITU recorrente, ou em meninos (exceto no primeiro ano).

Ultrassonografia: O Ponto de Partida Essencial

A ultrassonografia (USG) de rins e vias urinárias é o primeiro exame. É segura (não invasiva, sem radiação), acessível e avalia morfologia renal, dilatações (hidronefrose) e bexiga. Pode ser feita na fase aguda ou, idealmente, até 6 semanas após.

Aprofundando a Investigação Morfofuncional

Se a USG for normal e sem outros fatores de risco, pode ser suficiente. Caso contrário, exames complementares podem ser necessários:

  • Uretrocistografia Miccional (UCM): Padrão-ouro para diagnosticar refluxo vesicoureteral (RVU). Considerada em ITU febril recorrente (< 2 anos) ou se USG sugestiva.
  • Outros Exames: Cintilografia renal com DMSA (cicatrizes renais) ou estudos urodinâmicos (função da bexiga) podem ser indicados individualmente.

Fatores de Risco Específicos que Justificam Atenção Redobrada:

  • Hidronefrose: Dilatação das vias urinárias (antenatal ou pós-natal).
  • Obstrução Urinária: Válvula de uretra posterior, estenose de junção ureteropélvica. Proteus mirabilis pode estar associado.
  • Alterações Relacionadas ao Desfralde e Disfunção Vesical/Intestinal (DVI): Retenção urinária, constipação.
  • Fimose: Dificulta higiene, aumenta colonização bacteriana.
  • Malformações Congênitas do Trato Urinário.

Em situações específicas (investigação em lactentes, RVU de alto grau), a quimioprofilaxia (antibióticos em baixas doses) pode ser indicada.

ITU na Gestação: Riscos, Diagnóstico e Cuidados Essenciais

A gravidez aumenta a suscetibilidade à ITU, que afeta 10-12% das gestantes e exige atenção devido aos riscos para mãe e feto.

Riscos Associados à ITU na Gestação: Um Alerta para Mãe e Bebê

Ignorar uma ITU na gravidez pode levar a:

  • Para a mãe: Evolução para pielonefrite, agravamento da anemia, pré-eclâmpsia.
  • Para o feto: Parto prematuro, baixo peso ao nascer, ruptura prematura de membranas, corioamnionite, aumento da mortalidade perinatal, sepse neonatal. Mesmo a bacteriúria assintomática (BA) necessita de tratamento.

Classificação da ITU na Gestante: Entendendo os Tipos

  1. Bacteriúria Assintomática (BA): Bactérias na urina sem sintomas. Atinge 2-10% das gestantes.
  2. Cistite Aguda (ITU Baixa): Infecção da bexiga com sintomas (disúria, polaciúria, urgência, dor suprapúbica).
  3. Pielonefrite Aguda (ITU Alta): Infecção renal, a complicação mais grave. Sintomas incluem febre, calafrios, dor lombar, náuseas, vômitos. Sempre considerada ITU complicada, requerendo tratamento hospitalar.

Por Que a Gestante é Mais Suscetível? Fatores de Risco e Agentes Causadores

Alterações fisiológicas predispõem à ITU:

  • Hormonais: Progesterona relaxa a musculatura do trato urinário.
  • Mecânicas: Útero comprime ureteres e bexiga.
  • Estase urinária: Dilatação das vias e dificuldade de esvaziamento.
  • Glicosúria fisiológica: Glicose na urina favorece crescimento bacteriano.

Outros fatores: História prévia de ITU, diabetes, anormalidades do trato urinário, múltiplas gestações.

Agentes etiológicos: Escherichia coli (E. coli) (70-80%). Outros: Estreptococos do Grupo B (SGB) (10%, importante para risco neonatal), Klebsiella pneumoniae, Enterobacter spp., Proteus mirabilis, Enterococcus faecalis.

Diagnóstico: A Importância do Rastreamento e da Urocultura

  • Rastreamento da Bacteriúria Assintomática: Todas as gestantes devem ser rastreadas com urocultura no início do pré-natal (12-16 semanas) e, opcionalmente, no terceiro trimestre.
  • Urocultura com Antibiograma (TSA): Padrão-ouro. Identifica o microrganismo e sua sensibilidade.
    • Critérios: > 100.000 UFC/mL (jato médio); > 10.000 UFC/mL (cateterismo).
  • Exame de Urina Tipo I (EAS): Sugestivo, mas não confirma. Urocultura sempre necessária.

