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Guia Completo

Úlceras Genitais: Guia Completo sobre Causas, Diagnóstico e Diferenciais Essenciais

Por ResumeAi Concursos
**Tecido ulcerado genital com alterações patológicas, texturas e estruturas variadas, crucial ao diagnóstico diferencial.** (124 caracteres)

Úlceras genitais, embora frequentemente um tema delicado, representam uma preocupação de saúde significativa que exige informação clara e precisa. Como seu editor chefe, apresento este guia completo não apenas para desmistificar o assunto, mas para empoderar você com conhecimento sobre as diversas causas, desde infecções sexualmente transmissíveis até condições não infecciosas, os métodos diagnósticos atuais e a importância vital do diagnóstico diferencial. Entender a fundo as úlceras genitais é o primeiro passo para um manejo clínico adequado, promovendo a saúde individual e coletiva e quebrando estigmas associados a estas condições.

Entendendo as Úlceras Genitais: O Que São e Suas Características Fundamentais

As úlceras genitais são lesões que se manifestam como uma perda de continuidade do tecido superficial da pele ou mucosas na região genital. De forma mais precisa, são definidas como uma solução de continuidade que atinge a epiderme e a derme, podendo localizar-se na vulva, vagina, colo uterino em mulheres, ou no pênis, escroto e região perianal em homens.

Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde (2020), as úlceras genitais constituem uma síndrome clínica caracterizada por lesões ulcerativas ou erosivas. Frequentemente, essas lesões podem ser precedidas por pústulas (pequenas bolhas com pus) ou vesículas (pequenas bolhas com líquido claro) e podem vir acompanhadas de uma variedade de sintomas, incluindo dor, ardor, prurido (coceira), secreção mucopurulenta, sangramento e linfadenopatia regional (inchaço dos gânglios linfáticos próximos, como na virilha).

Classificação das Úlceras Genitais

Para um melhor entendimento e abordagem diagnóstica, as úlceras genitais são classificadas de diversas formas:

  1. Classificação Etiológica (pela causa): É a principal forma de classificação e divide as úlceras em dois grandes grupos:

    • Infecciosas: São as mais comuns e podem ser subdivididas em:
      • Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Este grupo inclui as causas mais frequentes de úlceras genitais, como sífilis, herpes genital, cancro mole (cancroide), linfogranuloma venéreo (LGV) e donovanose.
      • Não Sexualmente Transmissíveis: Causadas por outras infecções bacterianas, fúngicas ou virais que não são primariamente transmitidas por contato sexual.
    • Não Infecciosas: Este grupo abrange uma variedade de condições, incluindo:
      • Traumáticas: Resultantes de lesões físicas, atrito ou irritação.
      • Neoplásicas: Relacionadas a tumores benignos ou malignos.
      • Medicamentosas: Reações adversas a certos fármacos (ex: farmacodermias como eritema fixo medicamentoso).
      • Doenças autoimunes ou inflamatórias: Como doença de Behçet, pênfigo, líquen plano erosivo, doença de Crohn com manifestação genital.
      • Úlcera de Lipschütz: Úlceras vulvares agudas, geralmente em mulheres jovens e virgens, não relacionadas à atividade sexual.
  2. Classificação pela Sintomatologia:

    • Dolorosas: Característica de infecções como herpes genital e cancro mole.
    • Indolores: Típicas da sífilis primária (cancro duro) e donovanose em suas fases iniciais.
  3. Classificação pelo Número de Lesões:

    • Única: Comum na sífilis primária e, por vezes, no linfogranuloma venéreo.
    • Múltiplas: Frequentemente observadas no herpes genital e no cancro mole.

