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Estudo Detalhado

Pólipos Endometriais e Hiperplasia: Diagnóstico Preciso e Tratamento com Histeroscopia

Por ResumeAi Concursos
Ponta de histeroscópio focada em um pólipo endometrial para diagnóstico e tratamento.

Sangramento uterino anormal ou um achado inesperado em um ultrassom podem gerar muitas dúvidas e ansiedade. O que é um pólipo? O que significa "hiperplasia endometrial"? E, mais importante, qual o risco real? Este guia foi elaborado para responder a essas perguntas de forma clara e direta. Nosso objetivo é fornecer um roteiro confiável que desmistifica essas condições, explicando a diferença crucial entre elas, o motivo pelo qual a hiperplasia exige atenção especial, e por que a histeroscopia se consolidou como o padrão-ouro para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz. Acompanhe-nos para entender cada etapa, da suspeita à solução.

Entendendo o Endométrio: O Que São Pólipos e Hiperplasia?

Para compreendermos as condições que afetam o útero, é fundamental começar pelo seu protagonista interno: o endométrio. Este tecido dinâmico, que reveste a cavidade uterina, responde ciclicamente aos hormônios, preparando-se para uma possível gravidez. Quando esse equilíbrio é perturbado, podem surgir alterações como os pólipos e a hiperplasia.

O Que São Pólipos Endometriais?

Os pólipos endometriais são crescimentos localizados e bem definidos que se projetam a partir da superfície do endométrio, como pequenas "verrugas" ou projeções digitiformes para dentro da cavidade uterina.

  • Composição: São formados por glândulas, estroma (tecido de sustentação) e vasos sanguíneos. A grande maioria é benigna, mas existe um raro potencial para transformação maligna.
  • Estímulo Hormonal: Seu desenvolvimento está intimamente ligado ao estímulo estrogênico. Fatores que aumentam a exposição a este hormônio, como o uso de tamoxifeno, são considerados fatores de risco para sua formação.

O Que é Hiperplasia Endometrial?

Diferente do crescimento localizado dos pólipos, a hiperplasia endometrial é caracterizada por um espessamento difuso de todo o revestimento uterino. Trata-se de uma proliferação excessiva das células endometriais, marcada por um aumento na quantidade de glândulas em relação ao estroma. Assim como os pólipos, é uma resposta a um estímulo estrogênico prolongado e sem a oposição adequada da progesterona.

Sintomas em Comum e Diferenças Cruciais

Tanto os pólipos quanto a hiperplasia são causas importantes de Sangramento Uterino Anormal (SUA), manifestando-se como menstruações muito intensas, sangramento entre os períodos ou sangramento após a menopausa. No entanto, é crucial notar que ambas as condições podem ser completamente assintomáticas, sendo muitas vezes descobertas acidentalmente durante exames ginecológicos de rotina.

A principal diferença reside em sua natureza: o pólipo é um crescimento focal, enquanto a hiperplasia é um espessamento global do tecido.

O Sinal de Alerta: Por Que a Hiperplasia Endometrial Requer Atenção?

Enquanto um pólipo endometrial é frequentemente uma lesão benigna, o diagnóstico de hiperplasia endometrial acende um sinal de alerta. Isso ocorre porque a hiperplasia é reconhecida como uma lesão precursora do câncer de endométrio, a neoplasia ginecológica mais comum em países desenvolvidos.

A hiperplasia endometrial existe em um espectro de risco, classificado pela presença ou ausência de atipias celulares (alterações anormais nas células):

  • Hiperplasia sem Atipia: Caracteriza-se por um aumento no número de glândulas, mas as células mantêm uma aparência normal. O risco de progressão para câncer é consideravelmente baixo (cerca de 1%).

  • Hiperplasia com Atipia (Neoplasia Intraepitelial Endometrial - EIN): Aqui reside o verdadeiro ponto de atenção. Esta condição, também chamada de Neoplasia Intraepitelial Endometrial (EIN), é a principal lesão precursora do câncer de endométrio. A presença de atipia significa que as células já exibem alterações semelhantes às encontradas no câncer, com um risco de progressão estimado entre 8% e 29%. Em muitos casos, um câncer já pode coexistir com a área de hiperplasia atípica no momento do diagnóstico.

Portanto, diante de um espessamento endometrial ao ultrassom, especialmente em pacientes com sangramento na pós-menopausa, a investigação aprofundada é mandatória. A hiperplasia com atipia representa uma janela de oportunidade crucial para a intervenção, permitindo o tratamento antes que uma lesão maligna invasiva se desenvolva.

Do Sintoma ao Diagnóstico: Como a Investigação é Feita?

A jornada diagnóstica geralmente começa com um sintoma (como sangramento anormal) ou um achado em um exame de rotina, progredindo de métodos menos invasivos para os mais precisos.

  1. A Primeira Pista: Ultrassonografia Pélvica O ponto de partida é, na maioria das vezes, a ultrassonografia pélvica transvaginal. O exame pode revelar um espessamento do endométrio, sugestivo de hiperplasia, ou mostrar imagens que indicam a presença de uma formação polipoide.

  2. Refinando a Imagem: A Histerossonografia Para uma visão mais clara, a histerossonografia pode ser solicitada. Neste ultrassom, uma solução salina é infundida no útero, expandindo a cavidade e permitindo uma excelente delimitação de lesões como pólipos.

