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Análise Profunda

Raquitismo Infantil por Deficiência de Vitamina D: Causas, Sintomas e Tratamento

Por ResumeAi Concursos
Comparação de osso saudável e osso com raquitismo, que apresenta estrutura porosa e placa de crescimento alargada e frágil.

Como editor-chefe, entendo que a saúde de uma criança é a base para uma vida inteira de bem-estar. O raquitismo, embora pareça uma condição de tempos passados, continua a ser uma preocupação real, especialmente em um mundo onde a exposição solar segura e a nutrição adequada nem sempre são garantidas. Este guia foi cuidadosamente elaborado para ir além da simples definição, capacitando você, pai, mãe ou cuidador, com o conhecimento necessário para reconhecer os sinais, entender as causas e, mais importante, saber como agir. Nosso objetivo é transformar a preocupação em ação informada, garantindo que cada criança tenha a oportunidade de construir um futuro sobre ossos fortes e saudáveis.

O Que é Raquitismo e Qual a Relação com a Vitamina D?

O raquitismo é uma condição que afeta o esqueleto em desenvolvimento de bebês e crianças, caracterizada por uma falha na mineralização dos ossos em crescimento. Em termos simples, os ossos não endurecem como deveriam, tornando-se amolecidos, frágeis e suscetíveis a deformidades. A causa mais comum e direta é a deficiência de Vitamina D.

Embora a chamemos de vitamina, ela funciona como um hormônio essencial para a saúde óssea, atuando como uma verdadeira chave-mestra no metabolismo do cálcio e do fósforo. A relação é direta:

  1. Absorção de Minerais: O papel fundamental da Vitamina D é permitir que o intestino absorva eficientemente o cálcio e o fósforo provenientes da alimentação. Esses dois minerais são os blocos de construção primários do tecido ósseo.
  2. Deficiência em Ação: Na ausência de níveis adequados de Vitamina D, o corpo perde essa capacidade de absorção. Mesmo que a dieta da criança seja rica em cálcio e fósforo, esses minerais não conseguem ser aproveitados pelo organismo.
  3. Impacto na Mineralização: Sem cálcio e fósforo suficientes na corrente sanguínea, o processo de mineralização – o endurecimento da matriz óssea recém-formada – fica comprometido. O corpo continua a produzir a matriz de colágeno (o "andaime" do osso), mas não consegue depositar os cristais de minerais para conferir rigidez e força.

Esse defeito é particularmente crítico nas placas epifisárias de crescimento, as zonas de cartilagem nas extremidades dos ossos longos responsáveis pelo crescimento. No raquitismo, essas placas não se mineralizam adequadamente, tornando-se desorganizadas, alargadas e fracas, o que resulta em um retardo na maturação óssea e causa as deformidades esqueléticas clássicas da doença. Portanto, o raquitismo não é uma falta de osso, mas sim uma falha na qualidade dele.

Por Que Acontece? Fatores de Risco para a Deficiência de Vitamina D

Entendida a mecânica do raquitismo, a pergunta natural é: por que uma criança desenvolveria essa carência de vitamina D? A resposta está em uma combinação de fatores ambientais, dietéticos e biológicos que limitam a disponibilidade ou a eficácia desta vitamina. Podemos agrupar as causas principais em três pilares:

  1. Baixa Exposição Solar: A principal fonte de vitamina D para o corpo humano não é a alimentação, mas sim a produção na pele através da exposição à luz solar (radiação UVB). Fatores que limitam essa produção são um risco direto:

    • Localização Geográfica e Estação do Ano: Viver em altas latitudes (longe da linha do Equador) ou durante o inverno reduz drasticamente a quantidade de radiação UVB disponível.
    • Estilo de Vida Moderno: Crianças que passam a maior parte do tempo em ambientes fechados perdem a oportunidade de sintetizar a vitamina.
    • Pigmentação da Pele: A melanina age como um protetor solar natural. Por isso, crianças com pele mais escura precisam de um tempo de exposição solar significativamente maior para produzir a mesma quantidade de vitamina D que uma criança de pele clara.
  2. Ingestão Dietética Insuficiente: Quando a exposição solar é inadequada, a dieta se torna a fonte principal. No entanto, poucos alimentos são naturalmente ricos em vitamina D. A deficiência pode ser agravada por:

    • Aleitamento Materno Exclusivo: O leite materno, apesar de ser o alimento ideal, possui baixas concentrações de vitamina D. Por isso, a suplementação é recomendada para todos os bebês em amamentação exclusiva.
    • Dietas Restritivas: Dietas vegetarianas estritas ou alergias alimentares podem limitar o consumo de alimentos fortificados, como leites e cereais.
  3. Problemas de Absorção e Metabolismo: Mesmo com sol e dieta adequados, algumas condições médicas e medicamentos podem interferir na capacidade do corpo de absorver e ativar a vitamina D:

