Navegar pelo universo da terapia hormonal e dos contraceptivos pode parecer complexo, mas é uma jornada essencial para a saúde e o bem-estar. Este guia foi cuidadosamente elaborado para desmistificar esses temas, oferecendo informações claras e abrangentes sobre suas finalidades, benefícios, riscos e as mais recentes recomendações. Nosso objetivo é capacitar você com conhecimento, permitindo que, junto ao seu médico, tome decisões informadas, personalizadas e seguras, alinhadas com suas necessidades e seu momento de vida.
Desvendando o Universo da Terapia Hormonal e Contraceptivos
Bem-vindo(a) ao nosso guia sobre um tema fundamental para a saúde, especialmente a feminina: o uso de hormônios com finalidades terapêuticas e contraceptivas. Entender a Terapia Hormonal (TH) e os contraceptivos hormonais é o primeiro passo para tomar decisões conscientes e bem informadas junto ao seu médico. Vamos desmistificar esses conceitos, suas categorias, vias de administração e, crucialmente, suas diferentes finalidades.
O que é Terapia Hormonal (TH) e suas Indicações?
A Terapia Hormonal (TH), anteriormente conhecida como Terapia de Reposição Hormonal (TRH), consiste na administração de hormônios para tratar sintomas decorrentes de sua deficiência ou desequilíbrio, ou para outras finalidades terapêuticas específicas. Suas indicações mais comuns, sempre após avaliação médica individualizada, incluem o alívio de sintomas vasomotores da menopausa, tratamento da atrofia vulvovaginal e, em casos selecionados, a prevenção da osteoporose. É crucial entender que a TH é uma decisão médica que envolve uma cuidadosa avaliação de riscos e benefícios para cada paciente.
E os Contraceptivos Hormonais? Qual a sua função?
Os contraceptivos hormonais, por outro lado, são medicamentos que contêm hormônios (geralmente uma combinação de estrogênio e progestagênio, ou apenas progestagênio) com o objetivo primário de prevenir a gravidez. Além desta função principal, muitos contraceptivos hormonais também são utilizados para fins terapêuticos, como regulação do ciclo menstrual, tratamento de sangramento uterino anormal, alívio de cólicas intensas e manejo de sintomas da síndrome dos ovários policísticos (SOP) e da endometriose.
A Distinção Fundamental: TH não é (geralmente) Contracepção
É vital destacar uma diferença crucial: a Terapia Hormonal utilizada para os sintomas da menopausa, na maioria das suas formulações, não possui efeito contraceptivo. As doses e, por vezes, os tipos de hormônios são diferentes. Mulheres na perimenopausa que iniciam a TH e ainda necessitam de contracepção devem discutir métodos adicionais com seu médico. Uma exceção notável é o sistema intrauterino (DIU) liberador de levonorgestrel, que pode oferecer proteção endometrial como parte da TH e, simultaneamente, exercer efeito contraceptivo.
Categorias e Tipos de Terapia Hormonal: Uma Visão Geral
A TH pode ser classificada de diversas formas:
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Quanto à Abrangência do Efeito:
- TH Sistêmica: Os hormônios atuam em todo o organismo, sendo a escolha para sintomas vasomotores e prevenção da osteoporose. Administrada por via oral (comprimidos) ou transdérmica (adesivos, gel).
- TH Tópica (Local): Aplicada diretamente no local desejado (ex: cremes vaginais para atrofia vulvovaginal), com baixa absorção sistêmica, minimizando efeitos colaterais sistêmicos. Importante: não trata sintomas vasomotores sistêmicos.
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Quanto à Composição Hormonal (principalmente para TH sistêmica):
- Terapia Estrogênica Isolada (TE): Apenas estrogênio, indicada exclusivamente para mulheres sem útero (histerectomizadas), pois o estrogênio isolado aumenta o risco de câncer de endométrio em mulheres com útero.
- Terapia Estroprogestativa (TEP) ou Combinada: Estrogênio mais um progestagênio, para mulheres com útero intacto, pois o progestagênio protege o endométrio.
Vias de Administração da TH: Impacto nos Efeitos e Riscos
- Estrogênio Oral: Passa pelo fígado ("efeito de primeira passagem hepática"), o que pode aumentar fatores de coagulação e o risco de trombose venosa profunda e embolia pulmonar, além de alterar o colesterol.
