A hemorragia varicosa, sangramento originado de veias dilatadas no esôfago ou estômago, é uma complicação crítica e potencialmente fatal de doenças hepáticas avançadas, como a cirrose. Compreender este problema em sua totalidade – desde suas causas e fatores de risco até as estratégias de prevenção e as nuances do tratamento agudo e de longo prazo – é vital não apenas para profissionais de saúde, mas também para pacientes e seus familiares. Este guia completo foi elaborado para capacitar você com informações claras e precisas, desmistificando a hemorragia varicosa e oferecendo um panorama das melhores práticas atuais para seu manejo e prevenção.
Entendendo a Hemorragia Varicosa: Causas Fundamentais e Fatores de Risco
A hemorragia varicosa, um sangramento originado de varizes localizadas principalmente no esôfago e estômago, representa uma das complicações mais temidas e graves de doenças hepáticas avançadas. Compreender suas causas e os fatores que aumentam o risco de sangramento é crucial para a prevenção e o manejo adequado desta emergência médica.
O que são Varizes Esofágicas e Gástricas?
As varizes esofágicas são veias anormalmente dilatadas e tortuosas que se formam na parede interna do esôfago, especialmente em sua porção inferior. De forma similar, as varizes gástricas podem se desenvolver no estômago. Essas veias frágeis e ingurgitadas são uma consequência direta de um problema subjacente maior: a hipertensão portal.
A Raiz do Problema: Hipertensão Portal
A hipertensão portal é definida pelo aumento da pressão sanguínea na veia porta, o grande vaso que transporta sangue dos órgãos digestivos (intestino, baço, pâncreas) para o fígado. A causa mais comum de hipertensão portal é a cirrose hepática, uma condição na qual o tecido hepático saudável é substituído por tecido cicatricial, dificultando o fluxo sanguíneo através do fígado. Outras causas incluem trombose da veia porta ou esquistossomose.
Quando o fluxo sanguíneo pelo fígado é obstruído, a pressão no sistema portal aumenta. O corpo, em uma tentativa de aliviar essa pressão e garantir o retorno do sangue à circulação sistêmica, desenvolve caminhos alternativos, conhecidos como circulação colateral. As varizes esofágicas e gástricas são manifestações proeminentes dessa circulação colateral.
- Geralmente, varizes se formam quando o gradiente de pressão portal (a diferença de pressão entre a veia porta e a veia cava inferior) excede 10 mmHg.
- O risco de sangramento dessas varizes aumenta significativamente quando este gradiente ultrapassa 12 mmHg.
É importante notar que, em alguns casos, especialmente com varizes gástricas isoladas, a causa pode ser uma hipertensão portal segmentar (ou esquerda/sinistra). Isso ocorre quando há um bloqueio localizado, como na veia esplênica, frequentemente devido a doenças pancreáticas (pancreatite crônica, tumores), levando à formação de varizes no fundo gástrico.
Fatores que Elevam o Risco de Sangramento
Nem todas as pessoas com varizes esofágicas ou gástricas apresentarão sangramento. No entanto, certos fatores aumentam significativamente esse risco:
- Tamanho das varizes: Varizes de médio e grosso calibre têm maior probabilidade de romper.
- Aparência endoscópica: A presença de sinais de alerta vermelhos (como pontos ou estrias vermelhas na superfície das varizes, conhecidos como red wale marks ou cherry-red spots) ou um sinal de coágulo de fibrina sobre um ponto de ruptura recente (white nipple sign) são indicativos importantes visualizados durante a endoscopia digestiva alta (EDA).
- Gravidade da doença hepática: Pacientes com cirrose descompensada (classificada como Child-Pugh B ou C) têm um risco aumentado de sangramento.
- Pressão intravaricosa elevada: Embora não medida rotineiramente, a pressão dentro das varizes é um fator determinante.
Gravidade, Prognóstico e Diferenciação
A hemorragia varicosa é uma emergência médica com um prognóstico inicial reservado. A mortalidade associada a um episódio de sangramento pode chegar a 30% em pacientes com cirrose avançada. Além do risco imediato de choque hipovolêmico devido à perda de sangue, outras complicações graves podem surgir:
- Encefalopatia hepática: O acúmulo de sangue no trato digestivo pode levar ao aumento de toxinas absorvidas, piorando a função cerebral.
- Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE): Infecção do líquido ascítico, facilitada pela translocação bacteriana.
- Síndrome Hepatorrenal: Insuficiência renal aguda em pacientes com doença hepática grave. O ressangramento é comum, especialmente se não houver tratamento profilático adequado.
Diferenciar a hemorragia varicosa de outras causas de hemorragia digestiva alta (HDA), como úlcera péptica (a causa mais comum de HDA em geral), é fundamental, pois o manejo é distinto. A suspeita de sangramento varicoso aumenta em pacientes com histórico conhecido de doença hepática, cirrose, ou sinais de hipertensão portal (como ascite, circulação colateral visível no abdômen). A endoscopia digestiva alta (EDA) é o exame padrão-ouro para confirmar a origem varicosa do sangramento, avaliar os fatores de risco e, frequentemente, permitir o tratamento inicial. Embora pacientes cirróticos possam ter outras causas de HDA, o sangramento por varizes é uma etiologia altamente provável e grave.
Profilaxia Primária: Como Evitar o Primeiro Episódio de Sangramento Varicoso
Compreendidas as causas e os riscos associados à hemorragia varicosa, a prevenção do primeiro episódio de sangramento torna-se uma prioridade em pacientes com varizes de risco. Estratégias eficazes de profilaxia primária podem reduzir significativamente esta complicação grave da hipertensão portal, intervindo antes que a hemorragia ocorra.
A Pedra Angular: Rastreamento Endoscópico
O primeiro e crucial passo para uma profilaxia primária bem-sucedida é a identificação dos pacientes que realmente se beneficiarão dela. A endoscopia digestiva alta (EDA) é a ferramenta diagnóstica fundamental para o rastreamento de varizes em todos os pacientes com diagnóstico de cirrose. Através deste exame, o médico pode visualizar diretamente o esôfago e o estômago, classificar o calibre das varizes (pequeno, médio ou grosso) e identificar os já mencionados sinais de alerta vermelhos, que indicam pontos de fragilidade na parede do vaso.
Quando a Profilaxia Primária Entra em Cena?
A decisão de iniciar a profilaxia primária não é universal; ela se baseia em uma cuidadosa avaliação do risco individual de sangramento. Conforme as recomendações de consensos importantes, como o Baveno VI, a profilaxia primária é fortemente indicada para pacientes com:
- Varizes de médio ou grosso calibre, independentemente do estágio da função hepática (classificação de Child-Pugh).
- Varizes de pequeno calibre que apresentam os sinais de alerta vermelhos ou em pacientes cuja cirrose já se encontra em um estágio mais avançado de descompensação (Child-Pugh B ou C).
É vital ressaltar que a profilaxia primária com medicamentos como os betabloqueadores não é recomendada para pacientes com cirrose que ainda não desenvolveram varizes esofágicas. Não há evidência de que esses medicamentos previnam a formação das varizes; seu papel é prevenir o sangramento de varizes já existentes e com risco.
Estratégias Terapêuticas Comprovadas na Profilaxia Primária
Uma vez identificada a necessidade de profilaxia, duas abordagens principais são consideradas eficazes:
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Betabloqueadores Não Seletivos (BBNS):
- Mecanismo de Ação: Medicamentos como propranolol, nadolol, e mais recentemente o carvedilol, atuam diminuindo a pressão no sistema venoso portal através da redução do débito cardíaco (efeito beta-1) e da vasoconstrição esplâncnica (efeito beta-2), o que diminui o fluxo sanguíneo para o sistema portal. O resultado é uma menor tensão nas paredes das varizes.
- Indicação e Uso: São frequentemente a primeira linha de tratamento farmacológico, dada a sua eficácia e natureza não invasiva. A dose é ajustada para atingir uma frequência cardíaca alvo ou até a máxima dose tolerada.
- Ponto Crítico: Os BBNS são para prevenção a longo prazo. Eles não devem ser iniciados ou devem ser suspensos durante um episódio de sangramento varicoso agudo, pois podem mascarar sinais de choque e prejudicar a resposta hemodinâmica. Seu uso pode ser considerado para reintrodução após a estabilização do paciente (geralmente após o sexto dia do evento agudo), já como parte da profilaxia secundária.