    • Síndromes de Má Absorção: Doenças como fibrose cística, doença de Crohn e doença celíaca prejudicam a absorção de gorduras e, consequentemente, da vitamina D (que é lipossolúvel).
    • Doenças Renais e Hepáticas: O fígado e os rins são essenciais para converter a vitamina D em sua forma ativa. Insuficiência crônica nesses órgãos compromete esse processo.
    • Uso de Medicamentos: Certos fármacos, como anticonvulsivantes e glicocorticoides, podem acelerar o metabolismo da vitamina D, levando à sua depleção.

Grupos de Maior Risco

Com base nesses fatores, alguns grupos de crianças apresentam um risco significativamente maior:

  • Lactentes em aleitamento materno exclusivo sem a devida suplementação.
  • Crianças com pele mais pigmentada, especialmente se vivem em regiões com pouca luz solar.
  • Crianças com obesidade, pois a vitamina D pode ficar "sequestrada" no tecido adiposo.
  • Prematuros, que nascem com reservas corporais menores.
  • Filhos de mães que tiveram deficiência de vitamina D durante a gestação.
  • Crianças com condições médicas crônicas que afetam a absorção ou o metabolismo da vitamina.

Sinais de Alerta: Como Reconhecer as Manifestações Clínicas do Raquitismo

O raquitismo se manifesta de forma progressiva, e seus sinais podem variar de sutis a evidentes. Como a doença afeta as áreas de crescimento ósseo rápido, é fundamental que pais e cuidadores estejam atentos.

Inicialmente, a criança pode apresentar sintomas mais gerais e inespecíficos, como:

  • Irritabilidade e apatia.
  • Fraqueza muscular (hipotonia): A criança pode parecer "molinha".
  • Atraso no desenvolvimento motor: Demora para rolar, sentar, engatinhar ou andar.
  • Atraso no crescimento em peso e estatura.
  • Sudorese excessiva, especialmente na cabeça.

Com a progressão da doença, as alterações ósseas clássicas tornam-se mais visíveis:

Manifestações Ósseas Clássicas:

  • No Crânio:

    • Craniotabes: Amolecimento dos ossos do crânio, que se deformam sob leve pressão (semelhante a uma bola de pingue-pongue). É um dos primeiros sinais.
    • Atraso no Fechamento das Fontanelas ("moleiras").
    • Fronte Olímpica: A testa pode se tornar proeminente e avantajada.
  • No Tórax:

    • Rosário Raquítico: Pequenas protuberâncias ou "nódulos" nas junções entre as costelas e suas cartilagens.
    • Sulco de Harrison: Uma depressão horizontal na parte inferior do tórax, causada pela tração do diafragma sobre as costelas amolecidas.
  • Nos Membros e Coluna:

    • Alargamento dos Punhos, Joelhos e Tornozelos.
    • Pernas Arqueadas (Genu Varum) ou Joelhos em "X" (Genu Valgum): Deformidades que se tornam evidentes quando a criança começa a ficar de pé e andar.
    • Deformidades na Coluna: Curvaturas anormais como escoliose ou cifose.
    • Maior Risco de Fraturas devido à fragilidade óssea.

Em casos graves, a deficiência severa de cálcio (hipocalcemia) pode levar a tetania (espasmos musculares) e até convulsões, que exigem avaliação médica imediata.

Como o Diagnóstico é Feito: Exames Clínicos e Laboratoriais

O diagnóstico do raquitismo é um processo investigativo que combina a observação atenta do médico com exames específicos para confirmar as suspeitas.

1. Avaliação Clínica e Histórico

Na consulta, o médico investigará a presença dos sinais clínicos que discutimos anteriormente, como as deformidades ósseas, atraso no desenvolvimento e fraqueza muscular. A suspeita clínica é o primeiro e mais importante passo, mas para confirmar o diagnóstico são necessários exames complementares.

2. Exames Laboratoriais (Análises de Sangue)

Os exames de sangue são fundamentais para revelar o perfil bioquímico característico do raquitismo:

  • Vitamina D (25-hidroxivitamina D): Níveis baixos confirmam a deficiência.
  • Fosfatase Alcalina (FA): Um dos achados mais marcantes. No raquitismo, a fosfatase alcalina está significativamente elevada, refletindo uma atividade de formação óssea intensa, porém desorganizada.
  • Cálcio e Fósforo: O perfil clássico inclui fósforo baixo (hipofosfatemia). O cálcio pode estar normal ou baixo (hipocalcemia) em fases mais avançadas.
  • Paratormônio (PTH): Geralmente se encontra elevado, pois o corpo tenta compensar os baixos níveis de cálcio retirando-o dos ossos (hiperparatireoidismo secundário).

