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Guia Completo

Vacinas Pneumocócicas (10v, 13v, 23v) e Pentavalente: Guia Completo de Tipos, Doses e Calendários

Por ResumeAi Concursos
Frascos de vacinas pneumocócicas (tampas cinza) e pentavalente (tampa colorida com 5 facetas), simbolizando tipos e valências.


Navegar pelo universo das vacinas pode parecer complexo, mas é um dos pilares para garantir uma vida saudável para crianças e adultos. Neste guia completo, nosso objetivo é desmistificar as vacinas pneumocócicas (VPC10, VPC13, VPP23) e a pentavalente, detalhando suas diferenças, quem deve recebê-las e quando. Compreender essas informações é fundamental para tomar decisões conscientes sobre a sua saúde e a de sua família, fortalecendo a proteção contra doenças graves. Prepare-se para um mergulho informativo que o capacitará a dialogar com confiança com os profissionais de saúde e a manter seu calendário vacinal em dia.

Por Que as Vacinas Pneumocócicas e Pentavalente São Essenciais?

No universo da saúde, poucas intervenções têm um impacto tão profundo e positivo quanto a imunização. A vacinação é uma das ferramentas mais poderosas da medicina moderna, protegendo indivíduos contra uma miríade de doenças potencialmente graves. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil é um exemplo robusto desse compromisso, oferecendo um calendário vacinal abrangente. Dentro deste arsenal preventivo, as vacinas pneumocócicas e a vacina pentavalente ocupam um lugar de destaque.

As vacinas pneumocócicas são desenvolvidas para proteger contra infecções causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, o pneumococo. Este microrganismo pode causar desde otites médias agudas (OMA) e pneumonias, até quadros gravíssimos de doença pneumocócica invasiva (DPI), como meningite e bacteremia/septicemia.

Já a vacina pentavalente oferece proteção contra cinco doenças diferentes em uma única aplicação: difteria, tétano, coqueluche (pertussis), hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b (Hib) – esta última uma causa importante de meningite e pneumonia antes da vacina.

A relevância dessas vacinas se fundamenta na importância geral da imunização, especialmente na pediatria. Crianças pequenas possuem um sistema imunológico ainda em desenvolvimento, tornando-as mais vulneráveis. Ao vaciná-las conforme o calendário recomendado, não apenas as protegemos individualmente, mas também contribuímos para a imunidade de rebanho, diminuindo a circulação desses agentes patogênicos na comunidade. Portanto, as vacinas pneumocócicas e a pentavalente são pilares na construção de uma infância saudável e na proteção de adultos vulneráveis.

Desvendando as Vacinas Pneumocócicas: VPC10, VPC13 e VPP23

Existem diferentes tipos de vacinas pneumocócicas, cada uma com suas particularidades. Elas são inativadas, ou seja, não contêm o microrganismo vivo capaz de causar a doença, mas sim fragmentos dele, principalmente polissacarídeos da cápsula de diferentes sorotipos do pneumococo. A administração é feita por via intramuscular. Ao introduzir esses componentes, o sistema imunológico é "treinado" a produzir anticorpos específicos. A implementação da vacinação pneumocócica resultou em uma significativa diminuição das infecções de vias aéreas e doenças invasivas pelos sorotipos contidos nas vacinas.

As Vacinas Pneumocócicas Conjugadas (VPC)

As vacinas conjugadas unem polissacarídeos da cápsula da bactéria a uma proteína transportadora. Essa "conjugação" estimula uma resposta imune mais robusta e duradoura, especialmente em crianças pequenas, induzindo produção de anticorpos e memória imunológica.

  • Vacina Pneumocócica Conjugada 10-valente (VPC10):

    • Composição: Protege contra 10 sorotipos do pneumococo (1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F), conjugados à proteína D do Haemophilus influenzae não tipável, ou ao toxoide tetânico e diftérico.
    • Indicações e Esquema (PNI): Oferecida pelo PNI para crianças, com duas doses aos 2 e 4 meses de idade, e um reforço entre 12 e 15 meses (preferencialmente aos 12 meses).
    • Cobertura: Previne cerca de 70% das doenças pneumocócicas invasivas causadas pelos sorotipos que contém.
  • Vacina Pneumocócica Conjugada 13-valente (VPC13):

    • Composição: Proteção ampliada contra 13 sorotipos (os 10 da VPC10, mais 3, 6A e 19A), conjugados à proteína CRM197.
    • Indicações e Esquema: Disponível na rede privada e CRIEs. Recomendada pela SBP e SBIm como preferencial para crianças (esquema de 2, 4 e 6 meses com reforço entre 12 e 15 meses). Indicada também para crianças mais velhas, adolescentes e adultos com condições de risco, e idosos.
    • Cobertura: Amplia a proteção para cerca de 90% das doenças graves pelos sorotipos que contém.
    • Nota: Recentemente, foi introduzida a VPC15, que inclui os sorotipos da VPC13 mais o 22F e 33F, ampliando ainda mais a cobertura. Sua indicação segue padrões semelhantes à VPC13.

