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Guia Completo

Abdome Agudo: Guia Completo para Diagnóstico de Apendicite, Pancreatite e Diverticulite

Por ResumeAi Concursos
Abdome Agudo: Guia de diagnóstico para Apendicite, Pancreatite e Diverticulite.

No universo da medicina de emergência, poucos desafios são tão recorrentes e exigem tanta acuidade quanto o abdome agudo. Este guia foi meticulosamente elaborado por nossa equipe editorial para servir como uma ferramenta robusta e confiável aos profissionais de saúde na linha de frente. Nosso objetivo é claro: capacitar você a navegar com segurança pelo complexo diagnóstico diferencial do abdome agudo, com foco especial em três de suas causas mais prevalentes e potencialmente graves: apendicite, pancreatite e diverticulite. Ao refinar as informações essenciais, eliminar redundâncias e garantir um fluxo coeso, buscamos oferecer um recurso que não apenas informe, mas transforme sua prática clínica, permitindo diagnósticos mais rápidos, precisos e, consequentemente, melhores desfechos para seus pacientes.

Abdome Agudo: Desvendando as Causas Mais Comuns e a Importância do Diagnóstico Preciso

O termo abdome agudo descreve um quadro clínico caracterizado por dor abdominal de início súbito e intensidade variável, que frequentemente sinaliza uma condição grave e requer avaliação médica urgente. Trata-se de um dos desafios diagnósticos mais comuns na prática médica, exigindo uma abordagem sistemática e raciocínio clínico apurado. Dentre as inúmeras etiologias possíveis, três se destacam pela sua frequência e relevância clínica, e serão o foco do nosso guia: a apendicite aguda, a pancreatite aguda e a diverticulite aguda.

A importância de um diagnóstico preciso e rápido no contexto do abdome agudo não pode ser subestimada. A conduta terapêutica varia drasticamente dependendo da causa subjacente, e um atraso ou erro diagnóstico pode levar a complicações graves, aumento da morbimortalidade e necessidade de intervenções mais invasivas.

A Necessidade Imperativa do Diagnóstico Diferencial

O médico deve considerar um espectro de possibilidades, pois diversas condições podem mimetizar os sintomas umas das outras. Além das três condições foco deste guia, o diagnóstico diferencial do abdome agudo é vasto, incluindo desde outras inflamações como colecistite aguda, até úlcera péptica perfurada, obstrução intestinal, isquemia mesentérica, e, em mulheres, condições ginecológicas como doença inflamatória pélvica (DIPA), cisto ovariano roto ou torcido, e gravidez ectópica rota. Em contextos específicos, até mesmo condições como a cetoacidose diabética podem apresentar dor abdominal que simula um abdome agudo. A diferenciação correta, que será explorada em detalhe mais adiante, é vital. Por exemplo, a dor da apendicite tipicamente se localiza na fossa ilíaca direita com sinais infecciosos, enquanto uma gravidez ectópica rota pode cursar com instabilidade hemodinâmica e ausência de febre, mas a dor pode ser semelhante.

Abordagem Diagnóstica Inicial: Os Primeiros Passos Decisivos

A abordagem diagnóstica inicial do abdome agudo é fundamental para direcionar a investigação. Ela se baseia em três pilares essenciais:

  1. Anamnese Detalhada: Coleta da história clínica, incluindo o início, localização, irradiação, tipo e intensidade da dor, fatores de melhora ou piora, sintomas associados (febre, náuseas, vômitos, alterações do hábito intestinal e urinário, sangramentos), histórico médico pregressO, uso de medicações e, em mulheres, história menstrual.
  2. Exame Físico Completo: Avaliação do estado geral, sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura) e um exame abdominal minucioso. Este último inclui inspeção, ausculta, percussão e palpação, buscando por distensão, ruídos hidroaéreos alterados, massas palpáveis, e sinais de irritação peritoneal (como dor à descompressão brusca, defesa e contratura muscular involuntária).
  3. Exames Complementares Iniciais: Conforme a suspeita clínica, podem ser solicitados exames laboratoriais (hemograma completo, eletrólitos, função renal e hepática, amilase, lipase, marcadores inflamatórios como PCR, beta-HCG em mulheres em idade fértil, exame de urina) e exames de imagem (radiografias, ultrassonografia abdominal – frequentemente o primeiro exame em suspeitas de apendicite ou colecistite, e tomografia computadorizada de abdome – que oferece alta acurácia para diversas condições).

