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Guia Completo

Pielonefrite: Guia Completo de Causas, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

Por ResumeAi Concursos
Pielonefrite: Rim em corte com inflamação na pelve renal e cálices.

Neste guia essencial, mergulhamos na pielonefrite, uma infecção renal que exige atenção e conhecimento. Nosso objetivo é fornecer a você um panorama completo e claro, capacitando-o a entender desde as causas e os sinais de alerta até as mais recentes abordagens de diagnóstico, tratamento e, crucialmente, como prevenir complicações. A saúde renal é vital, e compreender a pielonefrite é um passo fundamental para protegê-la.

Pielonefrite: O Que É Esta Infecção Renal e Quais Suas Causas?

A pielonefrite é uma condição médica séria: uma infecção do trato urinário (ITU) alto que atinge especificamente os rins e a pelve renal (a parte do rim que coleta a urina). Diferentemente de infecções urinárias mais comuns e menos graves, como a cistite (que afeta a bexiga), a pielonefrite é considerada uma infecção potencialmente grave, pois pode levar a complicações significativas se não for diagnosticada e tratada adequadamente.

Ela pode se manifestar de algumas formas, sendo a pielonefrite aguda a mais comum. Esta forma é caracterizada por um início geralmente súbito de sintomas, que são frequentemente mais intensos e sistêmicos do que os de uma infecção urinária baixa.

Os Vilões Microscópicos: Agentes Causadores da Pielonefrite

A grande maioria dos casos de pielonefrite é causada por bactérias. A principal responsável, em cerca de 70% a 90% dos casos de pielonefrite aguda não complicada, é a Escherichia coli (E. coli). Esta bactéria normalmente habita o intestino, mas pode ascender pelo trato urinário (da uretra para a bexiga e, em seguida, para os rins) e causar a infecção.

Além da E. coli, outros agentes etiológicos bacterianos podem estar envolvidos, especialmente em casos mais complicados, recorrentes ou associados a ambientes hospitalares. Entre eles, destacam-se:

  • Proteus mirabilis
  • Klebsiella pneumoniae
  • Enterobacter spp.
  • Pseudomonas aeruginosa (menos comum, mas frequentemente associada a infecções hospitalares ou em pacientes com sistema imunológico comprometido)
  • Staphylococcus saprophyticus (mais comum em cistites, mas pode ocasionalmente causar pielonefrite)
  • Enterococcus faecalis

A identificação precisa do agente causador e seu perfil de sensibilidade a antibióticos são cruciais para um tratamento eficaz.

Por Que Acontece? Fatores de Risco Associados

Embora qualquer pessoa possa desenvolver pielonefrite, alguns fatores aumentam significativamente o risco. A infecção geralmente ocorre quando bactérias da bexiga sobem pelos ureteres até os rins. As condições que facilitam essa ascensão ou que comprometem as defesas naturais do organismo incluem:

  • Obstrução do Trato Urinário: Qualquer bloqueio que impeça o fluxo normal da urina pode predispor à pielonefrite. Exemplos comuns incluem:
    • Cálculos renais (pedras nos rins): Quando um cálculo obstrui o ureter, a urina represada pode se infectar, levando à pielonefrite obstrutiva. Esta é uma condição de urgência médica.
    • Aumento da próstata (hiperplasia prostática benigna) em homens.
    • Anomalias congênitas do trato urinário.
    • Tumores.
  • Refluxo Vesicoureteral (RVU): Condição, mais comum em crianças, na qual a urina flui da bexiga de volta para os ureteres e rins, facilitando a chegada de bactérias.
  • Gravidez: Alterações hormonais e mecânicas aumentam o risco. A pielonefrite em gestantes requer atenção especial.
  • Diabetes Mellitus: Maior suscetibilidade a infecções.
  • Sistema Imunológico Comprometido: HIV/AIDS, quimioterapia.
  • Uso de Cateteres Urinários: Especialmente os de longa permanência.
  • Atividade Sexual: Em mulheres, pode facilitar a entrada de bactérias na uretra.
  • Histórico de Infecções Urinárias Recorrentes.