- Estrogênio Transdérmico (adesivos, gel): Absorvido pela pele, evita a primeira passagem hepática, associando-se a um menor risco de trombose comparado à via oral. Frequentemente preferida em mulheres com fatores de risco cardiovascular.
- Estrogênio Tópico Vaginal: Ação predominantemente local, mínima absorção sistêmica, seguro para atrofia urogenital sem os riscos sistêmicos das outras vias.
Os progestagênios também podem ser administrados por via oral, transdérmica ou intrauterina.
Esquemas de Administração da Terapia Hormonal Combinada (TEP):
- Esquema Sequencial: Estrogênio contínuo, progestagênio por 12-14 dias/mês (ou a cada 3-6 meses). Induz sangramentos regulares. Preferido no início da pós-menopausa.
- Esquema Contínuo Combinado: Estrogênio e progestagênio diários, sem interrupção. Busca amenorreia após adaptação. Preferido para mulheres há mais tempo na pós-menopausa.
Contraceptivos Hormonais: Um Universo à Parte, mas Conectado
Os contraceptivos hormonais também variam:
- Combinados: Estrogênio e progestagênio (pílulas, adesivos, anéis vaginais, injetáveis mensais).
- Apenas de Progestagênio: Minipílulas, implantes subdérmicos, injetáveis trimestrais, DIU hormonal.
Cada tipo possui características próprias, que serão mais exploradas em seções dedicadas. Entender essas distinções é o primeiro passo para uma conversa produtiva com seu médico.
Terapia Hormonal (TH): Indicações, Benefícios e a Crucial "Janela de Oportunidade"
A Terapia Hormonal (TH) surge como uma importante aliada para muitas mulheres durante o climatério, visando minimizar os impactos da queda nos níveis de estrogênio e melhorar a qualidade de vida.
Principais Indicações da Terapia Hormonal:
A prescrição da TH é sempre individualizada. As indicações consolidadas incluem:
- Alívio dos Sintomas Vasomotores: Principal indicação. Fogachos (ondas de calor) e sudorese noturna respondem muito bem, com redução de ocorrência em até 75% e intensidade em 87%.
- Prevenção e Tratamento da Osteoporose: Eficaz na prevenção da perda óssea e redução de fraturas. Pode ser uma opção para mulheres com risco aumentado de osteoporose antes dos 60 anos ou nos primeiros 10 anos de menopausa, especialmente com outros sintomas climatéricos.
- Tratamento da Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGM): Para ressecamento vaginal, dor na relação sexual (dispareunia), coceira, irritação e sintomas urinários. A terapia estrogênica tópica (local) é altamente eficaz e segura, mesmo fora da "janela de oportunidade" da TH sistêmica, devido à sua mínima absorção.
A "Janela de Oportunidade": Maximizando Benefícios, Minimizando Riscos
Este conceito refere-se ao período ideal para iniciar a TH sistêmica, visando o máximo de benefícios (incluindo potenciais efeitos cardioprotetores) com o menor risco. Geralmente compreende:
- Mulheres com até 60 anos de idade.
- Mulheres há menos de 10 anos desde a última menstruação.
Iniciar a TH sistêmica dentro dessa janela associa-se a um perfil de risco-benefício mais favorável. Fora dela, os riscos (eventos cardiovasculares, tromboembolismo) podem superar os benefícios. A terapia estrogênica vaginal tópica para SGM geralmente pode ser considerada mesmo fora dessa janela.
Regimes Terapêuticos e Composição
Conforme mencionado, o estrogênio alivia sintomas e protege os ossos.
- Mulheres com útero: Devem receber TH combinada (estrogênio + progestagênio) para proteger o endométrio.
- Mulheres histerectomizadas (sem útero): Geralmente utilizam estrogênio isolado.
Benefícios Adicionais e Melhora da Qualidade de Vida:
Quando bem indicada e iniciada na janela de oportunidade, a TH pode:
- Melhorar o humor e o sono.
- Melhorar a função sexual.
- Oferecer potenciais benefícios metabólicos e cardiovasculares (embora não seja indicada primariamente para prevenção cardiovascular).
E quando a TH não é uma opção? Breve Olhar sobre Alternativas Não Hormonais
Para mulheres com contraindicações (histórico de câncer de mama, TEV, doença hepática grave, etc.) ou que preferem não usar hormônios, existem opções não hormonais para sintomas vasomotores, como certos antidepressivos (ISRS, IRSN) e outros fármacos, com eficácia moderada.
