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Guia Completo

Vacina Febre Amarela: Guia Completo 2024 – Doses, Indicações e Proteção

Por ResumeAi Concursos
Anticorpo IgG ligado à proteína de envelope do vírus da Febre Amarela. Proteção da vacina.

A febre amarela, uma ameaça persistente em diversas regiões do globo, incluindo o Brasil, exige conhecimento e ação. Diante de surtos recentes e da constante necessidade de proteção, entender a fundo a vacina contra essa doença é mais do que uma precaução – é um ato de cuidado individual e coletivo. Neste guia completo para 2024, desvendamos tudo o que você precisa saber: desde os riscos da doença e o funcionamento da vacina, passando pelo esquema de doses atualizado e quem deve (ou não) recebê-la, até as recomendações para situações específicas e a segurança do imunizante. Nosso objetivo é fornecer informações claras e precisas para que você possa tomar decisões conscientes sobre sua saúde e a de sua família.

Febre Amarela: O Que Você Precisa Saber Sobre a Doença e Seus Riscos

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda e potencialmente grave, causada por um arbovírus do gênero Flavivirus. De grande relevância epidemiológica, especialmente em regiões tropicais da África e América do Sul, incluindo o Brasil, onde é endêmica, entender seus mecanismos de transmissão, sintomas e riscos é fundamental para a prevenção.

Como a Febre Amarela é Transmitida?

A transmissão da febre amarela ocorre exclusivamente pela picada de mosquitos fêmeas infectados. É importante ressaltar que não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Existem dois ciclos principais de transmissão do vírus:

  • Ciclo Silvestre:
    • Ocorre predominantemente em áreas de mata e florestas.
    • Neste ciclo, o vírus circula entre primatas não humanos (macacos), que são os principais hospedeiros e reservatórios do vírus, e mosquitos silvestres, principalmente dos gêneros Haemagogus e Sabethes.
    • Os seres humanos se infectam acidentalmente ao adentrar essas áreas de mata e serem picados por mosquitos que previamente se alimentaram do sangue de um macaco infectado.
    • Epizootias (surtos da doença em populações de macacos) frequentemente precedem os casos humanos e servem como um importante evento sentinela para a vigilância epidemiológica, alertando para o risco de transmissão em determinada região.
  • Ciclo Urbano:
    • Neste ciclo, o vírus é transmitido entre pessoas pelo mosquito Aedes aegypti (o mesmo vetor da dengue, zika e chikungunya), que se infecta ao picar uma pessoa com o vírus e, após um período de incubação, o transmite para outras pessoas. O ser humano é o principal hospedeiro neste ciclo.
    • Embora historicamente tenha causado grandes epidemias urbanas, o Brasil não registra casos de febre amarela urbana desde 1942. Os surtos recentes no país estão associados ao ciclo silvestre.

Um mosquito torna-se capaz de transmitir o vírus cerca de 8 a 12 dias após se infectar ao picar um hospedeiro virêmico e permanece infectante por toda a sua vida (6 a 8 semanas). A transmissão vertical do vírus nos mosquitos também contribui para a sua persistência na natureza.

Sintomas, Fases e Gravidade da Doença

A febre amarela pode variar de assintomática a formas graves e fatais. Cerca de 60% das infecções podem ser inaparentes ou leves. O quadro clínico clássico sintomático geralmente apresenta uma evolução bifásica:

  1. Período de Infecção (Fase Aguda):

    • Início abrupto com febre alta (acima de 38°C), calafrios, cefaleia intensa, mialgias intensas (costas e pernas), prostração, fadiga, náuseas e vômitos.
    • Pode ocorrer o Sinal de Faget: dissociação entre pulso e temperatura (bradicardia relativa).
    • Dura cerca de 3 dias.
  2. Período de Remissão:

    • Melhora dos sintomas e febre por algumas horas até 1 ou 2 dias.
    • Parte dos pacientes evolui para a cura.
  3. Período de Intoxicação (Forma Grave):

    • Cerca de 15% dos pacientes progridem para esta fase.
    • Reaparecimento da febre alta, diarreia e vômitos escuros ("borra de café"), indicando hemorragia digestiva.
    • Insuficiência hepática e renal, levando à icterícia (pele e mucosas amareladas) e oligúria.
    • Fenômenos hemorrágicos (gengivas, nariz, estômago, etc.).
    • Pode evoluir para choque e falência de múltiplos órgãos.
    • A letalidade nas formas graves é alta, variando entre 20% a 50%.

Exantema (manchas vermelhas na pele) não é típico.