3. Exames de Imagem (Raio-X)

A radiografia é crucial para visualizar o impacto da doença diretamente nos ossos em crescimento, especialmente nos punhos e joelhos. Os achados típicos incluem:

  • Alargamento e irregularidade das metáfises (a extremidade do osso em crescimento).
  • Sinal da "taça" ou "escavação": A extremidade do osso adquire um formato côncavo.
  • Perda de definição da linha de crescimento, indicando mineralização deficiente.

Esses exames, em conjunto, permitem ao médico não só confirmar o raquitismo carencial, mas também descartar outras condições com sintomas semelhantes, garantindo o tratamento correto.

Tratamento e Recuperação: Reposição de Vitamina D e Cálcio

A boa notícia é que o raquitismo por deficiência de vitamina D tem um tratamento eficaz e, quando iniciado precocemente, permite uma recuperação completa. A estratégia terapêutica é direta e foca em corrigir a carência nutricional.

O pilar do tratamento é a reposição de vitamina D em doses terapêuticas, que são significativamente mais altas do que as de prevenção e devem ser prescritas e rigorosamente acompanhadas por um médico. O tratamento geralmente se divide em duas fases:

  1. Fase de Reposição Intensiva: A criança recebe doses elevadas de vitamina D por várias semanas para reabastecer rapidamente os estoques do corpo e normalizar a absorção de minerais.
  2. Fase de Manutenção: Após a correção da deficiência, a dose é reduzida para um nível de manutenção, garantindo que os níveis de vitamina D permaneçam adequados para o crescimento contínuo.

Juntamente com a vitamina D, a suplementação de cálcio pode ser necessária, especialmente na fase inicial, quando a demanda por minerais para a reconstrução óssea é intensa.

O acompanhamento médico é crucial e inclui exames de sangue para monitorar a resposta e ajustar as doses, além de radiografias periódicas para avaliar a cicatrização das lesões ósseas. Com o tratamento adequado, dor e fraqueza melhoram em poucas semanas, e as deformidades esqueléticas, especialmente em crianças mais novas, têm grande potencial de correção com o crescimento.

Prevenção: A Chave para Ossos Fortes e Saudáveis

Felizmente, o raquitismo por deficiência de vitamina D é uma condição amplamente prevenível. Adotar uma abordagem proativa desde os primeiros dias de vida é a estratégia mais eficaz e se baseia em um tripé de ações fundamentais, sempre orientadas pelo pediatra.

  1. Suplementação Profilática de Vitamina D: Esta é a pedra angular da prevenção. As principais sociedades de pediatria recomendam a suplementação de vitamina D para todos os bebês desde os primeiros dias de vida, independentemente do tipo de aleitamento. O leite materno tem pouca vitamina D e, embora as fórmulas sejam fortificadas, a suplementação garante os níveis ideais para a correta absorção de cálcio. A atenção deve ser redobrada nos grupos de risco.

  2. Exposição Solar Segura e Controlada: A pele produz vitamina D quando exposta ao sol, mas é crucial equilibrar os benefícios com os riscos. Recomenda-se uma exposição breve e regular (10 a 15 minutos por dia), em braços e pernas, fora dos horários de pico (antes das 10h e após as 16h). Contudo, a exposição solar sozinha raramente é suficiente, reforçando a necessidade da suplementação.

  3. Dieta Rica em Vitamina D e Cálcio: À medida que a criança cresce, a dieta passa a ter um papel complementar. Garanta uma oferta adequada de alimentos ricos em cálcio, como leite e derivados. Inclua também fontes de vitamina D, como peixes gordurosos (salmão, sardinha), gema de ovo e alimentos fortificados (leites, cereais), sempre de acordo com a idade da criança.

Seguir rigorosamente a recomendação de suplementação de vitamina D prescrita pelo pediatra é o passo mais importante para assegurar que seu filho construa uma base óssea sólida para toda a vida.


Você percorreu um caminho completo, desde entender o que é o raquitismo até aprender as estratégias mais eficazes de tratamento e, principalmente, de prevenção. O conhecimento é a ferramenta mais poderosa que temos para proteger a saúde de nossas crianças. A mensagem central é clara: com vigilância, orientação médica e ações preventivas simples, como a suplementação de vitamina D, podemos garantir que o raquitismo permaneça uma condição rara.

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