Contraceptivos Hormonais: Opções, Usos Terapêuticos e Pontos de Atenção
Os contraceptivos hormonais transcendem a prevenção da gravidez, dividindo-se em combinados (CHCs) – estrogênio e progestagênio – e métodos de progestagênio isolado (POPs). As vias de administração incluem pílulas, injetáveis, adesivos, anéis e DIUs hormonais.
Além da alta eficácia contraceptiva, apresentam benefícios não contraceptivos:
- Manejo do Ciclo Menstrual: Regularizam ciclos, reduzem fluxo (35-72%), aliviam cólicas e sintomas da SPM. Regimes estendidos de CHCs podem ajudar na cefaleia hormonal.
- Tratamento do Sangramento Uterino Anormal (SUA): CHCs (orais, injetáveis) e progestagênios isolados são primeira linha para SUA não estrutural.
- Manejo de Miomas Uterinos: Podem controlar sintomas (redução de fluxo) ao induzir atrofia endometrial, mas não curam os miomas.
- Tratamento da Endometriose: CHCs e progestagênios aliviam a dor e promovem atrofia dos focos. Não impedem o surgimento da doença. Em casos de endometriomas volumosos ou obstrução ureteral, a cirurgia é prioritária. Estrogênio isolado contínuo é contraindicado.
- Outros Benefícios: CHCs reduzem risco de câncer de ovário, endométrio e colorretal; melhoram acne e hirsutismo.
A prescrição exige avaliação das contraindicações (OMS categorias 3 e 4 são as mais restritivas):
Principais Contraindicações Gerais (especialmente para CHCs):
- Histórico pessoal de Trombose Venosa Profunda (TVP) ou Tromboembolismo Pulmonar (TEP) (OMS categoria 4).
- Enxaqueca com aura.
- Câncer de mama atual ou nos últimos 5 anos.
- Doença hepática ativa grave (hepatite viral aguda, adenoma hepático).
- Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) com anticorpos antifosfolípides positivos/desconhecidos.
- Doenças cardiovasculares significativas (doença cardíaca isquêmica, AVC prévio).
- Hipertensão arterial não controlada ou com lesão de órgão-alvo.
- Tabagismo em mulheres ≥35 anos (especialmente >15 cigarros/dia).
- Amamentação exclusiva <6 semanas pós-parto (para CHCs).
Contraceptivos em Condições Clínicas Específicas:
- Hipertensão Arterial: Métodos de progestagênio isolado (pílulas de desogestrel, DIU de levonorgestrel) são preferidos. Se CHC necessário (ex: climatério), via transdérmica é a primeira escolha.
- Obesidade: Similar à hipertensão, via transdérmica pode ser preferível para terapia combinada.
- Cloasma (Melasma): Não é contraindicação, mas pode ser exacerbado.
- Hipotireoidismo: Tratamento adequado da tireoide é fundamental.
A escolha do método deve ser individualizada por um profissional de saúde.
Navegando pelos Riscos: Contraindicações Gerais da Terapia Hormonal
A decisão de iniciar uma Terapia Hormonal (TH) deve ser precedida por uma avaliação cuidadosa dos seus potenciais riscos. O conhecimento das contraindicações é fundamental para a segurança.
Contraindicações Absolutas: Quando a TH Deve Ser Evitada
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Riscos Cardiovasculares e Cerebrovasculares:
- Doença arterial coronariana (DAC) estabelecida (histórico de infarto, angina).
- Acidente Vascular Cerebral (AVC) prévio.
- A TH não é indicada como prevenção primária ou secundária de doenças cardiovasculares.
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Risco Tromboembólico Elevado:
- Histórico de Tromboembolismo Venoso (TEV) (TVP, EP), prévio ou atual.
- Doença tromboembólica arterial ativa ou recente.
- Trombofilias conhecidas.
- A TH oral aumenta o risco; a via transdérmica pode ter menor risco, mas a contraindicação geralmente se mantém para TH sistêmica em caso de histórico de TEV.
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Cânceres Hormônio-Dependentes:
- Câncer de mama atual, prévio ou suspeito.
- Câncer de endométrio conhecido ou suspeito, ou outra neoplasia estrogênio-dependente.
- Alguns tipos de câncer de ovário (endometrioide, seroso de baixo grau, células da granulosa).