A Importância Crucial da Prevenção

Dada a potencial gravidade e a ausência de tratamento antiviral específico, a prevenção é a medida mais importante. A principal forma é a vacinação, segura e altamente eficaz, que será detalhada adiante. O controle vetorial é uma medida complementar importante.

Diagnóstico e Tratamento de Suporte

O diagnóstico combina dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais (PCR nos primeiros dias, sorologia em fases posteriores). Não existe tratamento específico. O tratamento é de suporte, visando aliviar sintomas e controlar complicações:

  • Repouso.
  • Hidratação.
  • Antitérmicos (dipirona, paracetamol) e analgésicos. Evitar AAS e outros anti-inflamatórios não esteroidais.
  • Monitoramento para complicações. Casos graves exigem internação, frequentemente em UTI.

A Vacina Contra Febre Amarela: Composição, Eficácia e Como Protege

A vacina contra a febre amarela é uma das ferramentas mais eficazes na prevenção desta doença. Compreender sua composição, como ela gera proteção e sua eficiência é fundamental.

O Coração da Vacina: Um Vírus Vivo Atenuado

A vacina é elaborada a partir de vírus vivos atenuados, ou seja, enfraquecidos em laboratório. Eles ainda estão vivos, mas sua capacidade de causar a doença em indivíduos saudáveis é drasticamente reduzida. No Brasil, a vacina produzida por BioManguinhos/Fiocruz utiliza a subcepa 17DD, cultivada em ovos embrionados de galinha. Essa característica a torna muito eficaz, mas impõe precauções em grupos específicos, detalhados nas seções sobre contraindicações e recomendações especiais.

Despertando as Defesas: Como a Vacina Induz Imunidade

Administrada por via subcutânea, a vacina introduz o vírus atenuado, que alerta e treina o sistema imunológico:

  1. Reconhecimento: Células de defesa identificam o vírus atenuado como um antígeno.
  2. Ativação da Resposta Imune: Desencadeia uma resposta similar à infecção natural, mas controlada.
  3. Produção de Anticorpos: O sistema imune produz anticorpos específicos contra o vírus.
  4. Memória Imunológica: Desenvolve células de memória que, em futura exposição ao vírus selvagem, montam uma resposta rápida e eficiente.

Os anticorpos protetores geralmente surgem entre o 7º e o 10º dia após a vacinação. Por isso, a vacinação deve ser planejada com antecedência mínima de 10 dias antes de deslocamentos para áreas de risco.

Escudo Protetor: A Alta Eficácia da Vacina

A vacina é reconhecida por sua excepcional eficácia e imunogenicidade (capacidade de induzir resposta imune protetora), situando-se entre 90% e 98%. Em crianças maiores de 2 anos, ultrapassa 95%. A falha vacinal primária é rara (menos de 10%).

Proteção Duradoura: Por Quanto Tempo a Vacina Protege?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que uma única dose da vacina é suficiente para conferir proteção por toda a vida para a maioria das pessoas. Não há mais necessidade de doses de reforço a cada 10 anos para a maioria dos indivíduos, como era recomendado anteriormente. A seguir, detalharemos o esquema vacinal vigente e quem deve receber a vacina.

Esquema Vacinal da Febre Amarela: Doses, Idades e Calendário Atualizado

Manter-se atualizado sobre o esquema vacinal da febre amarela é fundamental. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil estabelece diretrizes claras, atualizadas para otimizar a proteção.

Para Crianças: O Esquema Padrão do PNI

  • Primeira dose (D1): Aos 9 meses de idade.
  • Dose de reforço: Aos 4 anos de idade (incorporada em 2020 para assegurar resposta imune mais forte e duradoura).

Para Pessoas a Partir de 5 Anos de Idade (Não Vacinadas Anteriormente ou Sem Comprovação)

Para indivíduos de 5 a 59 anos não vacinados ou sem comprovante, a orientação é de dose única, considerada suficiente para proteção vitalícia, alinhada às diretrizes da OMS desde 2014.

Principais Atualizações e Pontos Importantes:

  • Fim dos Reforços Decenais: A prática de reforço a cada 10 anos não é mais válida para a população geral que seguiu o esquema atualizado.
  • Vacinação em Todo o Território Nacional: Desde 2020, a recomendação da vacina foi ampliada para todo o território nacional, fazendo parte do calendário de rotina.
  • Via de Administração: A vacina é administrada por via subcutânea, preferencialmente no músculo deltoide.
  • Doses Fracionadas (Situações Específicas): Em contextos de surtos ou para ampliar rapidamente a cobertura com volume limitado de vacinas, o Ministério da Saúde pode adotar doses fracionadas (ex: 0,1ml em vez de 0,5ml) em campanhas específicas. A validade dessa proteção é definida pelo Ministério da Saúde para cada campanha e não é utilizada na vacinação de rotina.