Pielonefrite vs. Cistite: Entendendo a Diferença Crucial

É fundamental distinguir a pielonefrite da cistite. Ambas são infecções do trato urinário, mas afetam partes diferentes e apresentam gravidades distintas:

  • Cistite: Infecção do trato urinário baixo (bexiga). Sintomas locais: dor/ardência ao urinar (disúria), aumento da frequência urinária, urgência, dor suprapúbica, possível sangue na urina. Febre geralmente ausente ou baixa.

  • Pielonefrite: Infecção do trato urinário alto (rins). Além dos sintomas urinários baixos (que podem ou não estar presentes), caracteriza-se por sintomas sistêmicos proeminentes: febre alta (>38°C), calafrios, dor lombar/flanco (pode piorar com palpação - sinal de Giordano positivo), náuseas, vômitos, mal-estar geral.

Em resumo, enquanto a cistite é mais localizada e geralmente menos grave, a pielonefrite envolve os rins, carrega maior risco de complicações e exige abordagem mais robusta.

Quais São os Sinais e Sintomas da Pielonefrite? Fique Atento!

Reconhecer os sinais e sintomas da pielonefrite é o primeiro passo para um diagnóstico precoce e tratamento eficaz, prevenindo complicações. O quadro clínico da pielonefrite, especialmente na forma aguda, é frequentemente marcado por uma tríade clássica:

  1. Febre Alta: Geralmente acima de 38°C.
  2. Calafrios: Sensações intensas de frio, muitas vezes com tremores.
  3. Dor Lombar: Característica, tipicamente unilateral, na região lombar ou flancos. Pode ser constante e piorar com o movimento ou à percussão (Sinal de Giordano positivo).

Além desses, a pielonefrite frequentemente cursa com manifestações sistêmicas:

  • Náuseas e Vômitos.
  • Prostração e Mal-Estar Geral.
  • Dor Abdominal: Pode ocorrer.
  • Alterações do Estado Mental: Em casos graves, especialmente em idosos (confusão, letargia).

E os Sintomas Urinários? Sintomas urinários baixos (disúria, polaquiúria, urgência miccional, hematúria, urina turva/fétida), típicos de cistite, podem estar presentes, mas não são obrigatórios. A principal diferença da pielonefrite aguda para a cistite é a presença de sintomas sistêmicos.

Achados clínicos como sensibilidade à palpação lombar e o Sinal de Giordano, junto à história do paciente, são fundamentais. Em mulheres jovens, febre, dor lombar e alterações urinárias são altamente sugestivos. Na pielonefrite obstrutiva, a febre pode ser persistente e a dor lombar, intensa. Ao perceber a combinação de febre, calafrios e dor lombar, procure avaliação médica.

Como é Feito o Diagnóstico da Pielonefrite? Exames e Diferenciais

Identificar corretamente a pielonefrite é crucial. O diagnóstico é construído a partir da avaliação clínica, exames laboratoriais e, em alguns casos, de imagem.

Avaliação Clínica: Os Sinais de Alerta

O ponto de partida é uma avaliação clínica detalhada. O médico investigará a presença dos sintomas característicos mencionados anteriormente, como febre alta, calafrios e dor lombar. No exame físico, um achado clássico é o sinal de Giordano positivo (dor à leve percussão na região lombar sobre o rim). Sintomas de ITU inferior podem ou não estar presentes, e sintomas sistêmicos como mal-estar geral, prostração, náuseas e vômitos são frequentes.

Exames Laboratoriais: Confirmando a Infecção

Para confirmar a suspeita e identificar o agente, são indispensáveis:

  1. Urinálise (Exame de Urina tipo I ou EAS): Pode revelar leucocitúria (piúria), nitrito positivo, bacteriúria, hematúria e, crucialmente para pielonefrite, cilindros leucocitários (indicativo de infecção no parênquima renal).

  2. Urocultura com Antibiograma: Padrão ouro. Identifica a bactéria (comum E. coli) e sua contagem. O antibiograma testa a sensibilidade da bactéria a antibióticos, guiando o tratamento. Deve ser coletada antes do início da antibioticoterapia.

Exames de Imagem: Quando São Necessários?

Não são rotineiros para todos os casos, mas essenciais em: gravidade clínica, ausência de melhora após 48-72h de tratamento, suspeita de obstrução, investigação de complicações (abscesso, pionefrose), pielonefrites de repetição ou dúvida diagnóstica.

