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Guia Completo

Doença Hemorroidária Descomplicada: Sintomas, Graus e Tratamentos Eficazes

Por ResumeAi Concursos
Plexo hemorroidário: vasos saudáveis e vasos inflamados, inchados, característicos da doença hemorroidária.

A doença hemorroidária, embora comum, ainda é cercada por dúvidas e desconforto. Muitos sofrem em silêncio, adiando a busca por ajuda médica por constrangimento ou falta de informação clara. Este guia completo foi elaborado por nossa equipe editorial para desmistificar as hemorroidas de forma direta e acessível. Aqui, você encontrará informações essenciais sobre o que realmente são, como se manifestam, os diferentes graus de severidade e, crucialmente, as opções de tratamento eficazes disponíveis, desde mudanças simples no dia a dia até intervenções mais especializadas. Nosso objetivo é que, ao final desta leitura, você se sinta mais informado e confiante para lidar com essa condição ou apoiar alguém que precise.

O Que Realmente é a Doença Hemorroidária? Entendendo as Bases

Muitas pessoas já ouviram falar em hemorroidas, mas o que exatamente elas são e por que causam tanto incômodo? Para desvendar a doença hemorroidária, é crucial entender que todos nós possuímos estruturas vasculares normais na região anorretal, conhecidas como coxins anais. Esses coxins, compostos por tecido submucoso rico em vasos sanguíneos (artérias, veias e comunicações arteriovenosas), são fisiologicamente importantes, contribuindo para a continência fecal ao auxiliarem no fechamento completo do canal anal.

A doença hemorroidária surge quando esses coxins anais se tornam anormalmente ingurgitados, inflamados, sofrem um deslizamento de sua posição anatômica habitual ou desenvolvem sintomas incômodos. Portanto, em termos médicos, a condição sintomática resulta da dilatação e das alterações estruturais dos plexos hemorroidários – as complexas redes de vasos sanguíneos localizadas no segmento final do reto e no canal anal. É importante frisar: o termo "hemorroidas" só deve ser usado para descrever a situação clínica em que essas estruturas se tornam anormais e causam sintomas.

Anatomia Chave: Plexos Hemorroidários e a Linha Pectínea

Para classificar e compreender os diferentes tipos de hemorroidas, uma breve incursão pela anatomia da região anorretal é fundamental:

  • Plexos Hemorroidários: São as principais redes vasculares envolvidas. Distinguimos dois plexos principais:
    • Plexo Hemorroidário Interno (ou Superior): Localiza-se no espaço submucoso do canal anal, acima de um marco anatômico crucial chamado linha pectínea. A drenagem venosa deste plexo é direcionada predominantemente para o sistema porta.
    • Plexo Hemorroidário Externo (ou Inferior): Situa-se no tecido subcutâneo do canal anal e da margem anal, abaixo da linha pectínea. Sua drenagem venosa ocorre principalmente para a circulação sistêmica.
  • Linha Pectínea (ou Linha Denteada): Esta é uma linha irregular, visualizada durante o exame proctológico, que demarca a transição entre diferentes tipos de revestimento interno do canal anal. Ela é um referencial anatômico de extrema importância, pois não apenas delimita os plexos hemorroidários superior e inferior, mas também indica diferenças na inervação (o que explica por que hemorroidas internas são geralmente menos dolorosas que as externas) e no tipo de epitélio.

Classificação da Doença Hemorroidária: Interna, Externa e Mista

Com base na sua localização em relação à linha pectínea e, consequentemente, no plexo hemorroidário predominantemente afetado, a doença hemorroidária é classificada em três tipos principais:

  • Hemorroidas Internas:
    • Localização e Origem: Originam-se do plexo hemorroidário interno, estando, portanto, localizadas acima da linha pectínea.
    • Características: São recobertas pela mucosa retal, que possui inervação visceral, tornando-as geralmente indolores, a menos que haja complicações. O sintoma mais comum é o sangramento. Podem causar prurido, sensação de peso e prolapso (exteriorização), sendo classificadas em graus (I a IV) conforme a severidade do prolapso, tópico que exploraremos adiante.
  • Hemorroidas Externas:
    • Localização e Origem: Desenvolvem-se a partir do plexo hemorroidário externo, situando-se abaixo da linha pectínea.
    • Características: São recobertas por anoderme ou pele perianal, ricas em nervos somáticos sensíveis à dor. Por isso, frequentemente causam dor ou desconforto agudo, especialmente se ocorrer trombose hemorroidária externa.
  • Hemorroidas Mistas:
    • Origem: Ocorrem quando há um componente significativo de doença tanto no plexo hemorroidário interno quanto no externo. Pacientes podem apresentar uma combinação dos sintomas.