Identificar corretamente se a dor abdominal aguda é de fato uma apendicite, uma pancreatite, uma diverticulite ou outra condição é o que permitirá o tratamento mais eficaz e seguro para o paciente, sublinhando a importância de uma investigação criteriosa desde o primeiro contato.

Apendicite Aguda: Identificando os Sinais de Alerta e a Apresentação Clínica Típica

A apendicite aguda, uma inflamação súbita e intensa do apêndice vermiforme, representa uma das causas mais frequentes de abdome agudo com necessidade de intervenção cirúrgica, sendo reconhecida como a principal causa de abdome agudo que necessita de tratamento cirúrgico. Seu pico de incidência é notadamente observado durante a segunda e terceira décadas de vida, embora possa ocorrer em qualquer faixa etária. Estima-se que aproximadamente 7% da população mundial desenvolverá apendicite em algum momento. É também a principal causa de abdome agudo não obstétrico em gestantes.

Etiologia e Fisiopatologia: A Cascata Inflamatória Desencadeada pela Obstrução

A etiologia fundamental da apendicite aguda reside na obstrução do lúmen apendicular. As causas mais comuns de obstrução incluem fecalitos (predominante em adultos) e hiperplasia do tecido linfoide (mais comum em crianças e adolescentes). Outras causas menos frequentes abrangem parasitas, sementes, cálculos biliares migrados ou tumores.

Uma vez obstruído, o lúmen acumula muco, aumentando a pressão interna. Isso leva à distensão apendicular, comprometimento vascular e linfático, proliferação bacteriana, inflamação da parede, isquemia, necrose e, potencialmente, perfuração com liberação de conteúdo séptico na cavidade abdominal, resultando em peritonite ou abscessos.

Apresentação Clínica Típica: Decifrando os Sinais de Alerta

O diagnóstico da apendicite aguda é eminentemente clínico em muitos casos, especialmente em pacientes jovens do sexo masculino com quadro clássico e menos de 48 horas de evolução.

A Cronologia da Dor: A Migração Característica A dor abdominal é o sintoma cardinal:

  • Fase Inicial (Dor Visceral): Início com dor vaga, mal definida, periumbilical ou epigástrica, durando de 4 a 6 horas.
  • Fase Tardia (Dor Parietal): Com a inflamação atingindo o peritônio parietal, a dor migra e localiza-se de forma precisa e intensa na fossa ilíaca direita (FID), frequentemente no ponto de McBurney. Esta migração ocorre em 50-60% dos pacientes.

Sintomas Associados:

  • Anorexia: Muito comum, podendo preceder náuseas e vômitos.
  • Náuseas e Vômitos: Geralmente surgem após o início da dor.
  • Febre: Tipicamente baixa (inferior a 38,5°C) nos estágios iniciais.
  • Alterações do Hábito Intestinal: Constipação é mais comum, mas diarreia pode ocorrer.

Sinais de Irritação Peritoneal no Exame Físico:

  • Sensibilidade à palpação na FID: Achado mais consistente, geralmente no ponto de McBurney.
  • Defesa Abdominal: Contração muscular sobre a área inflamada.
  • Sinal de Blumberg (dor à descompressão brusca dolorosa): Forte indicativo de peritonite localizada na FID.
  • Sinal de Rovsing: Dor na FID ao palpar profundamente a fossa ilíaca esquerda.
  • Sinal de Dunphy: Piora da dor na FID ao tossir.
  • Sinais Especiais (sugerem localização anatômica):
    • Sinal do Psoas: Dor na FID à extensão passiva do quadril direito ou flexão ativa contra resistência (apêndice retrocecal).
    • Sinal do Obturador: Dor hipogástrica ou na FID à flexão e rotação interna da coxa direita (apêndice pélvico).