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Ligadura Elástica Endoscópica (LEE) Profilática:
- Como Funciona: Durante uma endoscopia, o médico utiliza um dispositivo para aspirar a variz e disparar uma pequena banda elástica em sua base. Isso interrompe o fluxo sanguíneo, levando à necrose e eliminação da variz, que cicatriza.
- Indicação: A LEE é uma alternativa igualmente eficaz aos BBNS. É a opção de escolha para pacientes com contraindicações aos BBNS (asma grave, DPOC severa, certos bloqueios cardíacos), intolerância significativa aos efeitos colaterais, ou preferência informada. A LEE atua localmente, erradicando as varizes tratadas.
- Programa de Tratamento: Geralmente, são necessárias múltiplas sessões de ligadura, com intervalos de algumas semanas, até a erradicação completa das varizes visíveis.
E a Escleroterapia na Profilaxia Primária?
A escleroterapia endoscópica, que envolve a injeção de uma substância esclerosante nas varizes, não é recomendada como primeira opção para a profilaxia primária. As diretrizes favorecem os BBNS ou a LEE devido a um perfil de eficácia e segurança mais favorável.
Decidindo a Melhor Estratégia
A escolha entre BBNS e LEE para a profilaxia primária deve ser individualizada, considerando as características clínicas, comorbidades, risco de efeitos colaterais, disponibilidade de recursos e preferências do paciente. Ambas as estratégias demonstraram eficácia semelhante na prevenção do primeiro sangramento.
Sangramento Ativo: Protocolo de Manejo da Hemorragia Varicosa Aguda
Apesar das estratégias de prevenção, a hemorragia varicosa aguda pode ocorrer, configurando uma emergência médica que exige uma resposta rápida e protocolada para reduzir sua alta mortalidade, que pode atingir 20-30% por episódio. A rapidez e a precisão no manejo inicial são cruciais.
1. Avaliação Inicial e Suporte Vital (ABCDE da Emergência)
A prioridade máxima é a avaliação e o suporte às funções vitais:
- Vias Aéreas (A - Airway): Garanta a perviedade. Pacientes com hematêmese volumosa, rebaixamento do nível de consciência ou insuficiência respiratória podem necessitar de intubação orotraqueal.
- Respiração (B - Breathing): Avalie e administre oxigênio suplementar.
- Circulação (C - Circulation): A estabilização hemodinâmica é a pedra angular.
- Déficit Neurológico (D - Disability): Avalie o nível de consciência (Escala de Coma de Glasgow).
- Exposição (E - Exposure): Exponha o paciente, prevenindo a hipotermia.
2. Estabilização Hemodinâmica: Ressuscitação Volêmica Cautelosa
A reposição volêmica deve ser imediata, mas cautelosa, para não exacerbar a hipertensão portal.
- Acesso Venoso: Pelo menos dois acessos venosos periféricos de grosso calibre.
- Ressuscitação com Cristaloides: Inicie com Ringer Lactato ou Soro Fisiológico 0,9%.
- Metas Terapêuticas:
- Pressão Arterial Sistólica (PAS): Manter entre 90 e 100 mmHg.
- Frequência Cardíaca (FC): Idealmente abaixo de 100 bpm.
- Hemoglobina (Hb): Transfusão de concentrado de hemácias para manter Hb entre 7 e 9 g/dL (estratégia restritiva).
- Transfusão de Hemocomponentes:
- Plasma Fresco Congelado (PFC): Se INR > 1,7 ou TP alargado.
- Plaquetas: Se contagem < 50.000/mm³, especialmente com sangramento ativo ou antes de procedimentos.
3. Medidas Farmacológicas Precoces
Paralelamente à estabilização, algumas medicações devem ser iniciadas o mais rápido possível, idealmente antes da EDA:
- Agentes Vasoativos (Vasoconstritores Esplâncnicos): Reduzem a pressão portal e o fluxo para as varizes. A terlipressina é o fármaco de primeira escolha. Alternativas incluem octreotide ou somatostatina. Estes serão detalhados na próxima seção e devem ser mantidos por 3 a 5 dias.