Características Clínicas Observáveis

A avaliação clínica detalhada da úlcera é crucial para o diagnóstico diferencial. Os seguintes aspectos devem ser cuidadosamente observados:

  • Aparência geral: Se a lesão é superficial (erosão) ou profunda, se há vesículas ou pústulas associadas.
  • Bordas: Podem ser elevadas e endurecidas (como na sífilis), planas, irregulares, bem delimitadas ou solapadas (com tecido sobreposto nas margens, como no cancro mole).
  • Fundo (ou leito): Pode ser limpo (com tecido de granulação avermelhado e brilhante, como na sífilis), sujo (com exsudato purulento ou necrótico, como no cancro mole), fibrinoso (coberto por uma camada de fibrina esbranquiçada ou amarelada) ou hemorrágico.
  • Base: Refere-se à consistência do tecido sob e ao redor da úlcera. Pode ser endurecida (infiltrada) ou mole.
  • Secreção: Pode estar ausente, ser serosa (líquido claro), purulenta (pus), sanguinolenta ou serossanguinolenta.
  • Tamanho e Forma: Variam consideravelmente, desde milímetros até vários centímetros, podendo ser arredondadas, ovaladas ou irregulares (serpiginosas).
  • Número de lesões: Como mencionado, podem ser únicas ou múltiplas.

Epidemiologia e Relevância para a Saúde

As úlceras genitais são uma queixa relativamente comum em consultórios médicos e serviços de saúde. A epidemiologia varia conforme a população estudada:

  • Em mulheres sexualmente ativas durante a menacme (período reprodutivo), as úlceras genitais de origem infecciosa, especialmente as ISTs, são as mais prevalentes.
  • Em crianças e idosos, predominam outras causas, como infecções não sexualmente transmissíveis, doenças inflamatórias, autoimunes e neoplásicas.

As úlceras genitais representam uma importante preocupação de saúde pública por diversos motivos. Primeiramente, são um sinal frequente de ISTs que, se não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem levar a complicações graves, como doença inflamatória pélvica, infertilidade, dor crônica e complicações na gestação. Além disso, a presença de uma úlcera genital aumenta significativamente o risco de aquisição e transmissão de outras ISTs, incluindo o HIV, devido à quebra da barreira protetora da pele e mucosas.

Portanto, a identificação correta das características de uma úlcera genital é o primeiro passo para um diagnóstico preciso e um manejo terapêutico eficaz, fundamental para a saúde individual e coletiva.

Decifrando as Causas das Úlceras Genitais: De ISTs a Condições Não Infecciosas

Conforme vimos, as úlceras genitais podem ter origens infecciosas ou não infecciosas. Compreender suas variadas causas é crucial para o diagnóstico e tratamento corretos.

Causas Infecciosas: O Papel Central das ISTs

As causas infecciosas são as mais comuns, especialmente em indivíduos sexualmente ativos e mulheres na idade reprodutiva (menacme). Subdividem-se em:

  • Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Este é o grupo de maior prevalência e impacto na saúde pública. As principais ISTs que cursam com úlceras genitais incluem:

    • Herpes Genital: É a principal causa de úlceras genitais globalmente. Causada majoritariamente pelo Vírus Herpes Simplex tipo 2 (HSV-2), mas o HSV-1 também pode estar envolvido. Caracteristicamente, inicia-se com o surgimento de múltiplas vesículas (pequenas bolhas) agrupadas e dolorosas, que se rompem e evoluem para úlceras rasas, igualmente dolorosas.
    • Sífilis: Causada pela bactéria Treponema pallidum. A lesão primária, conhecida como cancro duro, é classicamente uma úlcera única, indolor (ou minimamente dolorosa), com bordas endurecidas e elevadas, e fundo limpo. Pode ser acompanhada de linfonodos aumentados na virilha (linfadenopatia inguinal), geralmente indolores.
    • Cancro Mole (Cancroide): Provocado pela bactéria Haemophilus ducreyi. Diferentemente da sífilis, as úlceras do cancro mole são tipicamente múltiplas e muito dolorosas, com bordas irregulares, amolecidas, e fundo sujo, recoberto por exsudato purulento ou necrótico, que sangram facilmente ao toque. Pode ocorrer linfadenopatia inguinal dolorosa (bubão), com potencial de fistulização (formação de trajeto com saída de pus) por um único orifício.
    • Donovanose (Granuloma Inguinal): Causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. As úlceras da donovanose são crônicas, progressivas e indolores. Apresentam aspecto vermelho vivo, com fundo granuloso (lembrando "carne viva"), bordas elevadas ou hipertróficas, e sangram com facilidade. Caracteristicamente, não causa adenite (inflamação dos gânglios) verdadeira, mas podem surgir pseudobubões (inchaços na virilha devido ao tecido de granulação subcutâneo).
    • Linfogranuloma Venéreo (LGV): Causado por sorotipos específicos (L1, L2, L3) da bactéria Chlamydia trachomatis. A lesão inicial pode ser uma pequena pápula ou úlcera indolor e transitória, que muitas vezes passa despercebida. A manifestação mais proeminente é a linfadenopatia inguinal (geralmente unilateral) dolorosa, que pode evoluir para a formação de bubões que fistulizam por múltiplos orifícios.
  • Infecções não sexualmente transmissíveis: Embora menos frequentes como causa primária de úlceras genitais bem definidas, infecções fúngicas severas, bacterianas secundárias a outras lesões, ou mesmo algumas infecções virais sistêmicas com manifestações cutâneas podem, em certos contextos, levar a ulcerações.

É importante frisar que condições como a gonorreia, causada pela Neisseria gonorrhoeae, e a candidíase (um tipo de infecção fúngica) geralmente não causam úlceras genitais. A gonorreia manifesta-se mais comumente como corrimento purulento (cervicite, uretrite), enquanto a candidíase causa prurido, vermelhidão e corrimento esbranquiçado, mas sem a formação de úlceras típicas.

Causas Não Infecciosas: Um Espectro Diverso

Nem toda úlcera genital é sinônimo de infecção. Diversas condições não infecciosas, já introduzidas na classificação etiológica, podem estar por trás dessas lesões:

  • Causas Traumáticas: Abrasões, lacerações por atividade sexual vigorosa, uso de objetos, ou mesmo higiene íntima agressiva podem resultar em úlceras. Geralmente, a relação com o trauma é clara.
  • Doenças Inflamatórias e Autoimunes:
    • Doença de Behçet: Uma vasculite sistêmica rara que pode causar úlceras orais e genitais recorrentes e dolorosas, semelhantes às aftas.
    • Outras dermatoses como líquen plano erosivo, pênfigo vulgar, ou doença de Crohn com manifestação genital.
  • Reações Medicamentosas: Certos medicamentos podem desencadear reações cutâneas graves, como a síndrome de Stevens-Johnson, a necrólise epidérmica tóxica, ou erupções fixas por drogas, que podem incluir ulcerações genitais.
  • Neoplásicas (Câncer): Uma úlcera genital que não cicatriza, especialmente em pacientes mais velhos, deve levantar a suspeita de malignidade. O carcinoma espinocelular é o tipo mais comum de câncer vulvar ou peniano que pode se apresentar como uma úlcera crônica, endurecida, por vezes pruriginosa ou dolorosa. A infecção por HPV pode estar relacionada a alguns desses cânceres.

A Relação entre Úlceras Genitais e HIV

É crucial destacar a intrínseca relação entre úlceras genitais e o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana). A presença de uma úlcera genital, independentemente da causa, aumenta significativamente o risco de adquirir ou transmitir o HIV durante o contato sexual. Isso ocorre porque a úlcera rompe a barreira protetora da pele e mucosas, facilitando a entrada e saída do vírus. Além disso, em pessoas vivendo com HIV, as úlceras genitais podem ter apresentações atípicas, ser mais graves ou ter uma cicatrização mais lenta.

Compreender a vasta gama de possíveis causas para as úlceras genitais é fundamental. A próxima seção detalhará como os profissionais de saúde abordam o diagnóstico dessas lesões.