A Gênese do Problema: Degeneração dos Coxins Anais e Fatores Contribuintes

A visão moderna sobre a formação da doença hemorroidária postula que ela se origina primariamente da fraqueza e degeneração progressiva do tecido conjuntivo de suporte que ancora os coxins anais. Esse enfraquecimento permite o deslizamento distal e o ingurgitamento vascular, levando ao prolapso e aos sintomas.

Diversos fatores de risco contribuem para esse processo:

  • Constipação crônica e esforço evacuatório prolongado.
  • Gravidez.
  • Idade avançada.
  • Obesidade.
  • Dieta pobre em fibras.
  • Períodos prolongados sentado no vaso sanitário.
  • Fatores genéticos.

Compreender estas bases é o primeiro passo para desmistificar a doença hemorroidária e abordar sua prevenção e tratamento.

Sinais de Alerta: Identificando os Sintomas Comuns das Hemorroidas

Reconhecer os sinais da doença hemorroidária é fundamental para buscar tratamento adequado. Vamos detalhar as manifestações mais frequentes:

  • Sangramento Anal: Frequentemente o sintoma cardinal, especialmente das internas.

    • Cor: Sangue vermelho-vivo, rutilante.
    • Momento: Geralmente durante ou logo após a evacuação.
    • Visualização: Notado no papel higiênico, pingando no vaso ou revestindo as fezes.
    • Intensidade: Na maioria dos casos, pequena e intermitente.
    • Dor: Tipicamente, o sangramento das hemorroidas internas é indolor.
    • Atenção: Sangue escuro, coagulado, misturado às fezes ou não associado à evacuação requer investigação de outras causas.
  • Dor Anal (Proctalgia): A dor não é um sintoma comum da doença hemorroidária não complicada.

    • Hemorroidas Internas: Geralmente indolores devido à sua localização acima da linha pectínea (inervação visceral). Dor pode surgir em casos de prolapso extenso com estrangulamento ou trombose.
    • Hemorroidas Externas: Podem causar desconforto ou dor leve. A dor intensa e aguda geralmente está associada à trombose hemorroidária externa, que se manifesta como um nódulo anal azulado ou arroxeado, muito doloroso ao toque.
  • Prurido Anal (Coceira): Frequente, pode ser causada por irritação da pele devido a escape de muco, umidade ou dificuldade de higiene.

  • Prolapso Hemorroidário (Sensação de Abaulamento ou "Caroço" Anal): Exteriorização das hemorroidas através do ânus.

    • Mais característico das hemorroidas internas.
    • Pode ocorrer durante o esforço e retornar espontaneamente, necessitar de redução manual ou ser permanentemente exteriorizado.
  • Outros Sintomas:

    • Sensação de evacuação incompleta.
    • Secreção mucoide (em hemorroidas internas prolapsadas).

Ao perceber qualquer um desses sinais, especialmente o sangramento, é fundamental procurar avaliação médica para um diagnóstico preciso.

Classificando a Gravidade: Os Graus da Doença Hemorroidária Interna

Compreender a gravidade da doença hemorroidária interna é um passo fundamental para definir a melhor estratégia de tratamento. Os médicos utilizam um sistema de classificação em quatro graus, baseando-se principalmente na extensão do seu prolapso e na necessidade de auxílio para retorná-los à sua posição original. Essa classificação é crucial, pois a abordagem terapêutica é frequentemente orientada pelo grau da doença.

  • Hemorroidas Internas Grau I:

    • As hemorroidas não prolapsam para fora do canal anal. Podem causar sangramento ou leve desconforto. Diagnosticadas por exame proctológico.
  • Hemorroidas Internas Grau II:

    • As hemorroidas prolapsam durante o esforço evacuatório e retornam espontaneamente para dentro do canal anal. Pode haver sangramento, prurido e sensação de nódulo que aparece e desaparece.
  • Hemorroidas Internas Grau III:

    • As hemorroidas prolapsam durante a evacuação ou esforço e não retornam espontaneamente, necessitando de redução manual.
  • Hemorroidas Internas Grau IV:

    • As hemorroidas encontram-se permanentemente prolapsadas e são irredutíveis. Frequentemente associado a desconforto significativo e risco aumentado de complicações.

Esta classificação aplica-se especificamente às hemorroidas internas. Conhecer o grau da sua condição permite discutir as opções de tratamento mais eficazes com seu médico.