- Antibioticoprofilaxia: Pacientes cirróticos com hemorragia varicosa têm alto risco de infecções. Recomenda-se antibióticos de amplo espectro IV (ex: ceftriaxona) por até 7 dias. Esta profilaxia será detalhada em seção posterior.
4. Outras Medidas de Suporte Iniciais
- Procinéticos: Eritromicina IV ou metoclopramida 30-60 minutos antes da EDA podem melhorar a visualização gástrica.
- Inibidores da Bomba de Prótons (IBP): Embora o sangramento varicoso não seja primariamente ácido-dependente, IBP IV são frequentemente incluídos.
5. Encaminhamento Urgente para Tratamento Específico
Após estabilização, o paciente deve ser encaminhado urgentemente para Endoscopia Digestiva Alta (EDA), idealmente nas primeiras 12 horas. A EDA é diagnóstica e terapêutica, permitindo hemostasia, preferencialmente por ligadura elástica das varizes esofágicas. Casos refratários podem necessitar de terapias de resgate como o balão de Sengstaken-Blakemore ou TIPS (Shunt Portossistêmico Intra-hepático Transjugular).
Controlando a Hemorragia: Terapias Hemostáticas Específicas
Para controlar efetivamente o sangramento varicoso ativo, uma combinação de terapias farmacológicas e endoscópicas é crucial. Estas intervenções, iniciadas precocemente conforme o protocolo de manejo, visam cessar a hemorragia e estabilizar o paciente.
Ação Rápida com Fármacos Vasoconstritores: Reduzindo a Pressão para Conter o Fluxo
O tratamento farmacológico, iniciado imediatamente após a suspeita de hemorragia varicosa, reduz o fluxo sanguíneo para o sistema portal e a pressão nas varizes.
- Terlipressina: Considerada a droga de primeira escolha, é um análogo sintético da vasopressina com perfil de segurança cardiovascular aprimorado. Demonstra não apenas controle do sangramento, mas também redução da mortalidade. A dose usual é de 2 mg IV em bolus, seguida de 1 a 2 mg a cada 4 horas, por 2 a 5 dias. Cautela em pacientes com doença arterial coronariana significativa.
- Somatostatina e Octreotide: Alternativas valiosas, especialmente se a terlipressina não estiver disponível ou em pacientes com alto risco cardiovascular. Promovem vasoconstrição esplâncnica, mas não demonstraram o mesmo impacto na redução da mortalidade que a terlipressina. Administrados por 2 a 5 dias.
- Vasopressina: Não é mais recomendada devido a significativos efeitos colaterais cardiovasculares e em outros órgãos, podendo aumentar a mortalidade.
A Intervenção Endoscópica: Precisão no Diagnóstico e Tratamento
A Endoscopia Digestiva Alta (EDA), realizada idealmente dentro de 12 horas (até 24 horas) após a estabilização, é diagnóstica e terapêutica.
As principais técnicas endoscópicas incluem:
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Para Varizes Esofágicas:
- Ligadura Elástica: É o tratamento endoscópico de escolha. Consiste na colocação de anéis de borracha na base das varizes, estrangulando-as e levando à sua obliteração. É preferida pela menor taxa de complicações e maior eficácia na erradicação comparada à escleroterapia.
- Escleroterapia: Injeção de uma substância esclerosante (ex: oleato de etanolamina) nas varizes. Alternativa na hemorragia aguda se a ligadura não for factível, mas com maior risco de complicações (dor torácica, febre, ulcerações, estenoses).
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Para Varizes Gástricas:
- A injeção de cianoacrilato (cola biológica) diretamente nas varizes é o tratamento endoscópico de primeira linha, especialmente para as do fundo gástrico. O cianoacrilato polimeriza em contato com o sangue, obliterando o vaso.
- Ligadura elástica e escleroterapia tradicional são geralmente menos efetivas para a maioria das varizes gástricas.
Após o Sangramento: Estratégias de Profilaxia Secundária e Acompanhamento Contínuo
Superado o episódio agudo de hemorragia varicosa, o foco se desloca para a profilaxia secundária, essencial para prevenir o ressangramento, que possui risco significativamente elevado. A abordagem padrão ouro é a combinação de terapia farmacológica com terapia endoscópica.
