Plantão na emergência. O alarme soa. Chega um paciente "arresponsivo". O pânico inicial é real, mas o que separa o estudante preparado do resto é a capacidade de transformar o caos em um plano de ação sistemático. O rebaixamento do nível de consciência não é um diagnóstico, é um grito de socorro do cérebro. Este guia é o seu mapa para decifrar esse sinal e agir com precisão quando cada segundo conta.

Consciência: O que estamos avaliando?

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Pense na consciência como um sistema de duas partes:

1. O Interruptor (Nível de Consciência): É o estado de estar acordado ou não. É o famoso "estar alerta". Isso é controlado pelo Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA) no tronco encefálico. Se ele falha, o interruptor desliga.
2. O Software (Conteúdo da Consciência): São as funções nobres do cérebro: pensar, lembrar, se orientar. É o córtex em ação.

O rebaixamento é uma falha no interruptor. Ele tem um espectro de gravidade que você precisa reconhecer:

Sonolência: Parece cansado, mas acorda fácil com um "ei, tudo bem?".
Obnubilação: Mais sonolento, precisa de um estímulo mais forte (um chacoalhão leve) e acorda confuso.
Estupor/Torpor: Só responde a estímulos dolorosos, como um beliscão, e a resposta é mínima.
Coma: O estado mais grave. Nenhuma resposta, nem à dor. O cérebro está "offline".

Por que isso é uma EMERGÊNCIA MÁXIMA? Porque significa que algo está agredindo o cérebro agora. Pode ser uma lesão direta (um AVC, um trauma) ou um ataque sistêmico (hipoglicemia, intoxicação, sepse). A progressão é rápida e pode levar à perda de proteção das vias aéreas e morte. Não há tempo a perder.

A Abordagem que Salva Vidas: O Protocolo ABCDE

Antes de pensar no diagnóstico, você precisa garantir que seu paciente vai sobreviver aos próximos minutos. A regra é clara: estabilizar primeiro, diagnosticar depois. O ABCDE é sua bússola.

A: Airway (Vias Aéreas)

Um paciente inconsciente não protege sua via aérea. A língua relaxa e bloqueia a passagem de ar.

O que procurar? Roncos, gorgolejos, qualquer ruído. Respiração ruidosa é respiração obstruída!
O que fazer? Manobras de chin-lift ou jaw-thrust (se suspeita de trauma cervical). Se não há reflexo de tosse ou o paciente está em coma (Glasgow ≤ 8), a resposta é uma só: intubação orotraqueal.

B: Breathing (Ventilação)

Via aérea aberta não significa ventilação eficaz.

O que procurar? Frequência respiratória, expansão do tórax, oximetria de pulso (SpO2).
O que fazer? Oferecer oxigênio para manter SpO2 > 94%. Se a ventilação é ruim, use a bolsa-valva-máscara (ambu) enquanto prepara a via aérea definitiva.

C: Circulation (Circulação)

O cérebro precisa de sangue para funcionar. O choque mata o cérebro.

O que procurar? Pulso, pressão arterial, tempo de enchimento capilar, pele fria/pálida.
O que fazer? Acesso venoso calibroso! Inicie cristaloides se houver sinais de choque. E aqui vem o passo mais importante: FAÇA UMA GLICEMIA CAPILAR! Hipoglicemia é uma causa comum, grave e 100% reversível de coma. Nunca esqueça!

D: Disability (Incapacidade Neurológica)

Agora sim, um rápido mergulho na neurologia.

O que fazer? Aplique a Escala de Coma de Glasgow (GCS), avalie as pupilas (tamanho, simetria, reação à luz) e procure por déficits focais (um lado do corpo não se mexe?).

E: Exposure (Exposição)

Despida o paciente. Você precisa ver tudo para não perder pistas cruciais: sinais de trauma, lesões, manchas.

O que fazer? Exponha o corpo todo, mas cubra com mantas logo em seguida para evitar a hipotermia.

Aprofundando o 'D': Exame Neurológico Focado

Com o paciente estável, vamos refinar a avaliação neurológica.

#### Escala de Coma de Glasgow (GCS): A Linguagem Universal

A GCS transforma uma avaliação subjetiva em números. É o seu placar neurológico.

Abertura Ocular (1-4): De nenhuma a espontânea.
Resposta Verbal (1-5): De nenhuma a orientado e conversando.
Resposta Motora (1-6): De nenhuma a obedece a comandos.

Lembre-se do número mágico: GCS ≤ 8 indica coma e, classicamente, necessidade de intubação.

#### As Pupilas: Janelas da Alma (e do Tronco Encefálico)

Olhar as pupilas te dá informações valiosas sobre o tronco encefálico.

Anisocoria (pupilas desiguais): Sinal de alerta máximo! Pode indicar uma herniação cerebral comprimindo o nervo oculomotor. É uma corrida contra o tempo.
Fotorreatividade: A ausência de contração à luz é um péssimo sinal.

#### Pistas de Localização: A Linguagem Corporal do Cérebro

O padrão motor do paciente te ajuda a localizar a lesão.

Déficit Focal: Se um lado do corpo está paralisado (hemiplegia), a lesão provavelmente está no hemisfério cerebral oposto.
Posturas Anormais (em resposta à dor):
Decorticação: Braços flexionados sobre o peito. Lesão acima do tronco.
Decerebração: Braços e pernas estendidos e rodados para dentro. Sinal mais grave, indica lesão no* tronco encefálico.

Ao dominar essa sequência, você sai da paralisia e entra em modo de ação. Você estabiliza, quantifica o dano e começa a juntar as peças do quebra-cabeça, transformando-se no profissional que todo paciente em estado crítico precisa.