Seu primeiro plantão na emergência. Chega um paciente com dor abdominal intensa, de início súbito. O preceptor olha para você e pergunta: "E aí, doutor(a), qual a sua hipótese?" No universo do abdome agudo, essa cena é um clássico. E entre as várias causas, uma é a estrela (ou vilã) do centro cirúrgico: a apendicite aguda.
Este guia é o seu mapa para navegar nesse cenário. Vamos decifrar os sinais e sintomas da apendicite, transformando a teoria em prática para você diagnosticar com mais confiança e precisão.
Aprofunde seus estudos para Residência Médica com nosso método dos Resumos Reversos!
O ResumeAI Concursos analisa milhares de questões para criar Resumos Reversos através de uma análise sistemática das questões de provas anteriores, utilizando metodologia de engenharia reversa. Estude de forma inteligente e direcionada com nossos Resumos Reversos, Questões Comentadas e Flashcards.
🎯 Otimize sua Preparação!O Que é o Abdome Agudo e Por Que o Diagnóstico é um Desafio?
Abdome agudo não é um diagnóstico, mas sim um sinal de alerta. É o termo que usamos para uma dor abdominal forte que aparece de repente, indicando que algo sério pode estar acontecendo e precisa de avaliação imediata.
O grande desafio? A dor abdominal é um sintoma comum a dezenas de condições. A sua missão é atuar como um detetive, usando o raciocínio clínico para diferenciar uma apendicite de:
Colecistite aguda
Pancreatite aguda
Diverticulite aguda
Obstrução intestinal
Gravidez ectópica rota (em mulheres)
E muitas outras...
Errar ou demorar no diagnóstico pode levar a complicações graves, como uma peritonite. Por isso, uma abordagem sistemática é fundamental.
Os 3 Pilares do Diagnóstico Inicial
Para não se perder, ancore sua investigação em três pilares:
1. Anamnese de Mestre: Converse com o paciente. Entenda a história da dor: onde começou, se mudou de lugar, como é a dor, o que melhora ou piora. Pergunte sobre febre, náuseas, vômitos e alterações intestinais.
2. Exame Físico Focado: Avalie os sinais vitais e vá direto ao ponto: o abdome. Use a sequência: inspeção, ausculta, percussão e palpação. Procure por distensão, rigidez e, principalmente, sinais de irritação peritoneal.
3. Exames Complementares Inteligentes: Peça exames para confirmar sua suspeita. Hemograma, PCR, amilase, lipase e beta-HCG (em mulheres) são um bom começo. Na imagem, a ultrassonografia é um ótimo primeiro passo, mas a tomografia computadorizada é o padrão-ouro para muitos casos de dúvida.
Apendicite Aguda: Desvendando o Inimigo Nº 1 do Cirurgião
A apendicite é a inflamação do apêndice vermiforme e a principal causa de cirurgia de emergência no abdome. Acontece mais em jovens, entre 10 e 30 anos, mas ninguém está imune.
A Causa do Problema: A Teoria da Obstrução
Pense no apêndice como uma pequena rua sem saída. A apendicite quase sempre começa quando essa rua é bloqueada. O culpado mais comum?
Em adultos: Um fecalito (uma pequena massa de fezes endurecidas).
Em crianças: Hiperplasia linfoide (um "inchaço" do tecido de defesa).
Quando o apêndice fica obstruído, o muco se acumula, a pressão interna dispara, as bactérias se multiplicam, e a parede do órgão começa a sofrer, inflamar e morrer (isquemia e necrose). Se perfurar, o desastre está feito: peritonite.
O Quadro Clássico que Você Precisa Dominar
O diagnóstico é, muitas vezes, clínico. Fique atento a esta sequência de eventos:
1. A Jornada da Dor (A Migração Clássica)
A dor é a protagonista e segue um roteiro típico em mais da metade dos casos:
Início (Dor Visceral): Começa como uma dor chata, mal localizada, na região do umbigo ou estômago.
Evolução (Dor Parietal): Em 4 a 6 horas, a dor "caminha" e se instala de forma intensa e pontual na fossa ilíaca direita (FID), sobre o famoso ponto de McBurney.
2. Sintomas que Acompanham a Dor
Anorexia: A perda de apetite é um sinal muito forte. Muitos dizem: "dor com fome não é apendicite".
Náuseas e Vômitos: Geralmente surgem depois do início da dor.
Febre Baixa: Tipicamente entre 37.8°C e 38.5°C.
3. Sinais ao Exame Físico: As Manobras que Confirmam a Suspeita
Esses são os sinais clássicos de irritação peritoneal que você deve procurar ativamente:
Dor à palpação no ponto de McBurney: O achado mais consistente.
Sinal de Blumberg Positivo: Dor intensa à descompressão brusca na FID. É o sinal mais famoso de peritonite localizada.
Sinal de Rovsing: Palpar a fossa ilíaca esquerda causa dor na direita.
Sinal de Dunphy: A dor na FID piora muito quando o paciente tosse.
Sinal do Psoas: Dor ao estender a coxa direita do paciente. Sugere um apêndice em localização retrocecal.