Terapia Farmacológica: O Papel dos Betabloqueadores Não Seletivos
Os betabloqueadores não seletivos (BBNS), como propranolol, nadolol e carvedilol, são a pedra angular. Eles reduzem a pressão portal, diminuindo o risco de novo sangramento.
- São introduzidos após a estabilização do episódio agudo, geralmente a partir do sexto dia.
- Seu uso é contínuo, e a dose é ajustada individualmente.
Terapia Endoscópica: Erradicando as Varizes
Paralelamente aos BBNS, a terapia endoscópica visa erradicar as varizes esofágicas.
- Ligadura Elástica Seriada: Método endoscópico de escolha. Múltiplas sessões (a cada 2-4 semanas) são realizadas até a erradicação completa das varizes.
- Escleroterapia Endoscópica: Não é a primeira escolha para profilaxia secundária devido a um perfil de efeitos adversos potencialmente maior e menor eficácia na prevenção de ressangramento a longo prazo comparada à ligadura combinada com BBNS.
Acompanhamento Contínuo e Adesão ao Tratamento
O sucesso da profilaxia secundária depende de:
- Consultas médicas periódicas: Para monitorar, ajustar doses e avaliar necessidade de novas intervenções.
- Endoscopias de vigilância: Para detectar precocemente o ressurgimento de varizes.
- Adesão à medicação: O uso contínuo dos BBNS é essencial.
- Mudanças no estilo de vida: Como abstinência de álcool e manejo de comorbidades.
Minimizando Riscos Adicionais: Profilaxia de PBE e Outras Infecções
Além do controle direto do sangramento e da prevenção de recidivas, um aspecto crítico no manejo de pacientes com hemorragia varicosa, especialmente os cirróticos, é a prevenção de complicações infecciosas, notadamente a Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE). Pacientes neste cenário têm risco elevado de infecções bacterianas, que podem agravar o quadro, aumentar o risco de ressangramento e elevar a mortalidade.
A PBE é uma infecção do líquido ascítico. Durante uma HDA varicosa, fatores como translocação bacteriana (passagem de bactérias do intestino para a corrente sanguínea), alterações na microbiota intestinal e a própria hipovolemia comprometem as defesas do organismo. Infecções podem, por sua vez, piorar a hipertensão portal.
Dada a gravidade, a antibioticoprofilaxia é uma medida fundamental e obrigatória em todos os pacientes cirróticos com HDA varicosa.
Indicações e Regimes Comuns:
A profilaxia antibiótica deve ser iniciada assim que se suspeita ou confirma a HDA varicosa, com duração padrão de 7 dias:
- Ceftriaxona Intravenosa:
- Dose: Geralmente 1g administrado uma vez ao dia.
- Indicação: Escolha preferencial para pacientes com cirrose avançada (Child-Pugh B ou C), sangramento ativo e grave, impossibilidade de via oral, ou em hospitais com alta prevalência de resistência a quinolonas.
- Quinolonas Orais (Norfloxacina):
- Dose: 400 mg administrados duas vezes ao dia.
- Indicação: Para pacientes mais estáveis, com cirrose menos avançada e capazes de tolerar medicação oral.
Benefícios da Antibioticoprofilaxia:
Demonstrou consistentemente:
- Redução significativa na incidência de PBE e outras infecções.
- Diminuição do risco de ressangramento precoce.
- Melhora na sobrevida global.
Embora os betabloqueadores sejam essenciais na profilaxia primária e secundária, seu uso pode ser contraindicado ou necessitar de suspensão temporária durante um episódio agudo de PBE ou na presença de síndrome hepatorrenal, devido ao risco de piora da disfunção circulatória. A decisão deve ser individualizada.
A hemorragia varicosa é, sem dúvida, um desafio complexo na medicina, exigindo uma abordagem multifacetada que abrange desde a identificação precoce de riscos até o manejo intensivo de crises e a prevenção contínua de recidivas e complicações. Esperamos que este guia tenha fornecido uma visão clara e abrangente sobre as causas, os métodos de profilaxia primária e secundária, o protocolo de tratamento do sangramento ativo e a importância da prevenção de infecções associadas. O conhecimento é uma ferramenta poderosa, e estar bem informado sobre a hemorragia varicosa é o primeiro passo para um melhor prognóstico e qualidade de vida.
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