  • Ultrassonografia (USG) de rins e vias urinárias: Primeiro exame, detecta dilatações, cálculos, abscessos.
  • Tomografia Computadorizada (TC) de abdômen e pelve: Mais detalhada, excelente para complicações, obstruções. Exame de escolha na suspeita de pielonefrite obstrutiva.
  • Cintilografia Renal com DMSA: Padrão ouro para diagnóstico de pielonefrite aguda (áreas de hipocaptação) e identificação de cicatrizes renais tardias (4-6 meses após).
  • Ressonância Nuclear Magnética (RNM): Alternativa em casos selecionados (gestantes, contraindicação ao contraste iodado).

Diagnósticos Diferenciais: O Que Mais Pode Ser?

Como os sintomas podem mimetizar outras condições, o médico considera diferenciais:

  • Cistite (sem febre alta ou Giordano positivo significativo).
  • Litíase urinária (cólica renal; febre só com infecção associada).
  • Apendicite aguda.
  • Doença inflamatória pélvica (DIP).
  • Colecistite aguda.
  • Diverticulite aguda.
  • Pneumonia de base.
  • Quadros musculoesqueléticos lombares.

Um diagnóstico preciso é o alicerce para o tratamento correto.

Tratamento da Pielonefrite: Antibióticos, Internação e Cuidados Essenciais

O tratamento eficaz da pielonefrite visa erradicar a infecção, aliviar sintomas, prevenir complicações e danos renais. A abordagem envolve primariamente antibióticos, mas também considera a necessidade de internação e cuidados de suporte, devendo ser iniciado precocemente.

A Base do Tratamento: Antibioticoterapia Eficaz

A antibioticoterapia é a pedra angular.

  • Início Imediato e Terapia Empírica: Inicia-se antes dos resultados da urocultura (coletada previamente) devido à gravidade potencial.
  • Escolhendo o Antibiótico Certo:
    • Fluoroquinolonas (ciprofloxacino, levofloxacino) são frequentemente primeira linha ambulatorial.
    • Cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxona parenteral) são excelentes, especialmente hospitalar ou em gestantes.
    • Outras opções: Aminoglicosídeos (gentamicina, amicacina) em combinação; Amoxicilina-clavulanato e SMT-TMP (considerar resistência).
    • Evitar para Pielonefrite: Fosfomicina oral, macrolídeos, ampicilina oral isolada (alta resistência).
  • Via de Administração: Parenteral (IV) para casos graves, intolerância oral, ou inicial hospitalar. Oral para casos leves/moderados estáveis ou transição após melhora.
  • Duração do Tratamento: Geralmente 7 a 10 dias para não complicada. Em homens ou pielonefrites complicadas, 10 a 14 dias.
  • Ajustando a Rota: Urocultura com antibiograma guia o ajuste da terapia.

Tratamento Ambulatorial ou Internação Hospitalar?

  • Ambulatorial: Casos leves/moderados, estáveis, tolerando medicação oral, com acompanhamento.
  • Internação: Sinais de gravidade (sepse, febre >38,4°C, dor intensa), intolerância oral, comorbidades (diabetes descompensado, imunossupressão), idosos frágeis, gestantes, pielonefrite complicada (obstrução, abscesso), falta de melhora ambulatorial.

O Desafio da Resistência Antimicrobiana

A resistência bacteriana impacta a escolha empírica. Em áreas com alta prevalência de ESBL, esquemas mais robustos podem ser necessários. Carbapenêmicos são reservados para multirresistentes.

Cuidados Essenciais e Monitoramento

  • Hidratação: Oral ou IV.
  • Analgesia: Para dor e febre.
  • Pielonefrite Obstrutiva: Desobstrução da via urinária (cateter duplo J, nefrostomia) é urgente e essencial.
  • Acompanhamento: Espera-se melhora em 48-72h. Se não, reavaliação e investigação de complicações com exames de imagem.

Pielonefrite na Gravidez e Casos Obstrutivos: Abordagens Específicas

A pielonefrite exige atenção especial quando ocorre durante a gestação ou quando há uma obstrução no trato urinário, necessitando de manejo rápido, específico e, muitas vezes, mais intensivo.

Pielonefrite na Gravidez: Um Cuidado Redobrado

A pielonefrite em gestantes é sempre considerada uma ITU complicada.