  3. O Padrão-Ouro: Histeroscopia Diagnóstica com Biópsia A ultrassonografia prepara o terreno para a histeroscopia diagnóstica, o método definitivo para avaliar a cavidade uterina. Uma microcâmera (histeroscópio) é inserida através do colo do útero, permitindo a visualização direta do endométrio em alta definição.

    Aqui reside um ponto crucial: a visualização por si só não é suficiente. É fundamental a realização de uma biópsia, que consiste na remoção de um fragmento do tecido suspeito. A análise histopatológica da biópsia é a única forma de confirmar o diagnóstico, diferenciar um pólipo benigno de uma hiperplasia (simples, complexa ou com atipias) ou até mesmo de um câncer endometrial. É essa análise que guiará o tratamento de forma segura e eficaz.

Decidindo a Melhor Conduta: Observar ou Tratar?

Uma vez que a investigação aponta para um pólipo endometrial, a próxima pergunta é: o que fazer a respeito? A decisão entre observar ou remover cirurgicamente depende de múltiplos fatores.

A Conduta Expectante: Observação Atenta

Em casos de pólipos pequenos (geralmente < 1,0 cm) e assintomáticos, especialmente em mulheres na pré-menopausa, a observação pode ser a melhor abordagem. Estudos mostram que eles podem regredir espontaneamente, e o risco de malignidade é extremamente baixo. A conduta consiste em seguimento com ultrassonografias periódicas.

Quando a Remoção Cirúrgica é Indicada?

A exérese do pólipo por histeroscopia é o tratamento de escolha nas seguintes situações:

  • Presença de Sintomas: Este é o principal motivo. Pólipos que causam sangramento uterino anormal devem ser removidos para resolver o sintoma e permitir o diagnóstico definitivo via biópsia.
  • Tamanho do Pólipo: Pólipos maiores, tipicamente com mais de 1,0 a 1,5 cm, têm um risco aumentado de abrigar células atípicas e sua remoção é geralmente indicada.
  • Status da Paciente e Fatores de Risco:
    • Pós-menopausa: A recomendação padrão é a remoção de qualquer pólipo, independentemente do tamanho, devido ao maior risco de câncer de endométrio.
    • Infertilidade: A remoção é frequentemente recomendada para mulheres tentando engravidar, pois o pólipo pode interferir na implantação do embrião.
    • Outros fatores de risco: Obesidade, diabetes ou uso de tamoxifeno podem justificar a remoção mesmo em pólipos menores.

Histeroscopia Cirúrgica: A Solução Padrão-Ouro para Remoção de Pólipos

Uma vez indicada a remoção, a histeroscopia cirúrgica é o padrão-ouro. O procedimento, conhecido como polipectomia histeroscópica, permite "ver e tratar" simultaneamente, garantindo a remoção completa da lesão sob visão direta, incluindo sua base, o que minimiza as chances de recorrência.

Este método é um avanço monumental em relação a técnicas "cegas" como a curetagem uterina (CUI), hoje considerada ultrapassada para esta finalidade por seu alto risco de remoção incompleta. A polipectomia histeroscópica oferece duas vantagens cruciais: a resolução dos sintomas e a obtenção de material para a análise anatomopatológica, que fornece o diagnóstico definitivo.

O Que Não Fazer: Abordagens Inadequadas

É fundamental saber que certas práticas não são eficazes ou seguras para pólipos:

  • Eletrocauterização do Pólipo: Este método queima e destrói o tecido, impedindo a sua análise histopatológica, que é um passo indispensável.
  • Tratamentos Medicamentosos: Terapias hormonais com progestagênios ou análogos do GnRH não são indicadas como tratamento primário para pólipos endometriais.

Após o Tratamento: Acompanhamento e Casos que Exigem Histerectomia

A conduta após a histeroscopia depende crucialmente do resultado da análise anatomopatológica. Se um pólipo benigno é removido, o acompanhamento periódico é suficiente para monitorar recorrências.

No entanto, se a biópsia revela hiperplasia endometrial com atipia ou um câncer de endométrio, a abordagem precisa ser mais definitiva. Nesses casos, a histerectomia (remoção cirúrgica do útero) é o tratamento padrão-ouro.

É vital entender um princípio inegociável:

A histerectomia é um procedimento terapêutico, e não diagnóstico.

Isso significa que a decisão de remover o útero só deve ser tomada após a confirmação inequívoca da doença por meio de uma biópsia. Realizar uma histerectomia baseada apenas em suspeita é uma conduta inadequada.

Quando um pólipo já se apresenta como maligno, o tratamento depende do nível de invasão. Se o câncer está restrito à cabeça do pólipo, a polipectomia pode ser suficiente. Contudo, se há invasão da base ou do endométrio adjacente, a histerectomia se impõe como tratamento oncológico, podendo incluir a remoção de linfonodos (estadiamento cirúrgico), um procedimento reservado para o câncer invasor, e não para a hiperplasia atípica.


Compreender a jornada desde o primeiro sintoma até o tratamento definitivo é essencial para a saúde da mulher. A distinção entre pólipos e hiperplasia, o reconhecimento dos sinais de alerta e o papel central da histeroscopia com biópsia são os pilares para uma conduta segura e eficaz. A mensagem principal é clara: a investigação precisa precede qualquer decisão terapêutica. A análise histopatológica não é opcional, mas sim a bússola que guia o melhor caminho a seguir, garantindo que tratamentos definitivos, como a histerectomia, sejam indicados apenas quando estritamente necessários.

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