Verifique Sempre sua Situação Vacinal! É imprescindível verificar seu cartão de vacinação. Em caso de dúvidas, procure uma unidade de saúde.

Quem Deve se Vacinar? Indicações Gerais

A vacinação contra a febre amarela é uma estratégia de saúde pública essencial, incluída no Calendário Nacional de Vacinação do Brasil. As indicações visam proteger aqueles com maior risco de exposição ou complicações da doença, seguindo o esquema vacinal detalhado anteriormente. Os principais grupos indicados são:

  • Crianças: A imunização inicia-se aos 9 meses, com um reforço aos 4 anos, para construir uma base sólida de proteção desde cedo. Crianças que iniciam a vacinação após os 4 anos recebem dose única.
  • Adolescentes e Adultos até 59 anos: Caso não tenham sido vacinados ou não possuam esquema completo da infância, uma dose única é suficiente para garantir proteção por toda a vida.
  • Residentes e Viajantes para Áreas com Recomendação da Vacina (ACRV): A vacinação é crucial para quem vive ou se deslocará para regiões onde o vírus circula, devendo ser administrada com pelo menos 10 dias de antecedência da viagem para garantir a formação de anticorpos.

É fundamental manter o cartão de vacinação atualizado e, em caso de dúvidas, procurar uma unidade de saúde para avaliação individual.

Contraindicações da Vacina da Febre Amarela: Quem NÃO Pode Tomar ou Precisa de Avaliação?

A vacina contra a febre amarela, por ser de vírus vivo atenuado, não é universal. Existem contraindicações formais e situações que exigem avaliação médica minuciosa.

Quem NÃO deve tomar a vacina (Contraindicações Absolutas):

  • Bebês menores de 6 meses de idade.
  • Pessoas com histórico de alergia grave (anafilaxia) a componentes da vacina, como proteína do ovo de galinha, gelatina bovina ou outros.
  • Indivíduos com imunossupressão grave congênita ou adquirida:
    • Pessoas vivendo com HIV (PVHIV) com contagem de linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/mm³.
    • Pacientes transplantados de órgãos sólidos ou células-tronco hematopoiéticas.
    • Indivíduos em tratamento com altas doses de corticosteroides (ex: prednisona ≥ 20mg/dia para adultos, ou >2mg/kg/dia para crianças, por >14 dias).
    • Pacientes em uso de medicamentos imunossupressores (quimioterápicos, imunobiológicos). Para imunobiológicos, a vacinação só pode ser considerada, em alto risco epidemiológico, após intervalo seguro da suspensão do medicamento (geralmente 3-6 meses).
    • Pessoas com imunodeficiências primárias graves.

Quem precisa de Avaliação Médica Criteriosa (Precauções Especiais):

  • Gestantes: Geralmente contraindicada. Em alto risco de exposição, o médico pode avaliar a vacinação.
  • Mulheres amamentando bebês menores de 6 meses: Se a vacinação da mãe for indispensável, recomenda-se interrupção do aleitamento por no mínimo 10 dias (idealmente 28 dias) após a vacina.
  • Idosos (60 anos ou mais): Risco ligeiramente aumentado de eventos adversos graves pós-vacinação (raros). A decisão de vacinar exige avaliação médica do risco de exposição, comorbidades e estado geral de saúde.
  • PVHIV com contagem de linfócitos T-CD4+ entre 200 e 350 células/mm³: Decisão individualizada. Para CD4+ superior a 350 células/mm³ sem sintomas de imunodeficiência, a vacinação é geralmente indicada se houver risco, usando dose padrão.
  • Pessoas com doenças autoimunes: Avaliação depende da atividade da doença e tratamento. Se usam imunossupressores, geralmente é contraindicada.
  • Pessoas com diabetes: Não é contraindicação, mas requer avaliação do controle glicêmico e comorbidades.
  • Pessoas com doença febril aguda: Adiar a vacinação até a recuperação.
  • Pessoas que receberam recentemente transfusão de sangue ou hemoderivados: Pode ser necessário aguardar de 3 a 11 meses.

Esta lista é informativa e não substitui a consulta médica individualizada. Procure um profissional de saúde em caso de dúvida.