O Caminho para o Diagnóstico Preciso das Úlceras Genitais

Identificar a causa exata de uma úlcera genital é um passo crucial para o tratamento eficaz e para a interrupção de possíveis cadeias de transmissão, especialmente quando se trata de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O processo diagnóstico é uma investigação detalhada, que combina escuta atenta, observação clínica e o uso criterioso de exames.

1. Anamnese e Exame Físico: Os Pilares Iniciais

O processo diagnóstico inicia-se com uma anamnese cuidadosa, investigando a história sexual (número de parcerias, tipo de relação sexual, uso de preservativos, histórico de ISTs prévias), sintomas associados (febre, mal-estar, dor ao urinar, corrimento) e características da lesão atual (quando surgiu, lesões prévias, dor, coceira, ardência). Fatores como idade inferior a 30 anos e novas ou múltiplas parcerias sexuais são relevantes.

Segue-se o exame físico minucioso, onde o profissional de saúde irá:

  • Analisar a(s) úlcera(s): Observando a quantidade, presença de dor, aspecto das bordas, fundo, base da lesão e se há vesículas agrupadas, conforme detalhado nas características clínicas fundamentais.
    • Dica clínica: A dor e a quantidade de úlceras são duas características primordiais que ajudam a direcionar o diagnóstico diferencial. Por exemplo, múltiplas vesículas dolorosas agrupadas sugerem herpes genital, enquanto uma úlcera única e indolor com bordas elevadas pode indicar sífilis primária.
  • Avaliar os linfonodos (gânglios) na região inguinal: Verificando a presença de linfonodomegalia, suas características (dolorosos ou indolores, unilaterais ou bilaterais, móveis ou aderidos) e sinais de inflamação ou supuração.

2. Investigação Laboratorial: Aprofundando o Diagnóstico

Embora a anamnese e o exame físico forneçam pistas valiosas, o diagnóstico etiológico muitas vezes requer exames complementares:

  • Testes diretos da lesão:

    • Microscopia de campo escuro: Para visualizar o Treponema pallidum (sífilis).
    • Bacterioscopia (coloração de Gram): Pode auxiliar na identificação do Haemophilus ducreyi (cancro mole).
    • Pesquisa de corpúsculos de Donovan: Para diagnóstico de donovanose.
    • Cultura: Para isolar agentes como o vírus do herpes simples (HSV) ou o H. ducreyi.
    • Testes de Amplificação de Ácidos Nucleicos (NAATs/PCR): Altamente sensíveis e específicos para HSV, T. pallidum, H. ducreyi e Chlamydia trachomatis (LGV).
  • Testes Sorológicos (exames de sangue):

    • Sífilis: A testagem (VDRL/RPR e testes treponêmicos) é fundamental para todos os pacientes com úlceras genitais.
    • HIV: A testagem para o HIV deve ser sempre oferecida e recomendada.
  • Biópsia da Lesão:

    • Indicada em situações específicas: Lesões atípicas, suspeita de malignidade, úlceras que não cicatrizam após tratamento, lesões com duração superior a 4 semanas, ou suspeita de donovanose.

3. A Complexidade do Diagnóstico Etiológico e a Abordagem Sindrômica

O diagnóstico da causa exata da úlcera genital pode ser desafiador. Fatores como a demora em procurar atendimento, a semelhança clínica entre diferentes doenças e a disponibilidade limitada de alguns exames contribuem para essa complexidade. De fato, o diagnóstico etiológico baseado apenas em achados clínicos possui baixo valor preditivo.

Diante dessas dificuldades, o Ministério da Saúde do Brasil e a OMS recomendam a abordagem sindrômica. Esta estratégia consiste em tratar o paciente com base nos sinais e sintomas apresentados, cobrindo os agentes etiológicos mais prevalentes para aquela síndrome clínica na região.

  • Vantagens: tratamento imediato, redução da transmissão.
  • Desvantagens: pode levar ao uso excessivo de medicamentos e, por vezes, não foca adequadamente na promoção da saúde sexual específica.