Variações Anatômicas e Apresentações Atípicas

A posição anatômica variável do apêndice (retrocecal, pélvico, etc.) pode levar a apresentações atípicas:

  • Apêndice Retrocecal: Dor mais posterior (flanco/lombar), sinais peritoneais menos evidentes.
  • Apêndice Pélvico: Pode causar sintomas urinários (disúria, polaciúria) ou retais (tenesmo).
  • Em idosos: Resposta inflamatória atenuada, dor menos intensa, febre ausente/subfebril, leucocitose discreta, levando a retardo diagnóstico e maior taxa de complicações.
  • Em gestantes: Deslocamento do apêndice pelo útero pode levar a dor no flanco direito, hipocôndrio direito ou difusa.
  • Em crianças pequenas: Sintomas inespecíficos (irritabilidade, vômitos, febre), dificuldade em localizar a dor.

Estágios da Doença e Aspectos Temporais

A apendicite evolui por estágios: edematosa/catarral, supurativa/flegmonosa, gangrenosa e perfurada. A progressão para perfuração geralmente ocorre entre 24 a 72 horas após o início dos sintomas. O diagnóstico e tratamento cirúrgico (apendicectomia) precoces são essenciais.

Diagnóstico da Apendicite Aguda: O Papel Crucial do Exame Físico, Laboratorial e de Imagem

A identificação precisa da apendicite aguda é fundamental. Embora o diagnóstico possa ser clínico em casos típicos, uma abordagem completa frequentemente integra achados do exame físico, análises laboratoriais e exames de imagem para confirmar a suspeita, avaliar a gravidade e excluir outras condições.

A Importância do Exame Físico Detalhado

Após uma anamnese minuciosa explorando a cronologia da dor e sintomas associados, o exame físico abdominal é crucial. A identificação dos sinais de irritação peritoneal (como dor à palpação no Ponto de McBurney, Sinal de Blumberg, Sinal de Rovsing, Sinal do Psoas, Sinal do Obturador e Sinal de Dunphy, detalhados na seção anterior sobre apresentação clínica) pode aumentar significativamente a suspeita clínica.

O Suporte dos Exames Laboratoriais

Exames laboratoriais corroboram a suspeita:

  • Leucograma: Leucocitose com desvio à esquerda é comum (até 90% dos casos), mas um leucograma normal não exclui o diagnóstico, especialmente em idosos, imunocomprometidos ou fases iniciais.
  • Proteína C Reativa (PCR): Marcador inflamatório geralmente elevado.
  • Urina Tipo 1 (EAS): Fundamental para excluir infecção do trato urinário. Leve leucocitúria pode ocorrer se o apêndice inflamado estiver próximo à bexiga ou ureter.

O Papel Decisivo dos Exames de Imagem

Úteis em diagnósticos incertos, apresentações atípicas, suspeita de complicações ou quadros com mais de 48 horas.

  • Ultrassonografia (USG) Abdominal:

    • Indicações: Exame inicial de escolha em crianças e gestantes (não invasivo, sem radiação).
    • Achados Característicos: Apêndice com diâmetro transverso > 6-7 mm, parede espessada > 2-3 mm, não compressível, ausência de peristaltismo. Pode mostrar apendicolito, borramento da gordura periapendicular, líquido livre. Doppler colorido pode mostrar aumento da vascularização ("anel de fogo").
    • Limitações: Examinador-dependente, visualização dificultada por gases, obesidade, apêndice retrocecal. Não visualização do apêndice na USG não exclui apendicite aguda.
  • Tomografia Computadorizada (TC) de Abdome:

    • Indicações: Maior acurácia em adultos, especialmente em casos duvidosos ou com suspeita de complicações. TC com contraste endovenoso é preferencial.
    • Achados Característicos: Diâmetro apendicular ≥7 mm, espessamento da parede >2 mm com realce, densificação da gordura periapendicular, apendicolito, sinais de complicações (líquido, abscesso, gás extraluminal).
    • Vantagens e Desvantagens: Alta sensibilidade (90-100%) e especificidade (91-99%). Desvantagem é a radiação ionizante.
  • Ressonância Magnética (RM):

    • Excelente alternativa para gestantes com USG inconclusiva, sem radiação ionizante. Custo, disponibilidade e tempo de exame limitam uso rotineiro.
  • Radiografia Simples de Abdome:

    • Valor limitado. Achados inespecíficos ocasionais (apendicolito calcificado, escoliose antálgica, apagamento do psoas, "alça sentinela"). Não deve ser método primário.