Em gestantes sintomáticas, coletar urocultura antes do antibiótico, se possível.

Cuidados Essenciais: Prevenção e Ação

  • Adesão rigorosa ao pré-natal e exames.
  • Hidratação adequada.
  • Higiene íntima cuidadosa (frente para trás).
  • Não reter urina, esvaziar completamente a bexiga.
  • Procurar atendimento médico imediato aos primeiros sintomas.

A ITU pode ocorrer também no pós-parto e amamentação, exigindo os mesmos cuidados.

Tratamento da ITU em Crianças: Opções Terapêuticas e Quando se Preocupar

O tratamento eficaz e ágil da ITU em crianças é fundamental para erradicar a infecção, aliviar sintomas e prevenir complicações como cicatrizes renais. A abordagem varia com idade, gravidade e condições associadas, utilizando antibioticoterapia oral ou parenteral.

Antibioticoterapia Oral

Reservada para crianças > 2-3 meses com ITU não complicada (cistite), bom estado geral, hidratadas, sem vômitos e sem sinais de pielonefrite.

  • Antibióticos Comuns: Idealmente guiado pela urocultura. Empiricamente, cefalosporinas orais (cefalexina), amoxicilina-clavulanato ou sulfametoxazol-trimetoprim. Doxiciclina e fosfomicina não são primeiras escolhas.
  • Duração: 7 a 14 dias.

Antibioticoterapia Parenteral (Internação): Quando se Preocupar?

Indicada em situações de maior gravidade ou risco:

  • Idade: Lactentes < 2-3 meses (risco de sepse, dificuldade de avaliação).
  • Sinais de Gravidade/Pielonefrite: Febre alta, toxemia, prostração, vômitos persistentes, desidratação, sinais de sepse.
  • Falha no Tratamento Ambulatorial: Sem melhora em 48-72h.
  • Resistência Bacteriana: Bactéria resistente a antibióticos orais.
  • Condições Associadas: Imunodeficiências, comorbidades.
  • Risco de Não Adesão.

Manejo Específico em Lactentes e Tratamento da Pielonefrite

Lactentes (< 3 meses): Toda ITU febril levanta suspeita de pielonefrite. Tratamento inicial quase invariavelmente parenteral. Pielonefrite (qualquer idade): Suspeita ou confirmação (febre, dor lombar, vômitos) indica antibioticoterapia parenteral inicial. Após melhora (2-4 dias) e com antibiograma, pode-se transitar para terapia oral (sequencial) para completar 7-14 dias.

A Importância do Tratamento Precoce

O início rápido do antibiótico após coleta de urina para cultura é vital, especialmente em lactentes e ITU febril, para reduzir o risco de cicatrizes renais. A antibioticoterapia empírica é comum enquanto se aguarda a urocultura.

Tratamento da ITU em Gestantes: Abordagens Seguras para Mãe e Bebê

A ITU na gestação exige tratamento imediato para evitar complicações como parto prematuro e pielonefrite materna. Toda ITU em gestantes, mesmo assintomática, deve ser tratada.

As manifestações incluem:

  • Bacteriúria Assintomática: Tratamento crucial pelo risco de evolução.
  • Cistite: Tratamento geralmente com antibióticos orais ambulatoriais.
  • Pielonefrite: Requer tratamento hospitalar com antibióticos intravenosos inicialmente.

Escolhendo o Antibiótico Certo: Segurança em Primeiro Lugar

A escolha prioriza a segurança materno-fetal. O tratamento é frequentemente empírico inicial, ajustado pela urocultura com antibiograma (TSA). Antibióticos seguros e comuns:

  • Beta-lactâmicos: Cefalexina, Amoxicilina (com ou sem clavulanato), Ceftriaxona (IV para pielonefrite).
  • Fosfomicina Trometamol: Dose única oral para cistite, segura.
  • Nitrofurantoína: Para cistite e BA, evitada próximo ao termo.

A urocultura é fundamental; contagem < 100.000 UFC/mL em amostra adequada geralmente sugere contaminação.

Antibióticos a Serem Evitados ou Usados com Cautela:

  • Fluoroquinolonas (ex: ciprofloxacina).
  • Sulfametoxazol-trimetoprima (evitar no 1º trimestre e fim da gestação).
  • Tetraciclinas (ex: doxiciclina).