A Vacina Pneumocócica Polissacarídica (VPP)

Contém apenas os polissacarídeos puros da cápsula da bactéria.

  • Vacina Pneumocócica Polissacarídica 23-valente (VPP23):
    • Composição: Polissacarídeos de 23 sorotipos, oferecendo a mais ampla cobertura de sorotipos.
    • Características e Resposta Imune: Induz uma resposta imune T-independente, menos eficaz em crianças menores de 2 anos e não induz memória imunológica robusta.
    • Indicações e Esquema:
      • PNI: Pessoas com 60 anos ou mais vivendo acamadas ou em instituições fechadas (dose única).
      • CRIEs e Rede Privada: Recomendada para crianças a partir de 2 anos, adolescentes e adultos com condições médicas que aumentam o risco de doença pneumocócica (detalhadas adiante na seção sobre vacinação em adultos e grupos especiais). Geralmente em esquemas sequenciais com as vacinas conjugadas.

Um Breve Olhar no Passado: A VPC7 e a Intercambialidade

A Vacina Pneumocócica Conjugada 7-valente (VPC7) foi pioneira, mas foi substituída por vacinas com maior cobertura e não está mais em circulação. Esquemas iniciados com VPC7 ou VPC10 podem ser completados com a VPC13, visando a proteção mais ampla.

Vacina Pentavalente: Proteção Múltipla para os Pequenos

A vacina Pentavalente é uma aliada crucial na imunização infantil, oferecendo proteção contra cinco doenças graves em uma única aplicação. Sua composição inclui:

  • Toxoide Diftérico: Protege contra a difteria.
  • Toxoide Tetânico: Previne o tétano.
  • Componente Pertussis (Coqueluche): Imuniza contra a coqueluche.
  • Haemophilus influenzae tipo b (Hib): Protege contra infecções invasivas como meningite e pneumonia.
  • Antígeno de superfície da Hepatite B (HBsAg): Previne a hepatite B.

O Componente Pertussis: Uma Peça Chave

No PNI, a vacina Pentavalente utilizada contém o componente pertussis de células inteiras (DTPw). Este componente é altamente eficaz, mas associado a uma maior reatogenicidade (eventos adversos como febre, dor local), geralmente leves e transitórios, comparado às vacinas com componente pertussis acelular (DTaP).

Esquema Vacinal da Pentavalente no Calendário Infantil

A Pentavalente é administrada no esquema primário infantil:

  • 1ª dose: Aos 2 meses de idade.
  • 2ª dose: Aos 4 meses de idade.
  • 3ª dose: Aos 6 meses de idade.

A primeira dose da vacina contra Hepatite B é administrada ao nascer. A dose de Hepatite B na Pentavalente aos 2 meses funciona como a segunda dose contra esta doença. Após o esquema primário, a proteção contra difteria, tétano e coqueluche é reforçada com a vacina DTP (Tríplice Bacteriana) aos 15 meses e entre 4 e 6 anos. A Pentavalente é indicada para crianças até os 6 anos, 11 meses e 29 dias.

Vacinação Pneumocócica em Adultos, Idosos e Grupos Especiais

A proteção contra doenças pneumocócicas não se restringe à infância. Adultos, especialmente idosos e aqueles com condições clínicas específicas, beneficiam-se da vacinação com VPP23 e VPC13.

A Vacina Pneumocócica Polissacarídica 23-valente (VPP23) em Adultos

A VPP23 é inativada, composta por polissacarídeos de 23 sorotipos. Em adultos e idosos, oferece proteção importante, embora sua resposta imune seja menos robusta e duradoura que as conjugadas. Está disponível na rede privada, CRIEs e, em situações específicas, pelo PNI.

Recomendações para Adultos e Idosos

  • Idosos (a partir de 60 anos):
    • PNI: VPP23 em dose única para idosos acamados ou em instituições de longa permanência (reforço após 5 anos pode ser considerado).
    • SBIm: Esquema sequencial: 1 dose de VPC13, seguida por 1 dose de VPP23 após 6 a 12 meses. Uma segunda dose de VPP23 5 anos após a primeira de VPP23.
  • Adultos (19 a 59 anos) com comorbidades:
    • A SBIm recomenda o mesmo esquema sequencial (VPC13 seguida de VPP23) para adultos com doenças crônicas.

Recomendações para Grupos com Condições Clínicas Especiais

Indivíduos com risco aumentado para doença pneumocócica grave devem ser vacinados, com acesso via CRIEs a partir dos 2 anos.