  • Diagnóstico e Internação Hospitalar Mandatória: Diante da suspeita de pielonefrite (febre, calafrios, dor lombar), a internação hospitalar é mandatória para antibióticos IV, hidratação e monitoramento.
  • Escolha Segura de Antibióticos: Iniciar imediatamente após coleta de urocultura. Beta-lactâmicos (ampicilina) e cefalosporinas (cefazolina, ceftriaxona) são seguros e primeira escolha. Tratamento de 10 a 14 dias, com possível transição para via oral.
  • Monitoramento e Profilaxia: Risco de parto prematuro, baixo peso ao nascer, sepse materna. Após um episódio ou em cistites recorrentes, pode-se indicar antibioticoprofilaxia (ex: nitrofurantoína) até o parto.

Pielonefrite Obstrutiva: Uma Emergência Médica

Ocorre quando uma infecção renal se instala com um bloqueio na via de drenagem urinária (ex: cálculo). É uma condição extremamente grave e potencialmente fatal, podendo evoluir rapidamente para choque séptico.

  • Diagnóstico e Avaliação por Imagem: Sintomas incluem febre alta, calafrios, dor lombar severa. Exames de imagem são fundamentais, sendo a Tomografia Computadorizada (TC) o método de escolha para identificar o ponto e causa da obstrução, dilatação e sinais inflamatórios.
  • Tratamento Urgente: Desobstrução e Antibioticoterapia: É uma emergência urológica.
    1. Desobstrução da via urinária: Remoção imediata da obstrução (passagem de cateter ureteral duplo J ou nefrostomia percutânea).
    2. Antibioticoterapia de Amplo Espectro: Intravenosa, iniciada imediatamente. Pacientes com choque séptico necessitam de suporte intensivo. O tratamento definitivo da causa da obstrução é postergado até o controle da infecção.

Além da Infecção: Complicações, Prognóstico e Como Prevenir a Pielonefrite

Quando não diagnosticada e tratada adequadamente, a pielonefrite pode levar a complicações sérias, impactando o prognóstico e exigindo medidas preventivas.

Complicações Potenciais da Pielonefrite: Um Alerta Importante

  • Abscesso Renal e Perinefrético: Coleção de pus no rim ou ao redor. Sintomas: febre e dor lombar persistente apesar do tratamento. USG ou TC confirmam. Tratamento: antibióticos e, frequentemente, drenagem.
  • Pielonefrite Enfisematosa: Forma grave e necrosante com gás no parênquima renal. Causada por E. coli ou Klebsiella. Principal fator de risco: diabetes mellitus. TC abdominal confirma. Alta mortalidade sem tratamento cirúrgico associado a antibióticos.
  • Sepse e Choque Séptico: Resposta inflamatória sistêmica descontrolada. Pielonefrite obstrutiva é uma urgência devido ao risco de rápida evolução para choque séptico.
  • Cicatrizes Renais: Episódios de pielonefrite, especialmente recorrentes ou tardiamente tratados, podem causar cicatrizes, contribuindo para hipertensão arterial e doença renal crônica. Risco maior em crianças. Cintilografia renal com DMSA identifica cicatrizes.

Prognóstico: A Importância do Tempo

Geralmente bom com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Atraso no tratamento ou fatores complicadores pioram o prognóstico, aumentando risco de danos renais e mortalidade. A pielonefrite aguda não é benigna e exige atenção médica imediata.

Prevenindo a Pielonefrite: Olhando para o Futuro

  • Tratamento completo de cada episódio.
  • Hidratação adequada.
  • Higiene urinária e miccional: Urinar após relações sexuais, não segurar urina.
  • Investigação de causas subjacentes: Em casos recorrentes (refluxo, cálculos, anomalias).
  • Profilaxia antibiótica: Em situações específicas de pielonefrites recorrentes, sob orientação médica.

A pielonefrite é uma condição séria. Ao primeiro sinal de alerta, procure avaliação médica. O tratamento precoce é a melhor defesa.


A pielonefrite é uma infecção renal séria, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a recuperação completa é a norma. Compreender suas causas, reconhecer os sinais de alerta e aderir às orientações médicas são seus maiores aliados na proteção da saúde renal. Lembre-se, a informação capacita, e a ação oportuna previne complicações.

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