A decisão de usar imagem deve ser individualizada, ponderando benefícios versus riscos e custos.

Pancreatite Aguda: Critérios Diagnósticos e Avaliação Essencial

A pancreatite aguda é uma inflamação súbita e potencialmente grave do pâncreas, causa comum de dor abdominal intensa.

Quadro Clínico Típico: Sinais de Alerta

Apresentação clássica: dor abdominal de início súbito e forte intensidade, no andar superior do abdome (epigástrica), com irradiação "em faixa" para o dorso (cerca de 50% dos casos). Associado à dor:

  • Náuseas e vômitos: Intensos e persistentes.
  • Distensão abdominal e sensibilidade à palpação.
  • Febre: Geralmente baixa; alta pode indicar complicações. Investigar fatores de risco: colelitíase (causa mais comum), consumo excessivo de álcool, certos medicamentos, hipertrigliceridemia.

Exames Laboratoriais Essenciais: As Enzimas Pancreáticas

Confirmação laboratorial:

  • Amilase: Eleva-se precocemente, mas não é exclusiva do pâncreas, meia-vida curta.
  • Lipase: Mais específica para o pâncreas, níveis elevados por mais tempo. Diagnóstico: elevação de pelo menos três vezes o valor superior de referência para amilase e/ou, preferencialmente, lipase.

Critérios Diagnósticos Formais: A Regra "Dois de Três"

Diagnóstico estabelecido com pelo menos dois dos três critérios (Critérios de Atlanta Revisados):

  1. Dor abdominal característica.
  2. Elevação significativa das enzimas pancreáticas séricas.
  3. Achados característicos em exames de imagem (USG, TC com contraste, RM). Se critérios 1 e 2 presentes, diagnóstico pode ser firmado sem imagem imediata.

O Papel dos Exames de Imagem: Quando e Por Quê?

  • Dúvida diagnóstica: Quadro atípico ou enzimas inconclusivas.
  • Determinar a etiologia: USG de abdome para investigar cálculos biliares.
  • Avaliar gravidade e complicações: TC com contraste endovenoso é padrão-ouro, geralmente após 48-72h em pacientes sem melhora, com critérios de gravidade ou suspeita de complicações (necrose, coleções, pseudocistos, infecção).

Diagnóstico Diferencial: Outras Causas de Dor Abdominal

Considerar: doença ulcerosa péptica, colecistite aguda, cólica biliar, obstrução intestinal, isquemia mesentérica, infarto agudo do miocárdio (parede inferior), aneurisma de aorta abdominal.

Diverticulite Aguda: Métodos de Identificação e Diagnóstico Preciso

A diverticulite aguda, inflamação/infecção dos divertículos colônicos, é causa comum de dor abdominal, especialmente em idosos.

Apresentação Clínica: Sinais de Alerta

Tríade clássica (nem sempre completa):

  • Dor Abdominal: Predominante. Caracteristicamente na fossa ilíaca esquerda (FIE) devido à prevalência de divertículos no sigmoide. Constante, por vezes intensa. Em >60 anos com constipação crônica, dor aguda na FIE é altamente suspeita.
  • Febre: Geralmente baixa; calafrios podem ocorrer.
  • Alterações do Hábito Intestinal: Constipação ou, menos comum, diarreia. Anorexia frequente. Exame físico: sensibilidade à palpação na FIE, possível massa inflamatória, sinais de peritonite localizada. Sinais sistêmicos graves (taquicardia, hipotensão, peritonite difusa) indicam complicações. Distingue-se da apendicite (dor FID) pela localização predominante à esquerda.

Achados Laboratoriais: Pistas no Sangue

  • Leucocitose: Com "desvio à esquerda".
  • Proteína C Reativa (PCR) Elevada. Achados inespecíficos, precisam ser contextualizados e complementados por imagem.

Exames de Imagem: O Papel Fundamental da Tomografia Computadorizada (TC)

A TC de abdome e pelve (com contraste endovenoso, por vezes oral/retal) é o padrão-ouro. Confirma diagnóstico, avalia extensão, identifica complicações. Achados tomográficos:

  • Presença de divertículos colônicos.
  • Espessamento da parede do cólon.
  • Borramento/densificação da gordura pericolônica.
  • Realce da parede intestinal após contraste. Detecta complicações: abscessos, fístulas, obstrução intestinal, perfuração livre. A identificação influencia a estratégia de tratamento.