Recomendações Especiais: Viajantes, Gestantes, Idosos e Políticas Nacionais

Algumas situações e grupos populacionais exigem atenção e orientações específicas para a vacinação contra a febre amarela.

Orientações para Viajantes

Para viagens a áreas com recomendação da vacina (ACRV), no Brasil ou exterior:

  • Antecedência: Vacinar-se com, no mínimo, 10 dias de antecedência.
  • Certificado Internacional: Alguns países exigem o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP).
  • Proteção adicional: Mesmo vacinado, use repelentes, roupas protetoras, mosquiteiros e evite exposição nos horários de maior atividade do vetor.

Gestantes e Lactantes: Uma Avaliação Criteriosa

Conforme discutido na seção de contraindicações, a vacina geralmente não é indicada de rotina durante a gestação e amamentação. A decisão de vacinar baseia-se em rigorosa avaliação de risco-benefício pelo médico, especialmente em surtos ou viagens inevitáveis para áreas de transmissão ativa. A conduta mais segura é, sempre que possível, adiar ou evitar a viagem.

Idosos: Atenção e Avaliação Individualizada

Similarmente, para a população idosa (60 anos ou mais), a primovacinação requer uma avaliação médica cuidadosa, como detalhado anteriormente, considerando o estado de saúde, comorbidades e risco de exposição.

Políticas Nacionais de Vacinação no Brasil

O Brasil tem um histórico significativo no combate à febre amarela. O último caso de febre amarela urbana foi em 1942, com casos recentes ligados ao ciclo silvestre.

  • Ampliação: Desde 2019, a vacina tornou-se recomendada para todo o território nacional. O esquema do PNI inclui dose aos 9 meses e reforço aos 4 anos. Para pessoas de 5 a 59 anos não vacinadas, dose única confere proteção vitalícia, seguindo a OMS (2017).
  • Atuação em Surtos: O Ministério da Saúde pode adotar estratégias emergenciais, como vacinação de bebês a partir dos 6 meses em áreas afetadas.

Vacinação e Doação de Sangue

Indivíduos vacinados devem aguardar 4 semanas (28 dias) após a vacinação para doar sangue.

Lembre-se: além da vacinação, o combate ao mosquito e a conservação de matas nativas são importantes. Mantenha-se informado por fontes confiáveis.

Segurança da Vacina da Febre Amarela: Eventos Adversos e Monitoramento

A vacina contra a febre amarela possui um perfil de segurança bastante favorável, embora possa desencadear reações.

Eventos Adversos Comuns: Leves e Passageiros

A maioria não apresenta reação. Quando ocorrem, são geralmente leves e autolimitados:

  • Dor, sensibilidade ou vermelhidão no local da aplicação (2% a 4% dos vacinados).
  • Febre baixa.
  • Dor de cabeça e dores musculares (mialgia).

Eventos Adversos Raros, Porém Graves: Atenção e Vigilância

  1. Doença Neurotrópica Associada à Vacina da Febre Amarela (DNAV-FA):

    • Complicação neurológica rara (vírus vacinal afeta o sistema nervoso central).
    • Febre com sinais de meningoencefalite (dor de cabeça intensa, rigidez de nuca, confusão) entre 7 e 21 dias pós-vacinação.
    • A recomendação da idade mínima de 9 meses reduziu sua ocorrência.
  2. Doença Viscerotrópica Associada à Vacina da Febre Amarela (DVAV-FA):

    • Evento raro (vírus vacinal se replica de forma disseminada, afetando múltiplos órgãos).
    • Sintomas como febre, icterícia, falência de múltiplos órgãos, sangramentos.

Incidência e a Importância do Monitoramento

A ocorrência de DNAV-FA e DVAV-FA é estimada em 0,4 casos a cada 100.000 doses. O monitoramento contínuo e a notificação de suspeitas são cruciais para avaliar a segurança, refinar contraindicações e garantir que os benefícios superem os riscos. As recomendações atuais, como a dose única para toda a vida, são fruto de estudos que comprovam a imunidade duradoura e o perfil de segurança.

Navegar pelas informações sobre a febre amarela e sua vacina é essencial para uma vida saudável e viagens seguras. Esperamos que este guia completo tenha esclarecido suas dúvidas, desde a compreensão da doença e a importância da imunização, até os detalhes do esquema vacinal atualizado, as indicações, contraindicações e o perfil de segurança da vacina. Estar bem informado é o primeiro passo para a prevenção eficaz e para proteger a si mesmo e à comunidade.

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