Tratamento Parenteral vs. Oral

  • Oral: Para BA e cistites não complicadas.
  • Parenteral (IV): Para pielonefrite, sepse, intolerância oral, falha no tratamento oral. Após melhora, pode-se transitar para oral.

Situações Especiais:

  • Infecção por Estreptococo do Grupo B (EGB): Tratar ITU e administrar profilaxia intraparto.
  • ITU de Repetição: Pode-se considerar profilaxia supressiva com antibióticos seguros (cefalexina, nitrofurantoína), mas a indicação é individualizada.

Prevenindo a ITU e Suas Complicações: ITU de Repetição e Cuidados a Longo Prazo

A ITU pode se tornar recorrente, exigindo atenção para evitar complicações.

Prevenindo a ITU: Medidas Comportamentais e de Higiene

  • Hidratação Adequada.
  • Higiene Íntima Correta: Limpeza da frente para trás.
  • Micção Regular e Completa.
  • Urinar Após Relações Sexuais (para mulheres sexualmente ativas).
  • Evitar Irritantes (produtos perfumados, duchas vaginais).
  • Roupas Íntimas Adequadas (algodão, não justas).
  • Manejo da Constipação (especialmente em crianças).

Entendendo a ITU de Repetição (Recorrente)

Definida como dois ou mais episódios de ITU em seis meses OU três ou mais em um ano. Cada episódio deve ser confirmado por exames.

Fatores de Risco para ITU Recorrente:

  • Em Mulheres (incluindo Gestantes): Atividade sexual, certos contraceptivos (diafragma, espermicidas), histórico prévio, alterações hormonais, anormalidades do trato urinário.
  • Em Crianças: Anormalidades congênitas (RVU, obstruções), disfunção vesical e intestinal (DVI), histórico familiar, sexo feminino (após 1 ano).

Antibioticoprofilaxia: Quando e Para Quem?

Uso contínuo de antibióticos em baixas doses para prevenir infecções. Indicação criteriosa.

Indicações de Profilaxia para ITU em Crianças: Reservada para casos como: RVU de grau ≥ III (ou menor grau com ITUs recorrentes/alterações cintilográficas), uropatias obstrutivas, bexiga neurogênica com RVU, pielonefrites recorrentes, urolitíase com infecções, durante investigação morfofuncional em lactentes, ou recidivas frequentes com trato urinário normal. Antibióticos comuns: nitrofurantoína, sulfametoxazol-trimetoprim.

Profilaxia Antimicrobiana de ITU na Gestação: Para gestantes com ITU de repetição (a partir do 3º episódio na gravidez). Antibióticos seguros: nitrofurantoína, cefalexina, em dose única diária.

A Urgência do Diagnóstico e Tratamento Precoces

Cruciais para evitar complicações graves. Riscos do Atraso no Tratamento:

  • Cicatrizes Renais (em crianças): Principalmente por pielonefrite. Podem levar a hipertensão arterial e doença renal crônica.
  • Sepse ou Urosepse.
  • Abscesso Renal.
  • Complicações na Gestação: Parto prematuro, baixo peso ao nascer, ruptura de membranas, corioamnionite, pielonefrite materna, sepse materna/neonatal. Diante da suspeita, avaliação médica e início do tratamento não devem ser postergados.

Cuidados a Longo Prazo e Situações Específicas

  • Investigação Pós-ITU Pediátrica: Conforme detalhado anteriormente, toda criança com primeiro episódio de ITU febril ou ITUs recorrentes deve ser investigada (USG, UCM se indicado).
  • Sonda Vesical e Risco de ITU: Usar apenas quando estritamente necessária, pelo menor tempo, com técnica asséptica.
  • Acompanhamento Contínuo: Pacientes com ITU de repetição ou fatores de risco necessitam de acompanhamento regular.

A prevenção ativa, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são as melhores armas contra a ITU e suas sequelas.

Chegamos ao fim do nosso guia sobre Infecção do Trato Urinário em crianças e gestantes. Esperamos que as informações aqui apresentadas tenham fortalecido seu conhecimento sobre como identificar, tratar e, crucialmente, prevenir a ITU nesses grupos tão sensíveis. Lembre-se: o reconhecimento precoce dos sintomas, a busca por orientação médica qualificada e a adesão ao tratamento são passos fundamentais para evitar complicações e garantir a saúde urinária e geral. A prevenção, através de hábitos saudáveis e acompanhamento adequado, é sempre a melhor estratégia.

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