Diagnóstico Diferencial: Excluindo Outras Condições

Dor na FIE pode ter outras causas: síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, câncer colorretal, patologias ginecológicas (mulheres), urológicas (cálculo ureteral). TC auxilia na diferenciação.

Navegando pelo Diagnóstico Diferencial: Apendicite, Pancreatite, Diverticulite e Outras Condições

Como mencionado, a dor abdominal aguda é um verdadeiro quebra-cabeça, e o diagnóstico diferencial é uma etapa crítica. Embora apendicite, pancreatite e diverticulite sejam causas proeminentes, é essencial considerar outras patologias que podem mimetizar seus sintomas, exigindo uma abordagem sistemática baseada na anamnese, exame físico e uso criterioso de exames laboratoriais e de imagem.

Apendicite Aguda: Um Desafio Diagnóstico Constante

A sobreposição de sintomas com outras condições é frequente, exigindo considerar:

  • Adenite Mesentérica: Comum em crianças (dor abdominal, febre).
  • Condições Ginecológicas (mulheres em idade fértil): DIP (dor pélvica, febre, corrimento), torção/cisto ovariano roto (dor súbita), gravidez ectópica rota (emergência com dor, atraso menstrual, sangramento, instabilidade). ß-hCG e USG são essenciais.
  • Infecção do Trato Urinário (ITU): Apendicite pélvica pode mimetizar ITU com leucocitúria.
  • Pseudoapendicite: Infecção (Yersinia, Campylobacter) simulando apendicite.
  • Apendagite Epiplóica: Inflamação de apêndice epiplóico, dor localizada aguda, sem febre/alterações laboratoriais significativas. Diagnóstico por TC, tratamento conservador.
  • Neoplasias Apendiculares: Raras, podem manifestar-se como apendicite. Diagnóstico definitivo muitas vezes histopatológico.
  • Apendicite Crônica: Dor recorrente/prolongada na FID com inflamação crônica do apêndice.
  • Outras Causas: Gastroenterocolites, Doença de Crohn (ileíte terminal), pneumonia de base.

Pancreatite Aguda: Além da Dor Epigástrica

O diagnóstico diferencial inclui:

  • Doença ulcerosa péptica perfurada.
  • Colecistite aguda.
  • Cólica biliar.
  • Isquemia mesentérica.
  • Obstrução intestinal.

Diverticulite Aguda: Mais Comum à Esquerda, Mas Atenção à Direita

Diferenciais importantes incluem:

  • Apendicite Aguda: Especialmente se a dor for em FID (diverticulite cecal pode mimetizar apendicite).
  • Neoplasia de cólon.
  • Colite isquêmica.
  • Doenças ginecológicas (em mulheres).
  • Infecção do trato urinário.

A diferenciação precisa entre essas condições é fundamental, pois o tratamento varia drasticamente.

Particularidades Diagnósticas no Abdome Agudo: Gestantes, Idosos e Crianças

O diagnóstico de condições como apendicite, pancreatite e diverticulite apresenta nuances particulares em gestantes, idosos e crianças, especialmente a apendicite.

Apendicite em Gestantes: Um Desafio Diagnóstico e Terapêutico

Apendicite aguda é a emergência cirúrgica não obstétrica mais comum na gravidez (1:1500), maior incidência nos primeiros dois trimestres.

  • Apresentação Clínica Atípica: Dor no QID pode migrar cefalicamente com crescimento uterino. Sintomas como náuseas, vômitos, anorexia e leucocitose podem ser confundidos com alterações da gravidez. Risco aumentado de peritonite difusa devido ao deslocamento do omento.
  • Diagnóstico por Imagem: USG abdominal é o exame inicial de escolha. Se inconclusiva, RM sem contraste é recomendada.
  • Riscos e Manejo: Diagnóstico tardio aumenta riscos maternos/fetais (perfuração, peritonite, parto prematuro, perda fetal). Tratamento é apendicectomia urgente (laparoscópica preferencialmente em muitos casos).