Mesmo com a abordagem sindrômica, a coleta de material para exames específicos, quando possível, é importante para a vigilância epidemiológica e para ajustar o tratamento.

Diagnóstico Diferencial: A Chave para Distinguir Úlceras Genitais de Outras Condições

A identificação correta de uma úlcera genital vai muito além de um simples diagnóstico; é um verdadeiro exercício de investigação clínica. O diagnóstico diferencial é a ferramenta fundamental nesse processo, permitindo ao profissional de saúde distinguir entre as diversas causas possíveis e, assim, direcionar o tratamento mais eficaz.

Diferenciando as Principais ISTs Ulcerativas

Diferenciar as principais ISTs ulcerativas exige atenção às suas "assinaturas" clínicas, já detalhadas anteriormente. A sífilis (cancro duro) tipicamente se manifesta como úlcera única, indolor, com bordas endurecidas e fundo limpo, acompanhada de linfonodomegalia regional frequentemente bilateral e indolor. Em contraste, o cancro mole (cancroide) cursa com úlceras múltiplas, muito dolorosas, de bordas irregulares, fundo purulento e linfonodomegalia inguinal geralmente unilateral e dolorosa, podendo supurar. O herpes genital inicia-se com vesículas agrupadas que evoluem para úlceras múltiplas, rasas e dolorosas, com potencial de recorrência. Já a donovanose apresenta úlceras crônicas, indolores, de aspecto granuloso ("carne viva"), sangrentas, sem adenite verdadeira, mas com possíveis pseudobubões. O Linfogranuloma Venéreo (LGV), por sua vez, pode ter uma lesão inicial discreta e indolor, mas se destaca pela linfadenopatia inguinal dolorosa que pode fistulizar por múltiplos orifícios.

Além das Infecções: Outras Causas de Lesões Ulceradas

Conforme mencionado, lesões traumáticas, cujo histórico geralmente elucida a causa, e neoplasias (câncer) também figuram no diagnóstico diferencial. Uma úlcera persistente, especialmente em pacientes mais velhos, exige investigação para malignidade, sendo a biópsia indispensável. Doenças inflamatórias e dermatológicas como a Doença de Behçet (com suas úlceras aftosas orais e genitais recorrentes), o Líquen Plano Erosivo (com erosões dolorosas e possível rendilhado branco característico nas bordas ou mucosas) e o Penfigoide Cicatricial Mucoso (com bolhas que formam erosões dolorosas e podem levar a cicatrizes) também devem ser consideradas.

Condições que Mimetizam Úlceras ou Devem ser Diferenciadas: É importante distinguir úlceras verdadeiras de outras lesões que podem ser confundidas:

  • Hidradenite Supurativa (Vulvar/Inguinal): Caracteriza-se por nódulos inflamatórios crônicos, abscessos e fístulas, não por úlceras primárias.
  • Condiloma Acuminado (HPV): Apresenta-se como lesões verrucosas, não ulceradas, a menos que haja trauma ou infecção secundária.
  • Vulvovaginites Severas: Embora a principal característica seja inflamação e corrimento, erosões superficiais podem ocorrer em casos intensos, mas diferem das úlceras clássicas.
  • Atrofia Vaginal: Comum na pós-menopausa, causa secura e dispareunia, mas não úlceras típicas.

O diagnóstico diferencial preciso é, portanto, um pilar para o manejo adequado. A avaliação médica detalhada, combinando histórico, exame físico e exames complementares (sorologias, culturas, PCR, biópsia), é essencial para desvendar a causa subjacente e instituir o tratamento correto.

Tratamento, Manejo e Quando Procurar Ajuda Médica para Úlceras Genitais

O aparecimento de uma úlcera genital é um sinal de alerta que exige atenção e cuidado médico. O tratamento adequado é crucial não apenas para a resolução da lesão, mas também para prevenir complicações e a transmissão de infecções. É fundamental ressaltar que o tratamento das úlceras genitais é sempre direcionado pela causa etiológica identificada.