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Doenças Hepáticas Graves:
- Doença hepática aguda ou crônica descompensada.
- Tumores hepáticos (ex: carcinomas).
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Outras Condições Impeditivas:
- Sangramento uterino anormal de causa não diagnosticada.
Atualizações e o Olhar da SOBRAC
A Sociedade Brasileira de Climatério (SOBRAC) retirou condições como porfiria, lúpus eritematoso sistêmico e meningioma da lista de contraindicações absolutas à TH, mas a decisão sempre deve ser individualizada.
Impacto no Metabolismo e Composição Corporal (Pontos de Atenção)
A TH pode influenciar:
- Metabolismo Glicêmico: Pode reduzir incidência de Diabetes Mellitus tipo 2. Algumas terapias (ex: feminilizante) podem aumentar resistência à insulina.
- Metabolismo Lipídico: Estrogênio (especialmente oral) pode melhorar perfil lipídico (reduz LDL, aumenta HDL), mas não é indicação primária para prevenção cardiovascular.
- Composição Corporal e Peso: Geralmente não causa ganho de peso significativo e pode ajudar na redistribuição de gordura.
Situações que Exigem Cautela (Contraindicações Relativas)
Uso requer precaução e avaliação rigorosa:
- Hipertensão arterial (especialmente mal controlada).
- Hipertrigliceridemia.
- Endometriose prévia (estrogênio isolado pode aumentar risco de recorrência).
- Miomatose uterina.
- Doença da vesícula biliar.
- Histórico de icterícia colestática na gravidez/uso prévio de hormônios.
- Hipotireoidismo (TH pode alterar necessidade de levotiroxina).
- Retenção hídrica significativa (disfunção cardíaca/renal).
- Hipocalcemia grave.
- Demência (TH não previne; pode aumentar risco se iniciada tardiamente).
- Hemangiomas hepáticos grandes.
Terapia Hormonal, Contraceptivos e o Câncer: Uma Análise Detalhada
A relação entre terapias hormonais (TH e contraceptivos) e o risco de câncer é crucial e exige análise baseada em evidências.
Câncer de Mama: Uma Relação Complexa
- Risco Associado:
- TH combinada (estrogênio + progestagênio) na menopausa associa-se a um pequeno aumento no risco de câncer de mama, especialmente com uso prolongado (>5 anos), embora o risco absoluto seja geralmente <0,1%.
- TH com estrogênio isolado (em mulheres histerectomizadas) pode reduzir ou não aumentar o risco, segundo alguns estudos (ex: WHI).
- O risco é influenciado por tipo de hormônio, dose, regime, via, tempo de uso e características individuais, diminuindo após interrupção da TH.
- Contraindicações:
- Histórico pessoal de câncer de mama (atual ou prévio) é contraindicação absoluta para TH e contraceptivos hormonais.
- Suspeita de câncer de mama também contraindica.
- Histórico familiar de câncer de mama não é contraindicação absoluta, mas exige avaliação criteriosa.
- Contraceptivos Hormonais: Contraindicados (OMS categoria 3 ou 4) para pacientes com câncer de mama, incluindo DIU de levonorgestrel.
O Endométrio e a Influência Hormonal
- Risco Associado à TH:
- TH apenas com estrogênio em mulheres com útero aumenta significativamente o risco de hiperplasia e câncer de endométrio.
- TH combinada (estrogênio + progestagênio) em mulheres com útero não aumenta e pode reduzir o risco de câncer de endométrio.
- Contraindicações:
- TH é contraindicada em sangramento uterino anormal não diagnosticado, suspeita/diagnóstico de câncer de endométrio, ou hiperplasia endometrial com atipias.
- Contraceptivos Hormonais: Combinados e métodos de progestagênio isolado (incluindo DIU de levonorgestrel) associam-se à redução do risco de câncer de endométrio.
Câncer de Ovário: O Que Sabemos?
- Risco Associado: Alguns estudos sugerem um pequeno aumento na incidência com TH, especialmente com uso prolongado (>5 anos) e certos subtipos. Dados ainda inconclusivos.
- Contraindicações: TH contraindicada em histórico de certos subtipos de câncer de ovário (endometrioide, seroso de baixo grau, células da granulosa).
Outras Neoplasias: Colo do Útero e Colorretal
- Câncer de Colo do Útero: Sem evidências consistentes de efeito significativo da TH no risco de tipo escamoso.