  • Condições de Alto Risco (Indicações para VPP23 e, frequentemente, VPC13 em esquema sequencial):

    • Imunodeficiências (congênitas, adquiridas como HIV/AIDS).
    • Pacientes oncológicos, transplantados de órgãos sólidos ou de células-tronco hematopoiéticas.
    • Asplenia anatômica ou funcional (ex: anemia falciforme).
    • Fístula liquórica, implante de cóclea.
    • Doenças renais crônicas (ex: síndrome nefrótica, hemodiálise).
    • Doenças pulmonares crônicas graves (ex: DPOC, fibrose cística, asma persistente moderada/grave).
    • Cardiopatias crônicas, hepatopatias crônicas, diabetes mellitus.
    • Doenças neurológicas crônicas incapacitantes, trissomias, doenças de depósito.
  • Esquema para Grupos Especiais:

    • Geralmente, inicia-se com VPC13.
    • VPP23 administrada após intervalo (2 meses para imunocomprometidos, 6-12 meses para outros grupos de risco após VPC13).
    • Segunda dose de VPP23 5 anos após a primeira.
    • Crianças a partir de 2 anos nessas condições, com esquema primário de VPC10, devem complementar com VPP23. VPC13 pode ser considerada nos CRIEs para crianças a partir de 5 anos com alto risco.

Eficácia e Considerações Adicionais

  • Eficácia em Diabéticos: VPP23 demonstra eficácia de 65-84% na prevenção de doença pneumocócica invasiva.
  • Portadores Assintomáticos: VPP23 não elimina o estado de portador assintomático.
  • Segurança em Imunocomprometidos: VPC13 e VPP23 são inativadas e seguras para imunocomprometidos.
  • Profissionais de Saúde: VPP23 não é rotineiramente recomendada, a menos que tenham condições de risco.

Efeitos Adversos, Resposta Imune e Dúvidas Frequentes

É natural ter dúvidas sobre vacinas, seus efeitos e como o corpo reage.

Reações Adversas: O que Esperar?

Toda vacina pode causar reações, geralmente leves e passageiras.

Vacinas Pneumocócicas Conjugadas (VPC10, VPC13): Para a VPC10, as reações mais comuns (>1/10) incluem sonolência, perda de apetite, dor, vermelhidão e inchaço no local da injeção, febre (em crianças <2 anos) e irritabilidade. Reações comuns (>1/100 e <1/10) são endurecimento local e febre mais alta. Reações incomuns, raras e muito raras (como apneia em prematuros, diarreia, vômito, convulsões, reações alérgicas, Doença de Kawasaki) são progressivamente menos frequentes.

Vacina Pentavalente: O componente pertussis pode causar reações mais frequentes.

  • Eventos Adversos Severos e Condutas:
    • Episódio Hipotônico-Hiporresponsivo (EHH), Convulsões (nas primeiras 72h), ou Encefalopatia (nos 7 dias seguintes) contraindicam doses subsequentes da pentavalente.
    • A conduta é substituir por DTPa (acelular), Hib e Hepatite B separadamente. Em caso de encefalopatia, adiciona-se DT infantil.
    • Reações leves como febre baixa e dor local não impedem doses seguintes.

A Resposta Imunológica: Como o Corpo se Defende

A VPP23 induz uma resposta imunológica Linfócito T independente, estimulando principalmente a produção de anticorpos pelos linfócitos B, sem grande participação dos linfócitos T de memória. Por isso, é frequentemente recomendada após um esquema com vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC10 ou VPC13), que induzem uma resposta Linfócito T dependente, mais robusta e duradoura.

Dúvidas Comuns sobre Segurança, Calendário e Práticas de Vacinação

  • Segurança Geral: As vacinas pneumocócicas (VPC10, VPC13, VPP23) e a pentavalente são inativadas, incapazes de causar as doenças contra as quais protegem. São seguras para crianças com condições médicas como síndrome nefrótica, mesmo durante tratamentos imunossupressores (onde vacinas de vírus vivos atenuados são geralmente contraindicadas).
  • Administração Concomitante: É prática comum e segura administrar múltiplas vacinas na mesma visita. A Pentavalente e as Pneumocócicas frequentemente são aplicadas juntas.
  • Vacina Meningocócica C (conjugada): Fundamental no calendário infantil, protege contra a doença invasiva pelo meningococo C. O esquema PNI é: 1ª dose aos 3 meses, 2ª dose aos 5 meses, e reforço aos 12 meses (ou dose única para >12 meses não vacinados).
  • Esquemas de Atualização: Crianças acima de 12 meses não vacinadas ou com esquema incompleto para pneumocócica conjugada podem receber esquemas de atualização, geralmente com duas doses, dependendo da idade e vacina.
  • Reforços Pneumocócicos: O reforço da VPC10 é aos 12 meses. Após o esquema conjugado, a VPP23 pode ser indicada para ampliar a proteção em grupos de risco.

Benefícios Adicionais: Proteção Cruzada

A VPC10 pode oferecer proteção cruzada contra o Haemophilus influenzae não tipável (NTHi), uma causa comum de otite média aguda.

Chegamos ao fim deste guia detalhado sobre as vacinas pneumocócicas e pentavalente. Esperamos que as informações aqui apresentadas tenham fortalecido seu conhecimento sobre a importância vital desses imunizantes na proteção contra doenças graves em todas as fases da vida. Lembre-se que a vacinação é um ato de responsabilidade individual e coletiva, e manter-se informado é o primeiro passo para garantir a saúde de sua família e comunidade. Converse sempre com seu médico ou profissional de saúde para esclarecer dúvidas e seguir o calendário vacinal recomendado.

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