Abordagens Terapêuticas: Etiológica vs. Sindrômica

O tratamento pode ser etiológico (baseado na causa identificada por exames) ou, frequentemente, sindrômico, como discutido na abordagem diagnóstica. A abordagem sindrômica, recomendada pelo Ministério da Saúde do Brasil e pela OMS, trata as causas mais prováveis da úlcera genital com base nos sinais, sintomas clínicos e na prevalência local dos agentes infecciosos.

  • Vantagens da abordagem sindrômica: Permite o início rápido do tratamento, alívio dos sintomas e interrupção da cadeia de transmissão de ISTs.
  • Desvantagens: Pode levar ao tratamento excessivo e, por vezes, não aborda adequadamente a promoção da saúde sexual de forma individualizada.

O manejo clínico também considera características como a duração da lesão:

  • Úlceras com menos de 4 semanas de evolução (sem vesículas): O tratamento sindrômico geralmente visa cobrir sífilis e cancro mole. Esquemas comuns incluem Penicilina G benzatina e Azitromicina.
  • Úlceras com mais de 4 semanas de evolução, ou lesões dolorosas com mais de 4 semanas: O espectro de tratamento se amplia para incluir também linfogranuloma venéreo (LGV) e donovanose, além de sífilis e cancro mole. Medicamentos como a Doxiciclina podem ser adicionados. Nesses casos, a biópsia pode ser recomendada.

Tratamentos Específicos e o Que Evitar

A escolha do medicamento correto é essencial. Alguns exemplos:

  • Penicilina G benzatina: Para sífilis.
  • Azitromicina: Para cancro mole e alguns esquemas para LGV.
  • Doxiciclina: Opção para LGV e donovanose.

É crucial evitar a automedicação e tratamentos inadequados, que podem mascarar o problema ou piorá-lo. Antifúngicos, Metronidazol, Claritromicina, Eritromicina, Cefalosporinas de segunda geração, Norfloxacina, Ácido Tricloroacético, Imiquimode e debridamento cirúrgico geralmente não são indicados no tratamento inicial da maioria das úlceras genitais por ISTs. Antivirais como Aciclovir ou Famciclovir são específicos para herpes genital e só devem ser usados sob suspeita ou confirmação desta condição.

A Importância do Tratamento de Parceiros Sexuais

Quando a úlcera genital é causada por uma IST, o tratamento dos parceiros sexuais é fundamental para prevenir reinfecção, interromper a transmissão e tratar parceiros assintomáticos, especialmente em pacientes em idade reprodutiva.

Úlceras Persistentes, Recorrentes e Quando Procurar Ajuda Médica

Se uma úlcera genital não cicatrizar, piorar ou reaparecer, é imprescindível retornar ao médico. Isso pode indicar diagnóstico incorreto, resistência ao medicamento, coinfecção ou uma causa não infecciosa (autoimune, tumoral). Exames adicionais, incluindo biópsia, podem ser necessários, especialmente em lesões refratárias ou com mais de quatro semanas.

A mensagem mais importante é: ao notar qualquer tipo de úlcera na região genital, procure avaliação médica especializada o mais rápido possível. Não tente diagnosticar ou tratar por conta própria. O tratamento na atenção primária é frequentemente possível e desejável para agilizar o cuidado.

Lembre-se: cuidar da sua saúde sexual é cuidar da sua saúde geral.


As úlceras genitais, como vimos, são mais do que simples lesões: são indicadores importantes da saúde que podem sinalizar desde ISTs comuns até condições mais complexas. Compreender suas causas, o processo diagnóstico e as nuances do diagnóstico diferencial é fundamental não apenas para profissionais de saúde, mas para qualquer pessoa que busque informação confiável e cuidado adequado. A abordagem correta, seja ela etiológica ou sindrômica, visa a cura, o alívio do desconforto e, crucialmente, a interrupção de cadeias de transmissão, protegendo a saúde individual e pública.

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