Diagnóstico Preciso: Como o Médico Identifica as Hemorroidas?

Quando sintomas anorretais surgem, um diagnóstico preciso pelo médico é fundamental, pois diversas condições podem ter manifestações semelhantes. O processo diagnóstico é eminentemente clínico, iniciando-se com uma conversa detalhada (anamnese). O médico investigará:

  • Histórico dos sintomas, características do sangramento (cor, quantidade, relação com evacuação), presença e tipo de dor, prolapso, prurido, hábitos de vida (dieta, constipação).

Após a anamnese, segue-se o exame proctológico completo:

  1. Inspeção Anal: Observação da região externa do ânus, identificando hemorroidas externas ou complicações como a trombose hemorroidária externa (nódulo doloroso, arroxeado).

  2. Toque Retal: Permite avaliar o tônus dos esfíncteres, detectar massas ou nódulos. Hemorroidas internas de grau I geralmente não são palpáveis.

  3. Anuscopia: Exame padrão-ouro para hemorroidas internas. Um anuscópio permite a visualização direta da mucosa do canal anal, identificando presença, localização, tamanho e grau das hemorroidas internas.

Diagnosticando a Trombose Hemorroidária Externa

Esta complicação aguda causa dor anal súbita e intensa, com um nódulo palpável, duro e sensível na margem anal, de coloração azulada ou arroxeada. O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na história e inspeção.

A Importância Vital do Diagnóstico Diferencial: Nem Tudo que Sangra ou Dói no Ânus é Hemorroida!

É crucial excluir outras condições:

  • Fissura Anal: Ferida linear que causa dor intensa e sangramento.
  • Abscesso e Fístula Anorretal: Processos infecciosos com dor, inchaço, secreção.
  • Plicomas Anais: Dobras de pele que podem dificultar higiene ou inflamar.
  • Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa.
  • Neoplasias Retais (Câncer Colorretal): Preocupação primordial, especialmente em pacientes acima de 40-50 anos ou com histórico familiar/sinais de alerta (alteração persistente do hábito intestinal, sangue escuro/misturado às fezes, perda de peso inexplicada, anemia).

Em casos de dúvida ou para rastreamento, exames como retossigmoidoscopia ou colonoscopia podem ser solicitados. A automedicação ou autodiagnóstico podem retardar a identificação de condições sérias. Procure um coloproctologista.

Alívio e Soluções: Opções de Tratamento Conservador e Minimamente Invasivo

Felizmente, para a maioria dos casos, especialmente nos estágios iniciais, o alívio pode ser alcançado com abordagens simples.

1. A Base do Cuidado: Tratamento Conservador

Para hemorroidas internas graus I e II ou externas não complicadas, as medidas conservadoras são a primeira linha:

  • Mudanças na Dieta e Hábitos Evacuatórios:

    • Aumente a ingestão de fibras: 25 a 30 gramas/dia (verduras, legumes, frutas, cereais integrais).
    • Beba mais líquidos.
    • Evite alimentos constipantes.
    • Não ignore a vontade de evacuar.
  • Higiene Local Cuidadosa:

    • Limpeza suave com água morna e sabonete neutro ou lenços umedecidos.
    • Banhos de assento com água morna por 10-15 minutos, várias vezes ao dia.

Essas medidas podem reduzir sintomas como sangramento em 30 a 45 dias, mas podem ser insuficientes para graus mais avançados.

2. Quando o Conservador Não Basta: Procedimentos Minimamente Invasivos

Para hemorroidas internas graus I e II com sintomas persistentes, ou alguns casos de grau III, existem procedimentos ambulatoriais:

  • Ligadura Elástica: Tratamento de escolha para hemorroidas internas sintomáticas graus I e II (ocasionalmente grau III). Um anel de borracha é aplicado na base da hemorroida, interrompendo o fluxo sanguíneo; ela necrosa e cai em 5-10 dias. Realizado em consultório, sem anestesia, baixo custo, raras complicações. Contraindicada para hemorroidas externas devido à dor.

  • Outras Opções:

    • Escleroterapia: Injeção de substância esclerosante na hemorroida interna (graus I e II). Alternativa para pacientes em uso de anticoagulantes.
    • Fotocoagulação com Infravermelho: Calor para coagular os vasos da hemorroida (graus I e II).

3. Atenção Especial: Hemorroidas na Gravidez

Frequentes devido ao aumento da pressão intra-abdominal, volume sanguíneo, alterações hormonais e constipação. O tratamento foca nas medidas conservadoras. Procedimentos são geralmente adiados para após o parto.