- Câncer Colorretal: Estudos sugerem que a TH pode diminuir o risco em mulheres na pós-menopausa.
A decisão sobre uso de hormônios, especialmente com risco ou histórico de câncer, deve ser individualizada e compartilhada com o médico, com monitorização regular.
A Jornada para Decisões Conscientes: Avaliação Médica e Manejo Individualizado
A decisão sobre terapia hormonal (TH) ou contraceptivos hormonais é um passo significativo, exigindo uma abordagem colaborativa e profundamente individualizada, guiada por avaliação médica criteriosa.
A Avaliação Médica Detalhada: O Ponto de Partida Crucial
Antes de qualquer prescrição, uma avaliação médica completa é indispensável, envolvendo:
- Anamnese minuciosa: Histórico de saúde pessoal e familiar, sintomas, estilo de vida, expectativas. Antecedentes como TEV ou enxaqueca com aura são cruciais.
- Exame físico geral e ginecológico completo.
- Discussão aberta sobre riscos e benefícios de cada opção terapêutica.
Exames Essenciais e Diagnóstico Diferencial: Mapeando o Caminho
Seu médico poderá solicitar exames complementares:
- Mamografia: No máximo um ano antes do início da TH. BIRADS 2 não contraindica; lesões suspeitas (BIRADS 3 ou 4) exigem investigação prévia.
- Perfil lipídico e glicemia de jejum: Avaliam risco cardiovascular e metabólico.
- Avaliação hormonal específica: Dosagens (FSH, LH, estradiol, etc.) não são rotina para diagnóstico de menopausa ou início de contraceptivos, mas úteis em situações específicas (SUA com hiperandrogenismo, suspeita de IOP, distúrbios tireoidianos).
- Avaliação endometrial (ultrassonografia transvaginal): Indicada em SUA (especialmente na pós-menopausa, onde endométrio até 8mm pode ser normal em usuárias de TH assintomáticas) ou em mulheres mais jovens com fatores de risco.
O Manejo Individualizado: Uma Terapêutica Sob Medida
Não há "receita de bolo". O manejo é estritamente individualizado, considerando:
- Indicações claras: A TH visa aliviar sintomas vasomotores, tratar atrofia vulvovaginal e, seletivamente, prevenir osteoporose. Não é para prevenção cardiovascular primária em assintomáticas.
- Identificação de Contraindicações: Absolutas (câncer de mama/endométrio, sangramento não diagnosticado, doença hepática grave, TEV, DAC instável) devem ser descartadas.
- Escolha da via e dose: Menor dose eficaz é o objetivo. Via transdérmica pode ter perfil de risco diferente da oral.
- Composição da TH: Em mulheres com útero, estrogênio sempre combinado com progestagênio.
- Considerações sobre a testosterona: Uso restrito a transtorno do desejo sexual hipoativo, após exclusão de outras causas e com acompanhamento rigoroso. Nandrolona não tem papel na TH da menopausa.
Monitoramento Contínuo e Duração do Tratamento
O monitoramento regular é essencial:
- Consultas de acompanhamento para reavaliar sintomas, efeitos colaterais e necessidade da terapia.
- Avaliação periódica de fatores de risco cardiovascular.
- Exames de seguimento (mamografia, avaliação ginecológica) conforme diretrizes.
A duração do tratamento é uma decisão compartilhada, visando a menor dose eficaz pelo menor tempo necessário. Para TH da menopausa, não há duração máxima predefinida (SOBRAC), devendo ser individualizada e reavaliada. Suspensão da TH pode levar ao retorno dos sintomas em cerca de 50% das mulheres. Em IOP, TH geralmente até idade esperada da menopausa.
O Pilar das Diretrizes Médicas
Todo o processo é embasado em diretrizes de sociedades médicas especializadas (SOBRAC, FEBRASGO), garantindo as melhores e mais seguras práticas.
Este guia buscou iluminar os caminhos da terapia hormonal e dos contraceptivos, enfatizando que o conhecimento é seu maior aliado. Lembre-se, cada organismo é único, e as decisões sobre sua saúde devem ser tomadas em parceria com seu médico, considerando suas particularidades, histórico e objetivos. A informação de qualidade capacita você a participar ativamente desses cuidados, visando uma vida com mais saúde e bem-estar.
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