Apendicite em Idosos: Sintomas Sutis e Maior Risco de Complicações

  • Apresentação Atípica: Resposta inflamatória atenuada (febre/leucocitose ausentes/discretas). Dor pode ser menos intensa, mal localizada ou ausente. Sinais peritoneais menos evidentes.
  • Diagnóstico Desafiador: Diagnóstico frequentemente tardio. TC de abdome é valiosa.
  • Maior Risco de Complicações: Taxa de perfuração apendicular significativamente maior (40-70%) devido ao diagnóstico tardio e resposta inflamatória menos eficaz, elevando morbimortalidade. Tratamento é apendicectomia.

Apendicite em Crianças: Desafios na Comunicação e Diagnóstico por Imagem

Apendicite é a causa mais comum de cirurgia abdominal de urgência em crianças.

  • Dificuldade Diagnóstica: Crianças pequenas têm dificuldade em descrever sintomas. Colaboração limitada no exame físico. Apresentação pode ser inespecífica.
  • Particularidades por Faixa Etária: Incomum em lactentes, rara em recém-nascidos (associada a megacolo congênito). Em crianças pequenas, omento menos desenvolvido aumenta risco de peritonite difusa.
  • Exames de Imagem: USG abdominal é primeira escolha. TC reservada para USG inconclusiva.
  • Complicações: Diagnóstico tardio aumenta risco de perfuração.

Diagnóstico Assertivo no Abdome Agudo: Impacto na Conduta e Prevenção de Complicações

No cenário do abdome agudo, a rapidez e precisão diagnóstica são pilares para o sucesso terapêutico e segurança do paciente. Um diagnóstico assertivo de apendicite, pancreatite ou diverticulite ilumina o caminho para a conduta adequada e previne complicações como perfurações, abscessos e sepse.

A apendicite aguda ilustra essa dinâmica. O diagnóstico, por vezes clínico, frequentemente beneficia-se de exames como a TC com contraste, especialmente em casos atípicos ou complicados. Este cuidado é vital pois:

  • Orienta o manejo terapêutico:
    • Apendicite Aguda Não Complicada: Apendicectomia (preferencialmente videolaparoscópica) com antibioticoprofilaxia. Tratamento conservador com antibióticos é uma exceção.
    • Apendicite Aguda Complicada:
      • Abscesso Periapendicular: Drenagem percutânea guiada por imagem (se > 4 cm e paciente estável), antibioticoterapia, e apendicectomia de intervalo (6-8 semanas depois, com colonoscopia prévia em adultos para descartar neoplasia). Abscessos menores podem ser manejados com apendicectomia e antibióticos.
      • Peritonite Difusa ou Instabilidade Hemodinâmica: Cirurgia de emergência (laparotomia/laparoscopia) para controle do foco, lavagem, antibioticoterapia de amplo espectro, após reanimação volêmica.
  • Minimiza riscos de complicações: Diagnóstico tardio aumenta risco de perfuração, abscessos, peritonite, elevando morbimortalidade.
  • Gerencia falhas no tratamento inicial: Sinais de falha terapêutica (obstrução, sepse, dor persistente) após tratamento conservador ou cirurgia inicial requerem apendicectomia de resgate ou reintervenção.
  • Aborda a questão da apendicectomia negativa: O uso criterioso de imagem e laparoscopia diagnóstica reduz essa taxa. Se apêndice macroscopicamente normal, geralmente é removido e investigam-se outras causas.

Da mesma forma, na pancreatite aguda, o diagnóstico e estratificação de gravidade definem o manejo (suporte clínico ou intervenções para complicações). Na diverticulite aguda, a distinção entre casos não complicados (antibióticos) e complicados (drenagem/cirurgia) depende da avaliação diagnóstica precisa, guiada por TC.

Em suma, o diagnóstico assertivo no abdome agudo é a pedra angular para uma conduta terapêutica eficaz e prevenção de desfechos desfavoráveis, permitindo decisões informadas e personalizadas.

Dominar o diagnóstico diferencial do abdome agudo é uma jornada contínua de aprendizado e aprimoramento clínico. Esperamos que este guia tenha fornecido clareza e ferramentas práticas para sua atuação. A capacidade de distinguir entre apendicite, pancreatite, diverticulite e outras inúmeras possibilidades é o que, em última análise, salva vidas e minimiza o sofrimento.

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