A escolha do tratamento depende do tipo, grau, sintomas e condições clínicas, após avaliação médica.

Quando a Cirurgia é Indicada? Tratamentos Avançados e Hemorroidectomia

Embora muitas vezes controlável com medidas conservadoras, há situações em que a cirurgia, como a hemorroidectomia (remoção cirúrgica das hemorroidas), é a melhor opção.

Quando a Hemorroidectomia é Necessária?

Reservada para casos mais complexos e sintomáticos:

  • Falha no Tratamento Conservador.
  • Hemorroidas Internas de Grau III (prolapso com necessidade de redução manual) e Grau IV (prolapso permanente irredutível).
  • Complicações Associadas: Estrangulamento hemorroidário, hemorroidas externas sintomáticas volumosas, grandes plicomas anais, sangramento persistente e significativo não responsivo a outras terapias (após exclusão de outras causas).

A hemorroidectomia é o tratamento mais eficaz e definitivo para esses casos graves, com diferentes técnicas disponíveis.

Manejo da Trombose Hemorroidária Aguda: Uma Atenção Especial

A trombose hemorroidária (coágulo em uma hemorroida, geralmente externa) causa dor súbita e intensa, com nódulo endurecido e arroxeado na margem anal. O manejo depende do tempo de evolução:

  • Intervenção Precoce (idealmente nas primeiras 48 a 72 horas): Se a dor for incapacitante, a excisão cirúrgica do mamilo trombosado sob anestesia local proporciona alívio rápido.
  • Apresentação Tardia (após 48-72 horas): A dor geralmente começa a diminuir. O tratamento conservador (banhos de assento, analgésicos, dieta rica em fibras) é o mais apropriado, com remissão em 7-10 dias.

A decisão pela excisão precoce visa primariamente o alívio da dor.

A escolha da melhor estratégia terapêutica é individualizada, baseada em avaliação proctológica detalhada.

Pós-Operatório e Recuperação: O Que Esperar Após a Cirurgia de Hemorroidas

A hemorroidectomia é seguida por uma fase de recuperação que demanda cuidados.

O Período Imediato: Sintomas Comuns e Esperados

  • Dor: De intensidade variável, manejada com analgésicos. Opioides podem ser considerados com cautela devido ao risco de constipação.
  • Pequenos Sangramentos: Especialmente durante ou após as evacuações.
  • Drenagem de Secreção: Aquosa e levemente avermelhada, parte da cicatrização.

Complicações Pós-Hemorroidectomia: O Que Requer Atenção?

Complicações graves são raras com técnica apurada.

1. Complicações Precoces (logo após ou primeiros dias):

  • Dor Excessiva: Se não aliviar com medicação.
  • Sangramento Precoce Significativo: Pode necessitar de avaliação ou nova intervenção.
  • Retenção Urinária: Dificuldade para urinar.
  • Infecção: Incomum. Sinais: febre, aumento da dor, vermelhidão, inchaço, pus.

2. Complicações Tardias (semanas ou meses após):

  • Sangramento Tardio: Entre 7º e 16º dia (1-2% dos pacientes), pela queda da escara. Pode requerer intervenção.
  • Estenose Anal: Estreitamento do canal anal (cerca de 1%). Sintomas: dificuldade e dor para evacuar, fezes finas.
  • Incontinência Fecal: Rara, perda involuntária de gases ou fezes.
  • Fissura Anal ou Fístula: Menos frequentes.

As complicações mais temidas (infecção grave, incontinência, estenose, sangramento significativo) são em grande parte preveníveis.

Rumo à Recuperação: Cuidados Essenciais no Pós-Operatório

A recuperação completa varia, mas a maioria retoma atividades em semanas.

  • Controle da Dor: Siga as prescrições.
  • Higiene Local Cuidadosa: Banhos de assento com água morna. Lave com água ou use lenços umedecidos suaves.
  • Dieta Rica em Fibras e Hidratação Abundante: Para fezes macias e evitar esforço.
  • Repouso Relativo e Retorno Gradual às Atividades.
  • Acompanhamento Médico Regular: Crucial para avaliar cicatrização e identificar complicações.

Comunique ao seu médico qualquer dúvida ou sintoma incomum.


Este guia buscou oferecer um panorama completo sobre a doença hemorroidária, desde suas causas e sintomas até as mais diversas formas de tratamento. Entender a condição é o primeiro passo para buscar alívio e qualidade de vida. Lembre-se que a informação aqui apresentada não substitui a consulta médica especializada, essencial para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.

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